...
P.O.V.S MELISSA
Segunda-feira. 15hrs e 40min.
Exatos um mês. Um mês se passou e ele simplesmente sumiu. Saiu pela minha porta, deu um beijo na minha bochecha e foi. Não me prometeu avisar quando chegasse, saiu de manhã enquanto eu ainda dormia.
Me deixando sem entender nada, mas como eu já previa e estava esperando acontecer.
Acontece. Não deveria, mas aconteceu.
Hoje, segunda-feira, tenho uma parte do meu TCC para entregar até sexta-feira, e quem disse que eu consigo escrever alguma coisa?
Melissa. Você não está apaixonada, você nem pode. Você tem vinte e três anos, está livre e quase formada na sua profissão dos sonhos. Se apaixonar não deveria ser uma opção.
A pergunta que não quer calar. Como vou me formar em psicologia e não consigo nem mesmo me entender? Deus.
21hrs e 40min.
Horas e horas se passaram, e eu não consegui escrever praticamente nada, apenas uma página, sendo que preciso de mais nove páginas.
Olhando meu Instagram, entrando e saindo das minhas redes, nada de interessante.
Chega, vou me arrumar. Ânimo. Vou para qualquer lugar, preciso pensar, espairecer. Ver pessoas.
Lembrei de um barzinho aqui perto do meu apê que sempre tem musica ao vivo, todas as vezes que fui fiz amizades. Vai ser um bom lugar, mesmo que eu não consiga escrever nada, vou me distrair.
Me arrumei, bem simples. Maquiagem bem simples, mas que cobrisse a cara cansada.Peguei meu notebook, bolsa e fui.Ao chegar lá, por ser uma segunda-feira, até que estava bem cheio. Bastante gente da minha faculdade aliás.
Hoje para minha surpresa não tinha música ao vivo, era mais uma musica ambiente, que até me ajudou.
Comecei a escrever e pedi uma porção de batata e suco de maracujá. Fiquei super empolgada, já estava rendendo bastante assunto.
Pude ouvir algumas risadas super altas que me tiraram a concentração. Era um grupo de homens chegando no local, logo desviei o olhar e continuei.
Senti um cheiro inconfundível. Ignorei. Senti de novo, era o perfume dele e não tinha como confundir. Me arrepiei inteira.
Por um momento me senti com quinze anos novamente, aquela sensação de estar no mesmo lugar que a pessoa que a gente gosta sabe? Credo.
Tentei me concentrar e simplesmente esquecer do cheiro. Para o meu azar, o grupo estavam super perto de mim.
Quando olhei, ficou bem óbvio para mim os acontecimentos recentes. Sim, Lucca estava na mesa com o grupo, e ao seu lado uma moça. Muito bonita aliás, loira, muito bem vestida e os braços dele no ombro dela.
Gargalhei sem graça, e retomei ao meu trabalho. Obviamente meu ego se feriu.
Loira como eu, mesmo estilo de roupa, sapato e até a maquiagem lembravam a minha. Talvez ela seja mais simpática e carismática. Tudo bem.
Respirei fundo. Não fui pouco atingida, fui muito. Provavelmente meu rosto deve estar vermelho, de tanto incômodo no momento.
—O Lucca. Aquela ali não é a Mel? — Pude ouvir uma voz masculina e me escondi atrás do notebook. Era a voz de Lzinn. Meu Deus — EAE MEL.
Ele gritou. Sim ele gritou. A atenção veio toda para mim, inclusive a de Lucca que desviou o olhar. Como se ele não tivesse me visto quando entrou no lugar.
— Oi lindo. — Falei sem graça para Lzin. Ele riu e me deu uma piscadinha e tchau ao mesmo tempo.
Meu pedido chegou, me servi e arrumei minhas coisas para ir embora. Afinal, me distrai o bastante para nem conseguir terminar as páginas. Mas se me pedisse um relatório de cada características que essa moça tem, eu faria dez em cinco minutos.
Minha dignidade já nem existia mais depois do tanto que olhei ela. Ela é linda mesmo e eu queria muito poder dizer o contrário mas estaria mentindo.
— Moço? Traz a conta por favor?! — Pedi ao garçom. Ele sorriu e assentiu.
— Moça, desculpa mas sua conta já foi paga. — Ele disse sorrindo.
— Como assim? Eu não paguei moço. — Eu disse confusa.
— Foi aquele garoto de branco da mesa do lado, ele pagou assim que você pediu a conta. — Ele apontou para Lucca que fingia desviar o olhar.
— Ah. Obrigada. — Falei sorrindo para o garçom.
Me levantei e peguei os cinquenta reais da minha carteira.
— Não preciso que pague nada para mim, Lucca. — Deixei em cima da mesa dele e sai.
A menina ficou me olhando confusa. Os meninos todos chocados e ele apenas assentiu com a cabeça sorrindo. Ai que ódio desse cinismo dele.
01hr e 45 min.
Já estava tarde então apressei meus passos, era bem perto, mas eu tinha que andar até a esquina da rua.
