— Bae, não faça isso comigo. Eu não posso perder meu réu primário.
Após ouvir o primeiro soluço forte, Hansan abriu os olhos. Já tinha dado um susto suficiente o bastante para ele nunca mais repetir uma loucura como aquela.
— Eu sou muito novo para ir preso por homicídio culposo.
Enxergou-o com o rosto molhado pela fraca garoa formada pelo irrigador, os olhos cerrados e mãos unidas rentes ao corpo, em uma fervorosa prece.
— Você viu, Deus, não foi a minha intenção, eu não queria matar o velho.
— Velho é o seu pai!
— Ele também é... o quê?
Seu desespero foi tão grande, ao ponto de fazê-lo pensar que Deus resolvera lhe responder alto e claro, porém, que raios de resposta era aquela?
Caiu em si e encontrou o imenso castanho dos olhos brilhantes do seu paciente. O alívio que percorreu sua espinha encheu os seus, que transbordaram em grossas e sequenciais lágrimas. A última vez que sentiu um alívio assim tão grande, a ponto de fazê-lo chorar, foi quando foi acolhido em um momento financeiro delicado e teve suas contas pagas por um bom samaritano.
Havia chorado por minutos a fio enquanto arrumava as malas no dia da mudança para casa do Lee. Ficou verdadeiramente grato por ainda existirem boas pessoas no mundo e por uma delas ter cruzado o seu caminho. Então, ver Hansan vivo e quase inteiro foi como pôr um bálsamo em suas feridas. Não se perdoaria nunca se fosse responsável por um acontecimento pior.
— Sr. Lee... — Jogou-se sobre ele, abraçando-o e enterrando o rosto molhado em seu pescoço, enquanto fungava incontáveis pedidos de desculpas.
— Calma, não precisa chorar assim.
Afagou suas costas com o dorso da mão, as palmas arranhadas ardiam como se estivessem em carne viva. Sentiu-se um pouco culpado por fingir-se de morto a ponto de deixá-lo naquele estado.
— Calma, eu estou bem... até que foi divertido — tentou brincar. — Está tudo bem. Vai, levanta, está tudo b-
Antes de terminar a fala, viu de relance as rodas da sua cadeira empenadas para cima, virou o rosto de vez, arregalando os olhos e abrindo a boca em espanto.
Sua magrela estava arruinada.
— Eu vou te matar, Dan Dae-ho!
Sentiu o corpo do outro enrijecer, tenso, por cima do seu.
— Sai de cima de mim! Olha o que você fez com a minha cadeira! — Tentou levantar, mas as palmas de ambas as mãos ardiam, como se o gramado onde as apoiou fosse uma manta de brasas-vivas. — Ai! Mas que droga!
— Eu sabia que era o Sora que colocava juízo nessa sua cabeça, Hansan, mas não vou mentir, isso foi muito irado!
Ouviram uma terceira voz acompanhada por uma gargalhada alta, e viram uma sombra se formar sobre suas cabeças.
— Não fode, Kwan!
Dae-ho encolheu os ombros, nunca havia visto Hansan tão irritado, nem nunca o ouvira dizer palavrões assim.
— Cara, eu vi lá da janela, foi hilário — Sacudiu o celular que estava segurando. — Quase que não dava tempo de filmar, mas eu consegui pegar a melhor parte. Quer ver?
— Se você não calar a porra boca e me ajudar a levantar, eu vou pegar esse celular e enfiar todo no seu rabo!
Tentou levantar mais uma vez, desabando logo em seguida.
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Um Passo
Romance[VENCEDORA DO WATTYS 2022 🏅] VENDA LIBERADA! VERSÃO ORIGINAL Desde a perda daquele a quem mais amei, minha crença era de que eu jamais voltaria a sentir o coração acelerar novamente. E no auge dos meus quarenta anos, quando pensei que a vida havia...