ㅤㅤBaz nunca precisou da ajuda de seu pai.
Nem da ajuda de Fiona.
Tampouco da ajuda de Dev e Niall e Simon nem mesmo era considerado uma opção, que dirá Penélope.
A primeira afirmação ele repetia como um mantra desde que se entendia por gente, quase ao mesmo tempo em que ficou difícil dormir sozinho e entrar em bibliotecas; quando chamar sua escola de lar era mais fácil do que sua própria casa.
A segunda ele começou a repetir um pouco mais tarde; quando já era capaz de notar que seu sobrenome tinha certo peso, quando aceitou que doía um pouco menos se ele se ligasse a uma quantidade ínfima de coisas e que estantes de livros não corriam o risco de cair sobre sua cabeça se atravessasse a porta de uma biblioteca. Fiona passou a ir à mansão das Famílias mais vezes do que Baz achou que seu pai suportaria e então, de uma hora para outra, havia Fiona tentando ser sua mãe (ou qualquer coisa próxima disso) e seu pai não tentando ser seu pai.
A terceira frase ele repetia menos do que gostava de admitir. Niall e Dev eram seus melhores amigos a mais tempo do que ele tinha Dephne como madrasta, sabiam que tinham que dá-lo certo espaço quando começava com todas aquelas metáforas de fogo e chamas e cinzas; sabiam que odiava quando arranjavam apresentações para ele e que seu pai não havia discutido, mas se mostrado tão apático quando um Baz de dezoito anos disse que era com um outro homem que dividiria sua futura herança que ele quis fazer-se minúsculo e esquecível; era apenas... o mínimo que poderia dar a eles. Seu orgulho vencia uma quantidade esmagadora de vezes, mas quando não acontecia, Baz agradecia por cada ano em que eles voltaram, por cada ano em que Niall e Dev simplesmente engoliram seu desdém e seguiram em frente com ele.
Agora Simon...
Simon tinha mais influência sobre vida de Baz do que ele sequer poderia imaginar. Ele embrenhara-se nela tal como a essência de todas as gerações antecessores dos Pitch se embrenhavam nos móveis da mansão das Famílias; nunca ali presente, mas a todo momento circulando ao seu redor, pesando como chumbo em seu estomago. Baz era rabugento, distante e teimoso, mas sabia recuar quando notava um erro particularmente grotesco; ele também gostava de aproveitar de um pouco de descanso e por muitas vezes nas tardes seguintes em que Simon apenas decidiu aparecer por lá (no começo sob a desculpa de Penélope não quere-lo sozinho, depois sob desculpa nenhuma) ele cogitou deixar tudo como estava — suficientemente tranquilo, sem muitas crepitações no ar ou isqueiros, mesmo quando ainda era claro em sua mente a imagem de um David sorridente, sentando-se na cadeira que um dia fora de sua mãe e apresentando ao mundo seu novo filho Simon Snow.
::
ㅤEle brigou com Simon no primeiro fim de tarde em que ele ficou em seu apartamento, um tanto depois de Niall e Dev irem embora. O concerto de Mozart entrava ruidosamente para o terceiro movimento quando Simon se cansou de ficar parado. Baz estava com algum livro em mãos, os ombros tensos, e prendeu a respiração quando Snow se aproximou, indo em direção aos discos.
(Ele nem mesmo pensou em amaldiçoar suas futuras gerações, focado demais em não parecer afetado por sua presença, o pulmão queimando.)
Simon estava de costas para Baz e quando falou sua voz havia chegado abafada a seus ouvidos.
— Que raios você costuma fazer nesse apartamento?
Baz precisou realmente pensar no que Snow estava querendo dele para respondê-lo.
— Eu estudo — disse, sem pretensão de olhar para ele. Era o suficiente para abranger qualquer que fosse o caminho em que Dev e Niall decidiriam seguir se fosse eles a perguntar (ele não passava muito tempo lá porque estudava. Ele estudava no apartamento. Ele estudava e já era coisa o suficiente). Exceto que era Simon Snow. E, como Baz já deveria estar habituado, ele não era do tipo que o deixava em paz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
MOZART E BRONZE
Fanficㅤㅤ❝Francamente, se alguém tivesse que receber a culpa por acabar com a 'boa convivência entre vizinhos' seria Simon. A começar com o fato de que ele era todo cachos cor de bronze, olhos azuis e pintas por toda parte e era ridículo, mas Baz tinha um...