Words

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"A vida é cheia de mudanças. Às vezes elas são dolorosas, outras vezes são lindas, e na maioria das vezes, ambas as coisas." - Smallville

E então ele me bateu. Sua mão atingiu minha bochecha com tamanha força, mas não deixei que meus pés saíssem do lugar. Respirei fundo, prestes a sair de perto daquele mostro.

"Você se mantenha bem longe de mim." Sussurrei, mas não olhei nos seus olhos. Me deixaria muito fraca.

Corri pelo corredor na esperança de encontrar alguém conhecido. Já havia passado da porta da Penelope, e não fazia a mínima ideia de onde ficava os quartos dos outros agentes. Só me restava correr.

Eu queria apagar aquela cena da minha mente. Excluir tudo que aconteceu hoje. Não suporto que duvidem de mim, inclusive dessa maneira escrota. Eu sabia que era o trabalho deles, eu tinha consciência. Precisavam testar todas as chances. Pesquisar feito loucos. Mas era apenas eu. O que eu poderia fazer, de madrugada, encarando um serial killer na minha frente?

Eu não faço a mínima ideia de como fazer com que eles acreditem em mim. Não tem como eu manter contato com um serial killer que quer me matar! Duvidar de mim é.... é... Tolice! Se eu pudesse me manter mais longe possível dessas pessoas, eu me manteria. Quer dizer, não só do Spencer, mas de todos. Da Penn, da JJ, do Rossi, do Morgan... mas não é questão de querer. É como se eu fosse obrigada a me manter ali, e suportar todos os tipos de duvidas que eles terão de mim. Afinal, isso pode custar a minha vida. Mas do que mesmo ela importa?

Apertei várias vezes o botão do elevador, e quando ele veio, entrei como um vulto. As duas pessoas que lá se encontravam me olharam estranho, mas depois me ignoraram. Segurei as lágrimas porque eu não iria chorar na frente de qualquer pessoa. Quando a porta se abriu na recepção, eu caminhei, me segurando pelas paredes, até um sofá lá próximo. Suspirei fundo enquanto sentia uma onda de incógnitas me atingir por completo. Eu não poderia subir lá e encarar Reid novamente, e não quero ter que contar para alguém o que aconteceu. Eu só poderia ligar para a minha terapeuta e conversar, depois pedir por outro quarto ou... Passear por New York.

[...]

Eu não conhecia totalmente a New York. Só sabia de alguns cantos por conta das "reuniões mensais" do clube no qual mamãe participa. As pessoas se reúnem em algum restaurante chique na Broadway e conversam sobre coisas do mundo dela. Mamãe costumava nos levar lá, eu e Isabella. Passávamos algumas horas em contato com aquele povo mesquinho e depois íamos até a sorveteria 24hrs que existia perto do hotel onde nós sempre ficamos hospedadas. Naquela época era tudo diferente. Não éramos crianças também, tínhamos por volta dos 15, 16 anos. Quando nevava, Bella e eu ficávamos discutindo sobre o tempo em outros países enquanto tomávamos chocolate quente - que mamãe pensava ser chá - e entrávamos em alguns prédios abandonados para olhar a neve de cima. Eu sinto tanta falta disso.

Dobrei a terceira esquina desde que saí do hotel, e entrei em um bar chamado Rose Star. Parecia uma boate por fora, mas dentro tocava alguma música do Hozier. Sentei em um banquinho branco, de frente para o bar man, que por sinal era muito gato.

"Olá." Ele deu um sorriso cativante, e apoiou o corpo no balcão. "O que a linda moça deseja?"

"Eu desejo transar." Gargalhei um pouco. E eu nem estava alterada ainda. O cara piscou o olho e chegou mais perto. "Mas antes, eu quero uma tequila." Sorri. Ele assentiu e virou de costas para mim.

O bar estava bastante cheio. Algumas pessoas transitavam quase transando umas com as outras enquanto tentavam pegar alguma bebida ou canudo qualquer. Dei uma boa vista no local, e vi vários gatos. Alguns acompanhados de mulheres ou homens, e outros bebendo feito loucos. Os outros homens eram gordos e barbudos tomando uma cerveja. As mulheres usavam shorts curtos e bebiam cervejas.

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