— Nossa. Que loira, hein. — Um homem falou do outro lado da rua. Engoli em seco e apressei mais ainda meus passos. — Ah se eu te pego em loirão.
Eu normalmente responderia xingando, mas se tratando da hora eu preferi apenas ir o mais rápido e fingindo não ter ouvido nada.
No desespero, minha chave caiu no chão. E eu vi o mesmo homem vendo isso como uma oportunidade, e apressando seus passos para perto de mim. Ainda faltava passar um prédio para chegar ao meu.
Ele chegou bem perto e me puxou pelo cabelo, me deixando super perto dele. Pude sentir o cheiro de álcool saindo do seus poros. O desespero bateu, e eu já estava esperando o pior.
— M-me solta, por favor. — Disse já com as lágrimas caindo e a garganta secando. — Me solta.
Me debati, mas como eu estava com o notebook embaixo do braço estava limitada em alguns gestos. E eu não podia perder meu computador por conta dos trabalhos salvos no mesmo.
— Sua pele é tão, mas tão macia. — Ele disse passando a mão na minhas costas. E cheirou meu cabelo. O olhar dele era bizarro, de dar medo. — Você vai embora comigo.
— Me solta, por favor. — Tentei gritar, sem sucesso, minha voz saiu super abafada por conta do choro.
— Você não ouviu? Você vai comigo, e eu vou usar tudo isso. — Ele disse beijando meu pescoço.
Na hora do desespero só pensei em pegar meu notebook e socar na cabeça dele. E assim eu fiz. E corri.
Ele riu e correu muito mais rápido que eu. Foi apavorante. Ele me pegou pelo pescoço e me prensou na parede. Me olhou no olho.
— Você não deveria ter feito isso. — Ele disse limpando o nariz que sangrava.
Ele chegou bem perto do meu rosto. Me cheirou e eu apenas fechei os olhos chorando.
Sua mão desceu para minha calça e eu não conseguia me mexer de tanto desespero. Apenas fechei os olhos novamente e esperei o pior.
— Se encostar mais um dedo nela eu te mato arrombado. — É a voz do Lucca. — Não tá me ouvindo, seu verme? — Ele tirou o cara de cima de mim e socou o rosto do mesmo. —‘Tá tudo bem, Mel. Eu cheguei. — Ele disse e eu apenas me sentei chorando.
Fechei os olhos e pedi para que tudo fosse só mais um sonho ruim. Mas não era. Pude ouvir Lucca batendo no homem caído no chão.
— Vaza caralho. — Ele falou. —Se eu te ver por aqui de novo, eu te mato. Eu juro que te mato. — Ele disse gritando e apontando o dedo na cara do homem, enquanto segurava o homem pela gola da camiseta.
Minha pressão estava super baixa. Eu tremia o corpo inteiro. Provavelmente um crise de ansiedade. As lágrimas caiam sem parar, meu coração parecia que ia parar a qualquer momento.
— Mel. — Ele se sentou na minha frente. — Desculpa não ter chego antes. — Ele sentou ao meu lado e deitou minha cabeça no seu peito. — Tá tudo bem, eu ‘to aqui ‘pra te proteger. — Ele me apertou e ali pude sentir o mínimo da segurança.
—Seu coração ‘tá doido, Mel. — Ele disse muito nervoso. — Calma, você tem que se acalmar. — Ele disse beijando minha cabeça enquanto eu chorava de soluçar. — Vamos ‘pra casa. — Ele tentou me ajudar a levantar.
— M-meu computador. — Falei em meio aos soluços. — Ele riu sem graça.
— Tanta coisa ‘pra se preocupar, Mel. — Ele disse meio bravo. — Eu peguei quando você bateu nele. — Ele disse me mostrando. Apenas assenti e fomos. Ele pegou a chave da minha mão e abriu o portão do condomínio.
Ele me sentou no sofá. Trancou a porta e se sentou ao meu lado.
— Melhor você tomar um banho, né? — Ele disse e eu assenti.
— Vem comigo, por favor. — Pedi com a voz falha e baixa. Ele assentiu e me pegou no colo.
Tirou minha roupa e se afastou, me dando espaço. Cheguei perto dele e apenas o abracei. Ele assustado paralisou e depois de alguns segundos retribuiu.
— Obrigada. — Eu disse em meio as lágrimas. — Obrigada de verdade, você foi meu anjo da guarda. — Ele respirou fundo e beijou minha testa.
— Sempre que for preciso vou te proteger. — Ele disse me olhando bem fundo. E me beijou na bochecha.
— Pode tomar banho que vou te esperar no quarto, se for preciso me grita, tá? — Assenti sorrindo e entrei para banhar.
Fechava os olhos e a cena de momentos atrás se repetia. Como se aquele homem estivesse aqui no banheiro comigo. Aterrorizante. Medonho. Bizarro, e assustador.
— Lucca. — Gritei, foi automático. Ele veio correndo. E me olhou com uma cara assustada.
