Capítulo 1.2 - Penumbra

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 Depois que acabou as aulas do dia, precisava urgentemente devolver aquele chaveiro de hoje cedo, já estava ficando ansioso por ter algo que não é meu, sai então as pressas pelos corredores pra tentar acha-la novamente, mas sem sorte, infelizmente. Enquanto andava comecei a lembrar do Hugo hoje cedo, acabei deixando ele na mão junto com o Diego e o  Marcos, espero que não tenham feito nada ruim até agora.
 Depois de ficar uns 10 minutos andando em círculos nos andares da universidade, decidi só ir embora e entregar amanhã, foi então que na saída da escola, lá estava ela de novo, no mesmo lugar, procurando seu chaveiro, sua mochila ainda estava aberta e seus olhos continuavam perdidos:
- Ta procurando isso?
- Ah, como você...
- Você deixou cair hoje cedo, tentei te entregar mas não te achei depois...
- Muito obrigada! Ele é bem especial pra mi-
 Quando ela ia explicar algo sobre o chaveiro algum louco chegou empurrando todo mundo na escada e gritando:
- FESTA DE VOLTA AS AULAS NESSE SÁBADO RAPAZEADA!!
 Ao mesmo tempo a saída da escola virou uma torcida organizada pronta pra explodir o ouvido de qualquer um ali perto, olhei pra garota e ela estava segurando o riso por algum motivo, no mesmo segundo meu cérebro só pensou em uma coisa:
- Você vai?
- Não sei, acho que vai ser bom pra conhecer o pessoal...
- Poxa, já fui perguntando sem nem me apresentar... Prazer, Michael
- Ah, prazer, Luna.
 No instante em que ela termina de falar algumas outras meninas vieram e a puxaram pra saída também, parece que se conheceram hoje durante a aula, mas nem deu tempo de pensar nisso quando dois braços voaram por cima do meu pescoço e quase me empurrando escada abaixo de novo:
- Olha só, parece que temos um pombinho apaixonado aqui. - Disse Marcos sendo sarcástico como sepre.
- Quem era? Aluna nova? - Completou Diego.
- Como vocês conseguem ser tão insuportáveis? Eu só fui devolver algo que ela derrubou hoje cedo.
- Aham, e eu tenho 4 braços agora né?
 Quando reparei, vi que só o Diego e Marcos estavam aqui, logo a consciência voltou à tona e meu corpo todo parou por um segundo enquanto pensava no pior, comecei a correr para o campus caçar onde ele estava, os outros dois devem ter percebido e começaram a correr procurando por ele também. Quando estava no meio do pátio do campus, olhei pela cerca do lado de fora e lá estava ele, seu cabelo encaracolado do lado de fora com o lápis na orelha, terminando alguma equação que não deu tempo na aula:
- Hugo, não faz mais isso não por favor
- O que aconteceu?
- Depois de hoje cedo você simplesmente some, achou que a gente ia ficar como?
- Foi mal, precisava terminar esse exercício e aqui não tem tanta gente pra atrapalhar
 Olhei se não havia ninguém em volta e pulei a cerca pra cortar caminho, sentei ao seu lado e vi que ele não estava resolvendo nenhum exercício, e sim escrevendo alguma coisa, mas ele só fechou o livro antes que eu pudesse ler algo.
- Ei, calma ai, não vou rir do que ta escrito cara
- Não é isso, só não quero que ninguém veja por enquanto, ainda não está pronto
- Entendo... Bom, nesse caso, vai ter uma festa nesse sábado, você vai?
- Sinceramente não sei se estou com ânimo pra ir em uma festa
- Vai ser bom pra dar uma descansada nessa tua cabeça ai, melhor do que, se desgastar todo dia aturando tudo aquilo
- Tem razão... Talvez eu vá, mas não garanto
 Depois de tudo, vejo Marcos e Diego correndo em nossa direção como se o mundo fosse acabar, estavam bem bravos por não ter falado pra eles aonde o Hugo estava, mas logo a gente se abraçou e riu de toda a situação. Depois de tudo que aconteceu hoje, achei que o dia já tinha acabado mas estava longe disso, enquanto estava indo para o ponto meu corpo simplesmente travou, foi algo similar à uma paralisa do sono, mas eu estava completamente acordado e vendo todo o mundo correndo na minha frente sem poder se mexer, carros passavam pelo cruzamento, as árvores balançavam com o vento enquanto as maritacas voavam em direção ao leste, meu pingente era a única coisa que conseguia sentir em todo o meu corpo... Vi ao longe uma sombra aparecendo, era como uma silhueta de um homem, estava muito longe e mal dava pra enxergar ainda mais porque eu estava preocupado demais tentando se mexer, foi então que escutei uma voz no fundo da minha mente dizendo uma só palavra "S O N H E".

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