ㅤㅤBaz nunca precisou ir atrás de amigos.
Ele não os queria de fato, mas quando Dev e Niall se juntaram a ele, Baz não conseguiu afugentá-los, mesmo com seu inicial incômodo. Eles seguiram junto pelos quatro anos restantes do fundamental e depois o ensino médio e as vezes Dev e Niall ainda apareciam em seu apartamento para beber todo seu vinho e importuná-lo pelas músicas que escutava. Eles três eram efêmeros e espertos e estavam suficientemente satisfeitos com como lidavam com aquela amizade — esquecendo-se de seus aniversários, não juntando-se para jantares formais de ano novo, naturalmente não tendo fotos juntos e conversando no período de seis meses quatro vezes apenas (três, se aquela conversa estranha de duas frases com Dev sobre qual era a marca de seu perfume fosse descartada).
Logo, era cabível dizer que Baz não era uma criatura de afagos, constância e presença e ter que tolerar novidades não costumava ser seu forte, de modo que se as coisas seguissem daquela forma as chances de roubar o isqueiro de Snow e vendê-lo junto ao restante da dignidade que lhe restava eram bem grandes.
Honestamente, o que Baz mais queria era poder sair de seu apartamento sem correr o risco de esbarrar com Simon. Esse alarde o fazia lembrar de seu pai, o início de seus anos na mansão das Famílias, mais do que gostaria e, embora não simpatizasse com Snow, Baz achava meio extremo e injusto deixá-los associados.
Ele tomava como um ponto para si o fato de que, não fosse seu último encontro, a coisa toda estaria notavelmente suportável. (Sim, os problemas não existiriam se não fosse por Simon, Baz já deixara muito bem claro.)
Ele estava voltando da universidade, uma pilha de nervos por ainda ter que lidar com os malditos caixotes de madeira ocupando parte de sua vaga; precisou esperar pelo elevador e, porque o universo adorava reduzi-lo a cinzas, pouco antes de chegar ao andar que estava Baz ouviu as portas que separavam o pequeno hall do estacionamento se abrirem.
Nunca era demais para repetir: Simon parecia não ter que se esforçar para ser inconveniente (Baz poderia fazer o maldito portfólio, ele jurava que sim) por isso, apesar de exasperado, Baz não ficou genuinamente surpreso quando o viu arrastar um caixote de madeira pelo chão.
A droga do caixote de madeira. Aquele caixote de madeira.
A culpa era também dele. (Dele e de Snow.) A merda do caixote de madeira fora igualmente culpada por tudo, Baz sabia que sim. (E ele não precisava de porquês, ao menos não quando se tinha bem ali Simon arrastando o caixote, nada conseguindo ser mais óbvio — o que fez com que quase automaticamente Baz associasse Penélope a uma das garotas daquele primeiro dia; por Crowley, ele não sabia por que tinha demorado tanto.)
Quando Snow levantou seu rosto, Baz viu ele se tornar branco e então estupidamente vermelho. Apenas porque isso pareceu dar a ele uma vantagem, Baz tomou de um tanto de cinismo, levantou uma sobrancelha e apertou os braços cruzados.
— Ajuda, Snow?
Simon piscou algumas vezes, ainda na posição em que arrastava o caixote. Quando Baz estava prestes a falar novamente, Snow aprumou-se, batendo as mãos na calça velha para limpá-las do pó e das teias de aranha acumuladas sobre a madeira (porque Baz sabia que essa era uma coisa real, ele odiava como a cada dia que se passava parecia que a quantidade daquilo conseguia dobrar).
— Não preciso — ele disse. E completou um pouco tardiamente: — Pitch.
Baz sorriu de lado, nem conseguindo se conter. A primeira vez que se viram pessoalmente depois de Baz reclamar do fogo com Fiona não valia a pena ser contada, exceto que, no único momento em que não estava ignorando o corpo inquieto de Simon ao seu lado no elevador, Baz havia sorrido para ele em despedida, o que pareceu deixá-lo duas vezes mais incomodado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
MOZART E BRONZE
Fanficㅤㅤ❝Francamente, se alguém tivesse que receber a culpa por acabar com a 'boa convivência entre vizinhos' seria Simon. A começar com o fato de que ele era todo cachos cor de bronze, olhos azuis e pintas por toda parte e era ridículo, mas Baz tinha um...