— Desculpa. É que sempre que fecho o olho ele parece estar aqui. — Disse caindo em lágrimas de novo.
— Já sei. — Ele retirou a roupa rapidamente e chegou até mim. — Pronto. ‘Tô aqui, Mel. — Ele me abraçou e beijou minha cabeça.
Incrível, foi instantâneo. Ele encostou em mim e me acalmou. Sua mão entrelaçada a minha, toda machucada, roxa, cheia de sangue.
— Ainda bem que você chegou. — Eu disse cabisbaixa. — Ele me apertou novamente e sorriu sem graça.
— Eu mataria por você, Melissa. — Ele disse baixo quase impossível de ouvir. Mas ouvi e sorri ao ouvir.
— Eu percebi. — Disse com um sorriso bobo no rosto. Me virei pra frente dele.
Seu rosto lindo, com um roxo no olho.Ele desviava o olhar mas não deixava de me apertar ou fazer carinho.
É por isso que estou me apaixonando por ele. Como alguém pode fazer tão bem assim a alguém? Mesmo em um momento tão ruim assim como eu acabei de passar.
— Vamos deitar? — Falei praticamente sussurrando. Ele assentiu, mas estava super quieto.
— Preciso ir embora, Mel. — Ele disse enquanto eu colocava um pijama.
— Fica. Por favor. Eu to com medo. — Falei cabisbaixa com a voz já falhando.
— Mel, não posso. Fico até você dormir. — Ele disse se aproximando e puxando meu rosto para perto do dele. — Tenho fotos para tirar cedo na firma. — Ele disse fazendo uma cara triste.
— Eu to com medo de ficar sozinha, Lucca. — Eu disse já me tremendo toda só de pensar na possibilidade. Ele assentiu e apenas me abraçou forte.
— Então vamos dormir lá na mansão comigo. — Ele disse segurando meu rosto. — Pode ser? — Ele disse sorrindo e me deu um selinho. Até assustei.
— Pode. — Disse ainda abraçando ele. Ele riu e beijou minha testa.
— Então vamos. — Ele disse pegando na minha mão. — Te empresto uma roupa quando for te trazer.
02hrs e 50min.
Fomos para a casa dele, os meninos ainda estavam fora de casa, então fomos direto para o quarto dele. Ele trancou a porta e falou para que ficar a vontade.
Saiu tirando a roupa e ficando de cueca. Ligou o ar condicionado e me pegou no colo. Me olhou bem fundo por alguns segundos e me colocou na cama com o maior cuidado do mundo.
— Obrigada, de novo. — Sorri olhando em seus olhos. — Espero poder retribuir de alguma forma. — Disse.
— Um beijo e já está ótimo. — Ele disse sorrindo.
Era impossível olhar aquele rosto, aquele olhar, aquela boca, aquele sorriso e não querer beijar. Pude sentir meu rosto queimando de tanta vergonha.Poucas coisas me deixariam sem graça de tanta vergonha, mas uma das poucas com certeza seria o olhar intimidador dele.
—Até dois, se quiser. — Eu respondi rindo e indo de encontro com a boca dele.
Ele continuou o beijo e diferente de outras vezes, era um beijo totalmente sem malícia. Super estranho, mas perfeitamente bom.
Ele me deitou um pouco mais para o lado e simplesmente abraçou seu corpo ao meu. Ficando em uma conchinha perfeita, me deixando super a vontade e ao mesmo tempo segura.
— Tudo que eu puder fazer para te proteger, eu faço Melissa. — Ele disse me puxando para mais perto e beijou minha cabeça. — Bons sonhos.
04hrs e 30 min.
— LUCCAAAA. — Acordei desesperada do pesadelo do recente acontecido. Meu coração parecia que sairia pela boca, eu suava frio e as lágrimas desciam.
— Calma. Foi um sonho. — Ele me abraçou super forte. — Eu ‘tô aqui Mel, ‘ta segura comigo. — Ele me mantinha em seus braços e me fazia carinho tentando me acalmar.
— 'To com medo. — Eu disse chorando e super assustada.
— Vai passar. Estou aqui para te proteger. — Ele disse me virando e pude olhar em seus olhos. — Não vou deixar mais ninguém encostar em você, eu prometo. — Ele disse firme e me deu um selinho demorado.
— Senti sua falta. — Eu disse involuntariamente e ele me olhou assustado.
— Eu ‘to aqui agora. — Ele disse e me deitou no seu peito e me apertou firme.
Como posso me sentir tão segura em seu peito dessa forma? Como ele consegue me acalmar dessa forma? Quem tem tanto poder assim sobre alguém?
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Perversion. {Lucca Lopes +18}
Novela Juvenil"Perverso. Era a palavra que definia ele. Ele é mais quente do que o próprio fogo, apenas com o olhar ele é capaz de deixar minhas pernas bambas. Seu toque, sua respiração e sua voz são um combo capazes de me levar a extremos inimagináveis." ([+18]...