Capítulo Doze

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OUTUBRO

Depois da quarta vítima, deram um nome a ele. Ele foi chamado de Jack.

Jack, o Estripador.

Jack, que na madrugada de 30 de Setembro perfurara a artéria esquerda do pescoço de Elizabeth Stride, aproximadamente às 1 horas, na Barner Street em Whitechapel. Jack, que, ao que especulava o departamento de polícia, havia sido interrompido de desferir quaisquer outros golpes no corpo da vítima e fugira antes de ser pego pelos passantes do bairro. Jack, que naquela mesma noite, insatisfeito com a inconclusão de seu trabalho macabro, resolvera acertar as coisas e três horas e quarenta e cinco minutos depois, encontrara com Catherine Eddowes na Mitre Square, a degolara e abrira seu tronco com um profundo e irregular corte. Jack, que levara consigo aquela noite um rim esquerdo e quase todo o útero de Catherine.

Seria um eufemismo dizer que com a quarta vítima e uma marca registrada, aqueles assassinatos brutais ganharam notoriedade na cidade. Londres estava em polvorosa e não havia canto nenhum em que não se falasse das mulheres estripadas no East End.

Com a fama hedionda, os jornais passaram a cobrir a investigação de forma exaustiva e como se os feitos doentios sucedendo não sustentassem por si só a atenção do público, cartas ditas terem sido enviadas pelo assassino à polícia e a imprensa tiveram seus conteúdos disponibilizados nas primeiras páginas dos informes para os olhos e o julgamento de toda cidade.

Numa rapidez impressionante, boa parte da Inglaterra estava ciente da existência do Estripador de Whitechapel e internacionalmente, as notícias também corriam de vento em popa.

O East End encontrava-se em estado de pandemônio. As investigações feitas por parte da Polícia Metropolitana de Whitechapel deixava a desejar e com o andamento do desenrolar do caso prejudicado por um período de licença retirada pelo chefe do Departamento de Investigação Criminal, responsável pelo caso, os corpos mutilados começaram a apavorar a população periférica que estava em risco direto. A Scotland Yard tivera de ser chamada as pressas para suprir a falta da polícia local e um novo chefe de departamento fora nomeado.

Todos os dias que o sol erguia consigo, cheio de novas possibilidades, surgia também o receio da descoberta de novas vítimas a cada esquina. Ficara claro que o tal Jack era capaz de fazer de qualquer mulher vulnerável um alvo de sua malvadeza e para cada dez prostitutas daquela região, nove tinham pelo que temer. As que continuavam se arriscando nas ruas desertas as altas horas eram aquelas demasiadamente pobres para poupar-se de trabalho, ou estúpidas demais para imaginar que poderiam ter o mesmo destino de Nichols, Chapman, Stride e Eddowes.

No mais, toda pessoa do sexo feminino naquela cidade estava estremecida. Até mesmo as que se encontravam do outro lado do Tâmisa, abrigadas por seus privilégios de nascença e matrimoniais.

― Quem colocaram no caso desta vez? ― indagou Clark Hale, antes de sorver sua dose de conhaque.

Na poltrona de camurça ao lado, Benjamin Kline trocou a própria taça de mãos depois de cruzar as pernas.

― O inspetor Donald Swanson. Sujeito dedicado, pelo que ouvi.

― Ele terá de ser mais do que dedicado para conseguir apanhar esse monstro desalmado. ― opinou Fanny Kline, de pé atrás da poltrona acomodada pelo marido.

― O cretino está ficando arrogante. Confiante. Duas na mesma noite! É lamentável. ― condenou o Sr. Hale, o olhar tomado de horror ao fitar as chamas crepitando na lareira.

― Ele foi forçado.

Todas as cabeças presentes na sala de estar viraram-se para Raven Styles, que até aquele instante tinha se mantido calada quanto aos detalhes daquele tenso assunto.

𝐑𝐢𝐩𝐩𝐞𝐝 • H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora