maldições pequenas

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Na manhã seguinte, Narcissa a encontra ao lado do piano. Ela gosta de observá-la da porta.

Sua filha  gosta de tocar piano quando ninguém está olhando, mas gosta ainda mais dos acenos de aprovação dos outros.

Essa garota  gosta de encantar as coisas para dançar no ar na frente dela, enquanto ela está imersa em seus pensamentos, mas gosta muito mais dos elogios que sua habilidade lhe rende.

Ela gosta de encantar as pessoas, sabendo que pode entrar em suas mentes e puxar alguns cordelinhos. Estando bem ciente de que ela pode fazer o mesmo com seu sorriso e grandes olhos arregalados, e sem truques mentais. Ela gosta de controlar, mais especificamente, ela gosta de estar no controle.

Ela é agora. Sentado de pernas cruzadas no banco almofadado do piano, pés descalços com dedos enrugados. Um redemoinho de sua mão direita comandando uma espécie de névoa azul brilhante para girar logo acima dela, enquanto sua mão esquerda vira outra página de um velho livro encadernado em couro aberto em seu colo. A névoa azul gira um pouco mais devagar quando ela move a mão para pegar um copo de chá gelado. O copo levita do chão para sua mão enquanto o canudo se move para ficar alinhado com seus lábios. Ela toma alguns goles e manda o copo levitando de volta ao seu lugar nas tábuas.

Narcissa admira sua capacidade de se concentrar tanto em algo que desliga completamente todo o resto. Há uma lembrança ali, mas ela a deixa imperturbável. Em circunstâncias normais, a mente de Delphini teria captado a dela muito antes de ela chegar à porta.

Sua  filha   é diferente, ela sabe. Ela não gosta das Artes das Trevas mas  tem curiosidade sobre elas, mas não há sede de poder nela. Ela não pode negar que ninguém encontra livros escuros velhos e esquecidos na biblioteca Malfoy mais rápido do que Delphini em um dia chuvoso. Mas ela está realmente buscando conhecimento, talvez controle, não domínio sobre os outros. Não é uma maneira de conquistar os mais fracos.

A verdade dessa garota  d não pode ser negada. Ela e a escuridão andam de mãos dadas. Ela parece encontrar conforto no escuro. Ela se abstém de praticá-lo completamente na Mansão, estando bem ciente dos problemas que isso causaria. Mas ela se diverte quando consegue. Todos os seus bens mais valiosos carregam pequenas maldições, Narcissa tem certeza disso. Nas raras ocasiões em que ela remove o colar de caveira de pássaro que era de sua mãe, o pingente zumbe quando outros se aproximam dele. Narkey não consegue tocar em sua escova de cabelo desde que voltou de Hogwarts. O assunto foi discutido com Lucius e Draco. Todos concordam que sua natureza não deve ser negada. O lar dela está no lugar certo e eles vão mantê-lo lá, mas não vão forçá-la a se tornar alguém que ela não é.

Narcissa decide quebrar o encantamento que parece ter caído sobre a sala. Delphini se assusta com os passos da mãe, fecha o livro apressadamente e se vira na cadeira. Ela engole antes de falar.

"Mamãe. Eu não tinha notado que você estava aqui.

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