TRETAS NO PARAÍSO

Capítulo 13 - Uma Simples Constatação

Dessa vez quem havia assumido o volante fora Ismênia, pois precisava manter o seu foco em alguma coisa que não fosse aquela dança que a deixara completamente perturbada. Nunca imaginou que pudesse ter sido tão ousada diante de tantas pessoas. Olhava para Christiane ao seu lado que parecia não estar nem um pouco preocupada, pelo contrário, tinha um sorriso enigmático nos lábios ao mesmo tempo em que cantarolava a música que dançaram juntas e isso fez com que a mais nova relaxasse e se entregasse para o que estava por vir.
"O que não tem remédio, remediado está Ismênia!"
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Em mais uma noite insone, Christiane se encontrara imersa em um turbilhão de sensações. Ismênia passara a ser presença constante em seus pensamentos, na verdade desde que a conheceu não teve um único dia em que não pensou na jovem, mas agora a vontade de estar mais próxima, o desejo imperava e no quanto se sentira bem ao seu lado.

Se perguntava o tempo todo como seria estar de fato em seus braços, sentir o seu beijo, a textura de sua pele e além dessas, outras tantas perguntas pairavam em sua cabeça e seu coração.

Após seu último relacionamento com um amigo da sua equipe durante todo o processo de produção de seu filme, Amazônia, o Despertar da Florestania, jurou a si mesma que jamais se envolveria com alguém novamente, por acreditar que seu tempo para romances e relacionamentos já tivesse passado. A relação anterior não foi ruim, porém não era alguém que fazia seu coração vibrar, que fosse capaz de lhe despertar paixão, bem diferente do que Ismênia lhe causava e isso a assustava.

Todos os momentos em que estavam próximas seu corpo todo respondia e enquanto dançaram, uma onda de calor a invadira e foi difícil resistir a vontade de beijá-la na frente de todo mundo, a mesma vontade que sentia agora de ir ao sótão onde ela dormia e se perder em seus braços e entregar.

Em meio aos seus mais ardentes pensamentos, fora desperta por batidas incessantes em sua porta e não precisava ser adivinha para saber que era Giovanna do outro lado, ávida para conversar sobre o ocorrido, entrando em seu quarto feito um furacão.

GIOVANNA – Amiga sem rodeios, me conta o que foi aquilo que a Jéssica e eu vimos no restaurante? – Perguntou a queima à roupa, sentando-se com ela na cama – Aliás vamos combinar né Torloni, desde de manhã a senhorita mudou de comportamento da água pro vinho com a Ismênia.

TORLONI – Não exagera Giovanna – limitou-se a dizer, tentando encontrar argumentos para responder àquelas perguntas e afirmações.

GIOVANNA – Eu que estou exagerando? Ah...para vai Christiane, as vezes você me irrita tanto esse seu cinismo, sempre se esquivando, desconversando, mas desta vez a senhora não vai me enrolar não. Pensa que não vi sua cara desapontada quando a Ismênia não te deu um beijo de bom dia e nós duas bem sabemos o porquê, não é? Sem contar os elogios e durante nosso passeio no Farol, não tirou os olhos dela em nenhum momento e fez questão de sentar-se ao seu lado e aí pude constatar algo maravilhoso...

TORLONI – E o que será que a minha amiga tão observadora, tão perspicaz pode constatar entre duas pessoas que estavam sentadas num ponto estratégico para observar baleias.

GIOVANNA – Acorda Christiane! Você estava rindo...um riso tão espontâneo, tão contagiante, tão leve e aí me dei conta que ela foi a única pessoa capaz de te fazer sorrir, de fazer dissipar aquela sombra que a tanto tempo vinha pesando sob seus ombros, que te tirou daquela energia tão carregada.

Boquiaberta, Christiane fora incapaz de contestar a amiga, percebendo que todos os seus apontamentos eram irrefutáveis e se antes daquela conversa com a Gio já estava agitada, após, ficara mais ainda, andando de um lado para o outro, esfregando o polegar de uma mão na palma da outra.

A única coisa que conseguiu dizer num fio de voz, foi que queria ficar sozinha e assim que fechou a porta, respirou fundo e se pôs a meditar. Anos de prática em meditação e alguns exercícios de ioga a ajudavam a manter a calma.

Sabia que precisava tomar algum tipo de atitude diante daquele fato, porém não queria fazer nada de forma precipitada, que pudesse magoar alguém que até então parecia querer lhe fazer bem.