CAPÍTULO 33

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                                         •Lizzie•

   Eu sinto a fumaça começando a entrar em meu pulmão e forço ele a aguentar que consiga me fazer respirar, preciso correr, preciso fazer algo. Tudo aqui é de madeira e a água mais perto é um lago que mal sabem onde fica. Chego na minha cabana vejo a mala da espada que Zara me deu e minha bolsa com todos meus pertences preciosos, eu não tenho como pegar a bolsa então pego o diário de meu pai e coloco embaixo da minha cama e pego a espada que faço virar apenas um punhal e volto a correr, em direção ao fogo, em direção ao caos, os gritos ecoam para todo lado, pessoas pedindo socorro, ordens dos generais se embaralham em minha mente como um grande nó. Vejo Edward com o Erick e a Adora, não vejo Zara em lugar algum mas não tô preocupada com isso, eu me preocupo com as chamas que esquentam o lugar e com o deito que se espalha cada vez mais. Então percebo que minha arma é inútil, meu esforço foi inútil, não posso fazer nada então fico paralisada com aquela imagem, o jeito como aquilo me aterrorizava, eu amava as chamas das fogueiras que faziam mas isso parecia que podia ser tão mortal quanto a guerra, tão mortal quanto qualquer arma, uma coisa que está fora do controle de qualquer um, as chamas me esquentam e me sinto minha testa molhada de suor.

   Sinto algo me puxando pelo braço, é o Louis, o general está me puxando para meus amigos ele me joga neles quando chegamos perto, seu olhar está furioso, está suado também, em desespero vejo ele fechando os punhos para não tremer.

   – Vão para longe daqui todos vocês! Você garota do castelo, a princesa Zara e os guardas dela foram para o carro aconselho ir para eles antes que fique presa aqui – Diz ele em um tom alto.

   – É melhor eu ir, se cuidem… Irei mandar cartas prometo… – Diz Adora.

   Dá para vê que ela não quer ir embora, não em um momento como aquele, mas ela segura a saia dela e sai correndo e o General fica nos olhando querendo que façamos o mesmo. Nós três saímos correndo seguro o diário de meu pai contra minha barriga para não cair da minha camisa, guarda minha lâmina em minha cintura e corro na frente dos rapazes, porém o que antes se tornou apenas uma forma de me afastar do fogo se torna algo mais, me sinto pegando fogo, minhas pernas doem e eu não consigo parar, quando percebo já estou chorando, chorando por tudo o que aconteceu, a morte de meu pai, eu ter que abandonar minhas duas melhores amigas, ir para a guerra, ter terminado com o Ed, tudo pegando fogo. Sinto como se o fogo estivesse logo atrás de mim e mesmo sabendo que não está nem perto eu corro cada vez mais, ouço a voz do Erick e do Ed pedindo para eu esperar mas não consigo parar, corro até não conseguir mais, minhas lágrimas caem tão rápido quanto eu corro, o ar frio da noite começa a bater em meu corpo, ouço os bichos da noite em minha volta mas eles parecem distantes, tudo parece distante, como se agora fosse apenas eu e o medo que tomou conta de mim.

   Eu vejo uma bela vista conforme vou correndo cada vez mais, um castelo, mas não o castelo qual morei, um castelo mais brilhante, talvez até maior, em cima de uma montanha enorme, e pela colina vejo casas pequenas iluminadas, tudo em volta de um grande muro, onde estou? É a única coisa que passa pela minha cabeça além do fogo, porém começo a pensar, uma visão daquelas só poderia ser do alto, então devia ter uma montanha ali mas não me lembro de subir tanto e então percebo a outra coisa que pode ser é um penhasco e quando percebo é tarde, já estou pisando na ponta do penhasco pronta para dar mais um passo em direção a morte certa, me distrai com a imagem do castelo e da pequena vila que não olhei para minha frente, minha visão embaçada pelas lágrimas não me ajuda, estou pronta para morrer? Não, sinto o desespero percorrer meu corpo, não quero morrer, não desse jeito. Penso que logo irei sentir como é cair em queda livre porém algo me impede, mas quem? Os garotos estavam muito longe de mim, então percebo um forte braço agarrando minha cintura, alguém me segurou, alguém me salvou, e quando olho para meu salvador vejo um par de olhos azuis, mas não eram de Erick, os olhos pareciam ser de uma pessoa tão alta quanto Ed, e me olham não de um jeito preocupado ou de alívio por ter conseguido me salvar mas de curiosidade.

Tudo acaba em guerra [Finalizado]Onde histórias criam vida. Descubra agora