Capítulo XI- Um Pedido - Parte I

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— Eu realmente não entendo.

— Qual parte?

— Tudo! Sério, vocês são um grupo de amigos bem peculiares.

— Por que você acha isso?

— Por onde devo começar? — Levou a mão ao queixo, fingindo pensar, nos segundos que levou até o sinal de trânsito esverdear. — Primeiro, tem toda a história do Luo ser o melhor amigo do Sora e, ainda assim, ter catado o filho dele. Filho esse que, ao que parece, você, que era quase marido do falecido, já beijou. O professor Benjie e o Na-moo eu já desisti de entender, porque tipo, tudo bem que tem pessoas que se divorciam e continuam se dando super bem, mas se era para ficar assim, por que casaram? E ainda tem o Kwan, que eu tenho certeza que já deu uns pegas em todo mundo do grupo.

— Ok! Você tem bons argumentos, mas em minha defesa, foi o Satoru que me beijou.

— Tá bom, bico doce — debochou.

— É sério! O Satoru sempre foi um pilantrinha. Ele sacou que o Sora tinha mudado depois do divórcio, ficava dizendo que ele vivia perguntando como eu estava, que era para irmos visitar ele, que ele estava com saudades. Meu coração só faltava parar quando ele vinha com essas conversas, porque ele não sabia, mas na época eu já gostava do pai dele.

— E como entrou esse beijo nessa história toda?

— O Satoru bolou um plano para descobrir se o pai estava mesmo a fim de mim e, ao mesmo tempo, despistar sobre ele e Luo. Meio que quando o meu ombro amigo não foi o suficiente durante o divórcio dos pais dele, o safado foi buscar consolo nos braços do francês.

— Te beijar foi o plano?

— E na frente dele — confirmou. — Ele marcou um jantar na casa do Sora, só nós quatro, e na hora de limpar a louça ele me arrastou para a cozinha. Comecei a limpar os pratos e, assim que o pai dele entrou lá, ele me virou e enfiou praticamente a língua toda na minha garganta! Foi tão de surpresa, eu tava com um copo de vidro na mão, cheio de sabão que não tive outra reação.

— Beijou de volta.

— Beijei! Acho que minha carência ajudou.

— E o Satoru beija tão bem, né? — sacudiu a cabeça espantando a lembrança.

— Por isso não foi minha culpa!

— Entendi. Continua.

— Ouvi o barulho de vidro quebrando e achei que tinha sido o copo que tava na minha mão. Me afastei e nem tive coragem de perguntar ao Satoru o que caralhos ele tava fazendo, porque o Sora estava estático, olhando para gente, com os pés rodeados de cacos de vidro.

— Meu deus! — Dae-ho estava incrédulo — E o Luo?

— Aquele filho da puta estava logo atrás dele, apreciando a cena. Ele sabia do plano o tempo todo!

— E o que aconteceu depois? — Sua curiosidade ansiava por mais daquela história.

— O Satoru quase me fez derrubar o copo das mãos, porque ele começou a gritar um eu sabia, enquanto apontava para o pai. Ficou estampado na cara dele que o beijo não tinha agradado.

— E o falecido?

— Deu o troco. O Sora era direto e o mais esperto de todos. Ele virou para trás e beijou o Luo.

— O quê?

Para Dae-ho, aquela história não podia ficar mais louca!

— O Satoru fez essa mesma cara que você fez agora — ria, relembrando o quão inusitado foi aquele jantar. — E piorou quando o Sora soltou o Luo, que devo ressaltar, adorou tudo aquilo, virou para a gente e soltou a seguinte frase: se você pode beijar o meu garoto, eu também posso beijar o seu.

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