Rush

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"O que me propõe, James Dean?" Sorri para o Juan, me virando para ele.

"Que tal uma corrida ilegal? Se não me engano, tem uma marcada pra hoje, aqui perto." Ele sorri também, e bebe mais um gole grande do vinho.

"Eu... Não sei, não." Respondi, e me ajustei no banco. Sempre gostei de velocidade, mas eu estava bêbada, e Juan estava bêbado. Podíamos estar acordados, mas não totalmente conscientes.

"Ué, cadê a Eliza de espírito livre e uma completa vadia louca de instantes atrás?" Juan se vira para mim, e toma a garrafa de vodka quase seca da minha mão. "Crianças como a Elizabeth atual não tomam vodka."

"Primeiro, não me chame de criança. E outra, a Eliza continua sendo a mesma."

"Você é tão baixinha que pode ser confundida com um anão de jardim."

"JUAN!" tomo a garrafa de suas mãos quando a mesma quase alcança seus lábios agora inchados.

"Falei alguma mentira?"

"A minha altura não diz ao seu respeito."

"A única coisa que não diz ao meu respeito sobre a sua linda cara e sua personalidade forte, Eliza, é o que usas por debaixo das vestes, que em instantes, serão de meu total respeito e responsabilidade." Ele fala, no mesmo tom e nas mesmas palavras cordiais.

"Em primeiro lugar, meu caro, como ousa desafiar e humilhar a minha dignidade e honradez em público, e ainda mais assim, desta maneira petulante e escrupulosa? Não tens vergonha nessa cara bonita?" Digo também no mesmo tom, enquanto lentamente subo no seu colo, e posiciono minhas mãos em seus ombros. "E depois, com que responsabilidade tomaria partido?"

"A responsabilidade de retirar de teu corpo peça por peça, enquanto brinco com seu fecho indecente de seu sutiã vermelho gentilmente, e beijo teus lábios doces como algodão doce, gelados como pedrinhas de gelo, quentes como um vulcão em erupção, e amargos como fel. " Ele morde o lábio inferior, e sua mão direita puxa o coque que havia feito em meu cabelo. "Você fica mais selvagem assim."

"Selvageria é para homens sem vergonha como você, gentil Juan. Moças castas e educadas como eu não fazem questão, muito menos tomam partido de selvageria."

"É tão sexy quando fala assim."

"Juan! Você está saindo do jogo!"

"Então a dama casta preza a baixaria de joguinhos?" Ele gargalha, mas não deixa de encarar meus olhos. "Tens belos olhos verdes, dama casta."

"Agora vejo que o senhor decidiu participar do meu jogo." Sorrio, e Juan me retribui com um de seus sorrisos falsos.

"És tão provocativa quando falas desta maneira decente, senhorita."

"Bem melhor." Sussurro em seu ouvido, e percebo os pelinhos do seu braço arrepiados. "Ora, senhor petulante! Se desejas me levar a um local inapropriado para garotas santas como eu, desejo insistentemente que o faça de uma vez. Mamãe não me deixa ficar fora até tarde." Volto ao meu banco, e arrumo meu short, que com toda essa brincadeira acabou levantando consideravelmente.

"Claro, Lolita." Juan sorri sem me encarar, e volta a acelerar o carro. Oh my God, o deus grego ao meu lado acabou de me chamar de Lolita!

[...]

O barulho de pneu+afasto pode ser ouvido dois quarteirões antes do local em que tudo ocorria. De primeira, fiquei um pouco assustada com a maneira em como o pneu rasgava contra o asfalto e barulho ensurdecedor que fazia, mas depois meus ouvidos se acostumaram e comecei a apreciar o som. Juan encostou o carro uma rua antes, e enquanto caminhávamos silenciosamente pela rua, o moreno se afastou de mim e entrou em um outro carro preto, mas com algumas tinturas irreconhecíveis, que preferi interpretar com borrões amarelos avermelhados horrorosos como obras de péssimos artistas plásticos. Esperei ao lado de um prédio escuro, provavelmente abandonado, enquanto Juan conversava com alguns amigos dele de dentro do carro. Pacientemente, observei, com dificuldade por conta da tontura e da visão distorcida, os prédios a minha volta. A rua estava completamente deserta, a não ser pelo cabide humano que aqui se encontra, o grupo nada amigável e de cabelos coloridos dos amigos sobrenaturais do Juan e o próprio. Em relação arquitetônica, somente prédios médios e cinzas, e as duas filas devastadoras de carros. Ao lado direito, carros normais - entre eles, avistei até um fusquinha vermelho - e ao lado esquerdo, o lado onde Juan se encontrava agora, diversos carros luxuosos e caros. Reparei que os carros luxuosos eram usados para as corridas ilegais. Finalmente, pelo que pareceu ser séculos, o quase-desconhecido-gostosão, mas conhecido como Juan, parou ao meu lado e destravou a porta de trás. Vagabundo.

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