Capítulo 11

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Pode parecer bobeira, mas eu estava ansiosa para sair com as meninas. Acho que essa era a primeira vez que eu saía com amigas para fazer apenas coisas que garotas da nossa idade fariam, mesmo que fossemos apenas comer alguma besteira e jogar conversa fora. Eu queria aproveitar ao máximo esse momento.

Por conta da minha inquietação eu havia começado a me preparar bem antes do planejado. Como era verão, e parecia que o dia seria bem quente, eu escolhi um vestido amarelo bem leve. Coloquei ele à frente do meu corpo e me olhei no espelho, eu fiquei bonita e fofa nele, mas tive uma sensação estranha de não me reconhecer.

Bom, pelo menos em casa eu estava sempre à vontade, usando as minhas roupas de sempre e meus piercings.

_ Saori. _ escuto Haru me chamando do térreo.

_ Que foi? _ gritei em resposta enquanto já ia descendo as escadas. Haru tem o péssimo hábito de me chamar e falar o que quer só quando estou bem ao lado dele.

_ Você tem visita.

Haru estava com uma expressão séria no rosto e, ao lado dele, estava um homem, já de meia idade. O seu cabelo vermelho estava meticulosamente penteado para trás, ele vestia um terno muito bem alinhado, provavelmente feito sob medida, em seu rosto havia um óculos escuro e sua mão direita estava pousada sobre uma bengala, com cabo preto e detalhes prateados.

Essa figura masculina não era desconhecida para mim, muito pelo contrário. Ele era Misuki Akabayashi, meu responsável legal.

_ A quanto tempo, Saori-chan. Essa cor de cabelo combina muito mais com você. E como você cresceu bastante desde que nós vimos e está cada vez mais parecida com a sua mãe.

_ Já faz uns quatro anos que não nos vemos, Akabayashi-san. O que te trás aqui?

Apesar de ser meu responsável, Akabayashi não é nenhum parente meu. Ele era um amigo de longa data da minha mãe que sempre esteve presente na minha infância, inclusive, foi com ele que eu aprendi a como me defender e lutar. Quando minha mãe morreu, ele, de alguma forma, conseguiu a minha guarda. Me pergunto se ele comprou a sentença...

No início, ele até tentou cuidar de mim, mas eu estava muito...rebelde na época, por isso ele me mandou para morar com a minha avó em Hokkaido e, desde então, não nos vimos mais. Ele não foi me visitar uma única vez, isso fez, e ainda faz, eu me sentir traída.

Afinal, Akabayashi-san era o mais próximo de uma figura paterna que eu tive, já que o meu pai biológico não era muito presente na minha vida, na real nem lembro a última vez que vi o meu pai.

_ Ora, vim te ver, não posso? _ Akabayashi respondeu num tom amigável.

_ Pode sim, só estranhei por que você não fez isso enquanto eu estava em Hokkaido. _ apesar do rancor que ardia em meu peito eu tive todo o cuidado em manter uma expressão impassível no rosto. _ Vamos nos sentar.

_ Eu vou...preparar um chá. _ Haru falou e saiu da sala. Uma clara desculpa para nos deixar a sós.

Quando já estávamos acomodados no sofá, Akabayashi-san soltou um suspiro profundo e falou:

_ Hokkaido, é um território complicado, Saori. Não tinha como eu ir te ver lá...

_ Pelo visto, também é complicado ligar pra lá né. _ falei num tom sarcástico.

_ Te mandar para lá foi um erro que me arrependo todos os dias, Saori! _ ele falou com uma voz embargada, notei que sua mão segurava o cabo da bengala com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos.

_ Eu prometi a sua mãe que iria cuidar de você, mas no momento que mais precisou de mim eu não pude te ajudar.

_ Nunca pedi sua ajuda e tudo que aconteceu lá foi culpa minha e de mais ninguém.

Uma boa garota - Sano Manjiro (Mikey)Onde histórias criam vida. Descubra agora