Capítulo 7 - Peça do Destino

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Nem bem amanheceu o dia, Ismênia fez sua higiene matinal e fora tomar seu café da manhã. Para sua sorte, a área de refeições estava completamente vazia e no seu habitual mau humor matinal, tudo o que mais queria era o silencio e a paz de espírito.

Em seu desejo de estar invisível, vestiu um moletom que ironicamente tinha os seguintes dizeres estampados nas costas: "ATIVADA NO MODO DRAGÃO". Com a touca do blusão na cabeça, serviu-se de pão, ovos mexidos com bacon, frutas, suco e sentou-se num canto para comer e ler as notícias através de seu celular.

No feed de seu Instagram apareceu a propaganda de um chalé rustico, com uma vista incrível, num local montanhoso e isolado e de acordo com a meteorologia, com possibilidade de ver neve na madrugada e o melhor de tudo com um preço bastante acessível.

Aquele parecia ser o lugar perfeito para ter paz e tranquilidade, para poder acalmar seu coração tão revolto.

Ter Christiane tão perto, ainda que em situação de pé de guerra, trouxera à tona tantos sentimentos que ela acreditava não sentir mais, tantas lembranças que jurava ter esquecido. Como pensar em algo com alguém que tinha certeza de que jamais a olharia como uma mulher? Dar murros em pontas de facas não fazia nem de longe o perfil de Ismênia e por isso, a solução para cortar o mal pela raiz, era se manter longe do problema, daquilo que lhe causava aborrecimentos.

Impulsivamente entrou em contado com a locadora do imóvel e para sua sorte estava vago. Em questão de minutos fizera toda a transação e mal havia desligado o celular, quando a sua frente estava a causadora de todos os seus infortúnios.

As duas se olharam intensamente, e mutuamente sentiram um choque percorrer lhes pelas espinhas e claro que nenhuma daria o braço a torcer e fazer algum gesto ainda que mínimo de aproximação, pelo contrário, mesmo sem abrirem a boca, a troca de farpas através de olhares era evidente. Sentadas em cantos opostos, não deixavam de se olhar, mesmo sabendo que não iriam conversar. As duas se quer se cumprimentaram, uma vez que não havia outras pessoas por ali, somente elas.

Num impulso, Ismênia se levantou e foi em direção ao seu quarto. Rapidamente arrumou a mochila, seu kit de primeiros socorros, pois tinha a intensão de fazer trilha e o local para onde iria era propício para isso.

Mandou mensagens para Julia, a chamando para ir até seu quarto, e assim que a amiga entrou, comunicou seu intento em ir viajar e que ficaria dois ou três dias fora.

JULIA: Nossa mana, você é uma sagitariana raiz! Então de repente em 5 minutos a senhorita resolve simplesmente fugir para as montanhas? Tá com medinho, hein Brega, de cair em tentação?

ISMENIA: Para de ser louca garota. Não estou fugindo, tão menos com medo, apenas quero explorar novos lugares e gostaria muito que fosse comigo, mas entendo que está numa vibe muito legal com a Antonelli, toda boiolinha e te dou a maior força, sabe disso, só que preciso mesmo mana respirar outros ares. Quem sabe você não a arrasta para ir com a gente. Prometo que não vou atrapalhar a dança do acasalamento do casalzinho. – Provocou, recebendo uma travesseirada da amiga em resposta de desaprovação.

JULIA: E você acha mesmo que a Gio iria me acompanhar num lugar como esses? Uma mulher tão rica e sofisticada, num chalé rústico no meio do nada!

ISMENIA: Ai Julia, não faça julgamentos precipitados. Você nem se quer a convidou ainda e já está respondendo por ela. Sei que a Antonelli está aqui a trabalho, mas de repente ela pode fazer um bate e volta. Vamos amiga, o lugar é tão lindo.

JULIA: Realmente, o chalé é incrível. Se você e a Torloni não fossem tão turronas, estaríamos indo em dois casais. Imagina que belezinha, nós agarradinhas as nossas consagradas, tomando um bom vinho de frente para a lareira.

TRETAS NO PARAÍSOOnde histórias criam vida. Descubra agora