O Veneno Escarlate

46 8 0
                                    

CHAPTER II ♣

17 De Maio de 1813

O VENENO ESCARLATE

WEST SUSSEX — QUINNVERLY HOUSE:

Do outro lado da porta, a Duquesa respira fundo com dificuldade, estava tão nervosa que mal conseguia inspirar corretamente. Juntando as mãos trêmulas na frente do corpo, ela aperta os olhos tentando engolir e todo e qualquer tipo de lágrimas, não pode chorar, não pode se demonstrar desesperada.

Oh como não poderia demonstrar desespero?

Estava aterrorizada, assustada e principalmente desesperada. Não viu seu bebê desde o dia em que ele nascera. Seu marido havia a trancado na mansão da viúva faltando poucas semanas para seu filho nascer, com a desculpa de que estava sendo irritante vê-la enjoada por "aí", além de que a sua visão com algum peso a mais estava o enojando, a aquela altura Sakura não se importava mais com as farpas e os insultos do marido, infelizmente havia se acostumado.

O pior era quando o marido achava que atingi-la com palavras não era mais o suficiente, não lhe tirava toda a raiva. Era então neste momento em que os vasos, as xícaras e até mesmo os pesos de papéis eram arremessados em sua direção, às vezes tinha sorte de não ser atingida, às vezes não...

Isso quando não estava completamente descontrolado e a atingia com suas próprias mãos.

Deu Graças a Deus que engravidou logo no início do casamento, no início em que ele tirou sua máscara de bom homem e se mostrou quem realmente era. Se tivesse que passar mais noites com o Duque debruçado encima de si, todo aquele horror, aquela dor... Oh, ela não saberia como continuaria viva, se suportaria ficar viva.

Até que as primeiras contrações começaram na manhã do dia 07 de Janeiro, dois meses atrás. Entrou em trabalho de parto com a ajuda de sua dama de companhia — Karin —, algumas criadas e a governanta da casa da Viúva. Disseram-lhe que Sua Graça tinha avisado que seu filho nasceria, mas ela não viu sinal algum dele até depois do parto.

Durante as longas horas de dor insuportável, agonia e medo, tudo o que Sakura pedia era que seu filho nascesse uma menina. Uma linda e bela menina que não poderia ser usada pelo Duque, uma menina que ele não se importaria de ter ao seu lado para lhe transformar em um monstro que herdaria o Ducado, que seria manipulado e maltratado para ser igual ele.

Mas quando o médico chegara — Apenas para finalizar o parto —, e lhe entregou um embrulho alegando ser um menino, Sakura sentiu a emoção mais forte que já sentira na vida.

A primeira era a felicidade, ali, simples, carregada e em toda a sua completitude. Seu bebê, seu amor, o verdeiro homem da sua vida.

A razão de seu viver.

Ele era lindo, pequenino, os tufinhos de cabelos escarlates no topo da cabecinha e o choro potente, mal havia chegado ao mundo e já estava o dominando. Mas foram poucos só segundos que teve com o filho aninhado nos braços. Logo seu marido estava entrando em seu quarto.

E a segunda emoção lhe tomou: O medo assolou Sakura dos pés e a cabeça e como se sentisse o que estava prestes a acontecer, ela segurou seu bebê com mais força, apertando o corpo pequeno contra seu peito. O Duque atravessara o quarto, ignorara a menção e reverência do médico, parando do lado da cama, o olhar sombrio e presunçoso direcionado a Sakura e então, para seu filho.

É um herdeiro. Bom trabalho.

Dito isto, o Duque simplesmente arrancou seu filho de seus braços, Sakura tentou segurar em sua roupa, gritou e suplicou para ele lhe devolver seu bem mais precioso, mas Gaara apenas lhe dera as costas e saiu do quarto com seu bebê ainda chorando. Tentou se levantar, lutar contra as criadas que se colocaram em seu caminho, mas foi tudo em vão, estava tão cansada, seu corpo frágil, que caiu no chão do meio do quarto, acordando apenas 2 dias depois.

The Scandalous Lady SakuraOnde histórias criam vida. Descubra agora