Capítulo 4

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Enquanto Hermione voltava a sua rotina em Londres, a inquietante insatisfação que sentira em Paris perdurava. Apesar de ter conseguido fazer muitas pesquisas boas sobre as populações de bicórnios, ela se sentia como se estivesse simplesmente passando pelos movimentos enquanto preparava um relatório para seus superiores no departamento.

Não ajudava que Draco estivesse distante desde que eles voltaram de Portugal. Na manhã em que estavam marcados para partir, ele estava rígido e pouco comunicativo, e na semana que se seguiu, ela não o viu.

Hermione lhe mandara uma coruja para marcar um encontro naquele fim de semana, mas a resposta dele foi breve e evasiva.

Embora ela ainda não tivesse certeza do que havia acontecido entre eles na praia na última noite em Portugal, ela suspeitava que tinha algo a ver com sua frieza atual para com ela. E ela não sabia se tinha feito algo errado, ou se ele estava simplesmente processando as coisas em seus próprios termos.

Enquanto em Portugal, as coisas entre eles foram ótimas. Eles conseguiram se comunicar melhor do que antes do aniversário dela, e ela os sentiu cair no ritmo fácil da amizade mais uma vez.

Talvez houvesse algumas nuances românticas, os dias quentes passados ​​na companhia um do outro, os passeios noturnos frios, mas desde que eles se tornaram próximos, ela sempre se sentiu confortável com ele.

Mesmo em seu abraço, e nenhum deles se esquivou de toques platônicos.

A proximidade deles até afastou mais de um pretendente em potencial ao longo dos anos.

Mas ela não achava que estava imaginando que as linhas entre eles pareciam um pouco mais borradas do que o normal, especialmente naquela última noite na praia, quando ele quase se inclinou.

Draco nunca havia indicado um interesse romântico ou sexual por ela, e ela não tinha certeza do que fazer com isso.

Mais importante, ele tinha tirado algo de sua reação? Ela nem conseguia se lembrar dos momentos que se seguiram, exceto que algo mudou e ele se retraiu mais uma vez.

O pensamento permanecia no fundo de sua mente desde a viagem gelada da Chave de Portal para casa: se ele a tivesse beijado, como ela teria respondido?

Não importava, ela supôs, já que era hipotético. E agora, claramente, o que quer que tenha acontecido, ou não tenha acontecido, entre eles em Portugal se foi.

Os dias de primavera em Londres foram temperados com uma chuva triste e persistente, arrastando o humor de Hermione para baixo junto com as nuvens cinzentas acima. Era sexta-feira à noite e, depois de um longo dia no Ministério, ela conseguiu escapar para a relativa paz de seu próprio apartamento.

Draco não estendeu a mão durante toda a semana, e ela não tinha planos além de se enroscar na poltrona em frente ao fogo com uma xícara de chá e um bom livro.

Era bom estar em casa, até certo ponto, mas desde que ela voltou tudo parecia um pouco chato.

*****

Hermione deu um pulo com uma batida na porta, quieta, mas inconfundível. Colocando o livro de lado, ela arrastou o lábio inferior entre os dentes e chamou:

- Entre.

Depois de uma pausa desajeitada e prolongada em que ela podia ouvir o barulho da maçaneta, as proteções caíram e a porta se abriu. Erguendo uma sobrancelha, Hermione se levantou e ignorou a reviravolta em seu estômago enquanto Draco entrava em seu apartamento, um olhar ligeiramente desfocado para ele.

Ajustando sua gravata, ele olhou para cima.

- Olá.

- Oi - ela retornou com uma leve pressão de seus lábios. - Como você está?

Nunca no coração - TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora