v. a irmã que se importava

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CAPÍTULO CINCO
A Irmã que se Importava

CAPÍTULO CINCOA Irmã que se Importava

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ELLA SE CHAMAVA ELOWAN. SÓ ELOWAN. LÍLIA NÃO quisera dar sobrenome às filhas adotivas, porque acreditava que isso apagaria parte de suas histórias e identidades. Apesar de sua maternidade quase impecável, Ella sempre achou que, nesse aspecto, Lília falhara com ela. Durante a infância, ela sentia um certo ciúme amargo do quão próximas Lília e Daria eram, enquanto ela acabava por ficar de lado. Nunca conseguira chamar Lília de mãe, como Daria fazia. Daria não sabia, mas Ella tinha, tanto quanto a irmã mais velha, a angústia do sentimento de não pertencer ao lugar no qual vivera a vida inteira - e talvez um sobrenome caridosamente doado pela mãe adotiva tivesse a feito mudar de ideia, e a impedido de entrar com a irmã desmaiada no carro batido de dois homens estranhos.

Ela não desacreditara da palavra de Obi-Wan e Anakin em momento algum ao longo daquele dia; eles não haviam sido nada além de perfeitos cavalheiros com ela, respondendo todas as suas perguntas e buscando acalmá-la quando Daria teve a reação inicial ao recado que os dois traziam da galáxia muito, muito distante, onde as duas teoricamente haviam nascido. Além disso, foram muito prestativos naquele momento de desespero, no qual Daria desmaiara no meio da rua. Anakin correra para abrir a porta de trás do carro azul brilhante com o qual os dois se locomoviam pela cidade, e Obi-Wan erguera Daria nos braços e a colocara gentilmente deitada no banco de trás, com a bolsa do balé apoiando sua cabeça. Ella sentou-se junto da irmã, tirando os tênis dos pés de Daria e alojando-os no carpete do veículo, para depois ajeitar as pernas da irmã sobre as suas enquanto rezava para que Daria não tivesse batido a cabeça e sofrido algum dano sério.

Quando Anakin acelerou o veículo, no entanto, Ella foi obrigada a questionar novamente a falha de Lília em não dar-lhe um sobrenome. Era certo que não era culpa dela se sua afinidade com Daria era mais intensa, mas Ella imaginou, naquele momento, que, se tivesse tido um sobrenome, seu sentimento de não-pertencimento seria inexistente. E, se ele fosse inexistente, ela não estaria colocando a vida da irmã e a própria vida em risco naquele momento ao confiar em dois homens estranhos que juraram a ela que a levariam de volta para o lar de sua família amorosa, da qual ela sequer se lembrava.

No silêncio da viagem de carro, ela finalmente despertou para a realidade. Estava sendo burra demais. Confiante demais. Inocente demais. Daria havia tentado avisar, mas agora era tarde. Daria tinha plenas capacidades de enforcar os dois homens com o cinto de segurança e livrá-las daquela situação, mas não em seu estado atual; Ella, pela primeira vez, precisava se virar sozinha. E qualquer que fosse sua decisão, poderia mudar a vida dela e da irmã para sempre.

Depois de longos minutos de silêncio, interrompidos apenas pelo baixíssimo ronco do motor do carro novíssimo, Ella decidiu que precisava agir - ou, ao menos, dizer alguma coisa.

- Para onde nós vamos? - Ela quis saber.

- Você acha que ela precisa de um médico? - Obi-Wan questionou de volta, com o tom mais preocupado e reconfortante que Ella já ouvira em seus dezessete anos de vida. Por um momento, de novo, ela se esqueceu da situação em que se encontrava.

341 𝑨𝒏𝒐𝒔-𝑳𝒖𝒛 | sᴛᴀʀ ᴡᴀʀsOnde histórias criam vida. Descubra agora