Mil milhões de azul e amarelo || Ji+kook

{09} • Oh, shit!

[💙💛]

P A R K   J I M I N

   ㅡ Jimin? ㅡ Micha chama mais uma vez, enquanto meus lábios tremem e meu olhar vaga pela escuridão do quarto.

ㅡ E-eu não sabia...ㅡ Digo fraco e escuto ela dar um risada seguida de falas fúteis e desnecessárias enquanto se amostra por algo que, sinceramente, nesse momento não é grande coisa. Não faz diferença. ㅡ É...Micha? ㅡ A interrompo. ㅡ Pode não contar ao Jungkook que eu liguei?

ㅡ Será um prazer.

ㅡ Ótimo. ㅡ Desliguei e em um ataque de fúria, acabo de quebrar o celular quando o bato contra o chão.

Como ele quer que eu confie nele assim? Como eu vou desenvolver um relacionamento com um cara que nem se desfaz da ficante dele? Como que eu não vou confundir as coisas quando ele faz o favor de esfregar na minha cara as omições dele?

Algo dentro de mim dói; meu pai é tudo para mim. Ele é o cara que me defende de uma formiga ou de um alfa ruim; é o cara que me consola em noites de choro, que me faz rir com a boca cheia de pizza e suja de óleo; é o cara que me leva para tomar sorvete, que me acompanha em um dia de sexta para fazer compras, que me dá remédios quando estou doente, é o que dança comigo no meio da sala vestindo meias nos pés enquanto mamãe assiste toda boba; ele é o meu herói...ou pelo menos era.

O que aconteceu com o cara que até semana passada era meu pai?

Quando eu acho que meus sentimentos já foram ferrados o suficiente, Jungkook despedaça o último caquinho em mil pedaços bem menores.

Para ser sincero, eu não tenho raiva da Micha, eu tenho raiva dele; eu não posso a responsabilizar por algo que ele tinha que ter me dito...se Jungkook não é claro nem comigo, imagina com aquela pobre coitada.

Cansado de chorar baixo, eu me levanto com vários questionamentos na cabeça enquanto memórias são manchadas, apagadas e desconsideras pelo ódio nítido em meu olhar e rosto avermelhado.

ㅡ Abre essa porta! ㅡ Eu grito entre dentes cuspindo saliva quando tento abri-lá e a percebo trancada.

Puxo a maçaneta dourada a sacudindo e dou tapas na madeira branca, furioso.

ㅡ Isso é o que?! Um cativeiro agora?! Eu quero sair! Eu quero sair! ㅡ Grito, socando a porta com o punho fechado que fica cada vez mais avermelhado.

A porta logo é aberta por Dong-Hae, o que me faz dar passos para trás; ele me encara em silêncio e eu retribuo o olhar.

A diferença são as nuances. Enquanto ele está tranquilo eu estou prestes a cair em um choro alto e doloroso.

Tendo minha respiração fortemente desregulada e meu corpo tremendo em adrenalina, eu estouro como nunca antes: ㅡ VOCÊ ACHA QUE PODE FAZER ISSO COMIGO?! ㅡ Grito, sem entender a calma em seu rosto mesmo me vendo tão nervoso.

Me sinto com medo, pois não confio mais no homem em minha frente.

Como ele consegue se manter tão sereno depois de me fazer desmair de medo?

O silêncio é quebrado apenas pela minha respiração, pois meu pai se mantêm sério, sem expressão alguma.

ㅡ Senhora Woong está lá embaixo te esperando. ㅡ É o que diz com certo desdém, me dando as costas depois de finalizar o joguinho de silêncio e tortura psicológica divertido apenas para ele.

Eu não consigo o entender. O que houve? Não compreendo os seus motivos para fazer isso comigo. Por qual motivo ele me desrespeitou assim?! Não entra nada na minha cabeça...