Um Passo

EXTRA II - Um Baile

Anos depois

— Dan-ah, tô começando a me arrepender dessa ideia!

— Confia em mim, amor. Você vai ficar gatão!

Algumas coisas, definitivamente, não mudavam com o decorrer dos anos. Uma delas era o olhar desconfiado que surgia no semblante de Hansan todas às vezes que o marido lhe chamava carinhosamente de amor.

— O que você tá fazendo com o meu cabelo, Dan-ah? — questionou, um pouco apavorado e cem por cento arrependido de ter aceitado aquela loucura.

Na noite anterior, pouco antes de ir deitar, quando terminava de escovar os dentes, acabou deixando escapar para o marido algo que começava a lhe incomodar em sua aparência: a crescente contagem de fios brancos em sua cabeça. Na verdade, percebia que, em mais alguns meses, ficaria mais fácil contar os fios castanhos que lhe restavam.

Estava mais grisalho do que nunca.

" — Olha, bebê, encontrei mais dois!

Apontava os fios, castanhos em seu comprimento e brancos na raiz.

— Senhor Lee, até eu já estou começando a achar uns fiozinhos brancos na cabeça. Imagina você, que já era velho desde sempre!

— Estou falando sério, Dan-ah! — Jogou-se na cama com a maior cara emburrada.

— Também estou — arrumou o travesseiro e deitou-se ao lado dele. — Eu já passei dos trinta; você, daqui a pouco, vira um cinquentão; temos um filho, que vai para faculdade, se formando daqui a dois dias. Estamos velhos, Bae.

— Mas...

Não conseguia aceitar o fato de que, logo agora que sentia haver recuperado toda sua alegria da juventude — junto a uma dose generosa de energia para viver — seus cabelos resolveram ficar ainda mais grisalhos só para denunciarem sua real idade.

— Isso está te incomodando de verdade. Não é, meu velhinho? — Abraçou-o por trás, jogando uma das pernas por cima do seu corpo, formando uma conchinha, deixando um cheirinho em sua nuca.

— Continuar a me chamar de velho não ajuda.

— Eu não sou otimista como você, que até hoje me chama de bebê. Eu sou realista.

Hansan girou o corpo, ficando de frente para ele dentro de seu abraço.

— Mas você é um bebê! — afirmou com convicção.

— Eu não sou bebê!

— É sim!

— Eu sou um homem! — falou mais firme e grave, espalmando uma das mãos em sua bunda, apertando a carne e o trazendo para mais perto.

Hansan chiou baixinho com o aperto e com o clima quente que começou a se instaurar. Adorava provocar Dae-ho, porque ele sempre se empenhava em lhe dar o troco. Sorriu sacana, avançando nos lábios dele, sugando e mordendo o inferior, falando ainda com as bocas coladas.

— Um homem bem gostoso, mas que vai ser pra sempre o meu bebê.

Dae-ho sorriu afetado, ainda se derretia todas às vezes que o marido agia assim, tão carinhoso. Era mesmo um romântico incorrigível.

Mas, como nem tudo muda...

— Principalmente quando tá de joelhos mamando gosto-ai!

Foi jogado para fora da cama.