Uma boa garota - Sano Manjiro (Mikey)

Capítulo 26

Desde aquele dia eu e Manjiro não nos encontramos mais em locais públicos, contudo ele vinha me visitar em casa ou nós dois ficávamos no telefone a noite até a madrugada conversando. Manter o nosso namoro em segredo não tinha mudado tanta coisa assim em nossa rotina, mas eu sentia falta de poder sair com ele, andar de moto... Ultimamente, o loiro tem estado muito preocupado com a luta contra a Valhalla, por diversas vezes o flagrei distante e com uma expressão apreensiva. Ele, claramente, não queria lutar contra o seu amigo de infância.

_ Você precisa melhorar as suas notas em história. _ Mizuki falou enquanto olhava descontente para o resultado de uma das provas que mostrei a ele. _ E eu já te avisei sobre isso antes...

_ A minha nota nem foi tão ruim, _ falei enquanto colocava os meus pés sobre a mesa de centro, fazendo o mais velho olhar para mim com ar de reprovação _ eu fiquei bem acima da média e nas outras matérias eu estou bem melhor.

_ Queria que suas notas fossem todas iguais às de arte. _ o ruivo falou, suspirando derrotado e ainda olhando para as várias folhas de provas que estavam em sua mão.

O escritório da galeria da mamãe era amplo e decorado no estilo minimalista. Não havia tantas mobílias ou obras de arte, mas parecia que tudo estava colocado na medida certa. O piso era de uma madeira laminada branca, em um lado do ambiente havia dois sofás dispostos um de frente para o outro, separados por uma mesa de centro, o estofado do sofá era extremamente aconchegante e o móvel era revestido em um tecido claro. Do outro lado da sala estava disposta uma mesa, com linhas retas e simples, além de duas poltronas estofadas com tecido claro semelhante ao do sofá. Contrastando com a brancura das demais mobílias do ambiente a poltrona, que um dia minha mãe sentou, era de couro num tom próximo ao caramelo, uma poltrona com design assinado por Kumiko. Na parede atrás da poltrona havia um painel de madeira e, centralizado nele, uma grande fotografia em preto e branco.

Eu conhecia muito bem esse escritório, minha mãe me trouxe aqui algumas vezes e eu sempre acabava cochilando no sofá enquanto ela estava ocupada na sala de reuniões ao lado.

_ As plantas morreram? _ falei, quebrando o silêncio que havia se formado.

_ Plantas? _ Mizuki questionou um pouco confuso, mas logo o seu rosto mudou como se ele tivesse lembrado de algo. _ Ah, as plantas! Sim, elas morreram a um bom tempo e eu preferi não substituí-las por outras.

_ Entendo. _ mantive os meus olhos voltados para as grandes janelas que iam quase do piso ao teto _ E não se preocupe, vou melhorar as minhas notas.

_ Você está aérea, aconteceu alguma coisa, Pequena?

_ Hã? N-não nada. _ A verdade era que tudo estava acontecendo ao mesmo tempo e eu não tinha certeza de que conseguiria lidar com tudo. A chegada de Shinsuke, a luta entre a Valhalla e a Toman que se aproximava cada dia mais, o aniversário da Anri e as mil e uma atividades que eu tinha na escola, os treinos, se encontrar com Mizuki.

_ Aquele garoto que você está namorando fez alguma coisa, não é? _ Akabayashi soou sério e até mesmo nervoso.

_ O quê? Mas é claro que não!

Mizuki me olhou atentamente por vários segundos, como se analisasse o meu comportamento, e então falou:

_ Você está assim por conta daquela gangue que quis te recrutar? Se eles fizeram alguma coisa com você é só falar que irei acabar com todos.

_ Puta que pariu, não! Você não precisa se envolver com isso! _ respondi apressada. Eu tinha certo medo do que ele poderia fazer para acabar com a Valhalla. _ E como é que você já está sabendo disso? Cê não colocou alguém para me seguir não, né?