Foi tudo acontecendo lentamente na vida de Arabella Heather Cameron.
O namorado mais velho Steve Harrington terminou o relacionamento de 3 anos e no outro dia mostrou que Nancy Wheeler estava na jogada. A partir daí sua realeza caiu, seus amigos de...
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Arabella Heather Cameron - Hawkins, Indiana.
Meus olhos já estavam abertos a alguns minutos, eu ouvia o som de "bipi" bem longo e frequente, minha visão estava melhor agora eu estava concentrada no ventilador de teto refrigerando o quarto do laboratório, estava silencioso mas eu sentia uma presença no quarto, era quase inaudível mas estava lá. Desde os doze anos sei quando meu pai está em algum lugar sendo silencioso, eu aprendi a ouvi-lo e observá-lo, aliás uma garota quando não é bem vista e tratada pelo pai ela se torna carente pela presença e aprovação dele, e bem... eu não tinha nenhum dos dois. Eu sempre soube que Charlie era especial, sempre soube que ele era forte, frio e racional igual ao meu pai e igual ao um filho que ele sempre quis e eu nunca atendi as expectativas como ele sempre dizia.
Você é uma garota.
Você não é forte.
Você não é especial
Você não é o Charlie
Eu cresci ouvindo essas quatro frases que nunca saíram da minha mente, tudo que eu fiz até hoje foi para ele aprovar, notas altas, currículo impecável para faculdade, sempre mantendo meus amigos longe da minha casa porque ele não gostava, eu fazia tudo que ele pedia muito ao contrário de Charlie, e mesmo assim ele sempre atendeu as expectativas.
—Sei que está aí -Falei virando minha cabeça para o lado vendo o homem que se dizia meu pai ao lado da minha maca sentado em uma cadeira com uma prancheta, seu uniforme e postura perfeita.
O perfume forte amadeirado também denunciava que meu pai estava na sala, a loção pós barba que ele sempre usava, eu aprendi a observar meu pai desde que soube que nunca fui o suficiente para ele.
Papai nunca dizia isso mas sempre demonstrava.
—Sei disso, estava dando o seu tempo -Ele se levantou da cadeira me olhando de braços cruzados —Como se sente? -Ele perguntou pegando a prancheta e a caneta.
—Com dor de cabeça -Dei de ombros olhando para o soro em meu braço —Porque está aqui? -Perguntei logo de uma vez e ele veio mais perto da minha maca.
—Arabella não temos muito tempo -Ele olhou para o relógio de pulso e depois voltou para mim —Eu estou morto, sua mãe está morta, não estamos viajando nós não vamos viajar -Ele disse sério e frio e meus olhos arregalaram —Sei que sabe onde a garota está e quero que me diga, ela é um risco para a humanidade -Eu tentei me sentar na cama apoiando no meu travesseiro.
—Espera, deixa eu ver se entendi -Falei em choque —Você foi embora sem nenhuma explicação e me esqueceu na porra da nossa casa, você e a mamãe me deixaram sem nenhuma explicação e agora você vem com essa de que vocês dois morreram? Não cola essa desculpa, você me fez agora lide com isso, a desculpa de morto? Não funciona comigo -Falei irritada enquanto minhas lágrimas desciam.
