As paredes se fecharam e a escuridão reinou por alguns segundos até que os cogumelos brilharam com força. O cubo de metal estava quase completamente claro. E o som das respirações e o cheiro de suor eram as únicas coisas que Davi se permitia distinguir. Ele tentava não pensar demais apenas recebia os estímulos ao redor.
Tiago estava parado de olhos arregalados e... Droga! Não tinha como Davi se permitir ler as expressões do amigo, o seu próprio medo já era grande o suficiente, não poderia lidar com as emoções dos outros.
O rapaz apenas se resignou a olhar para a parede de metal a sua frente e esperar. Já tinha alguns segundos que estavam lá e nenhum barulho havia atravessado a parede de metal. Mas, ele sabia que só um tronco de árvore não teria matado aquilo... Não com certeza não. Seria fácil de mais...
– Mas que merd...? – Alguém tentou dizer sem conseguir terminar.
Um barulho alto soou e o metal da parede a frente se deformou completamente. O metal foi entortado com tanta facilidade que os olhos de Davi se arregalaram e sem pensar ele prendeu a respiração.
Os estrondos continuaram sem pausa e parecia que a coisa tentava escapar por qualquer uma das paredes. A que rompesse primeiro. E por um segundo, enquanto apertava com força o cabo da pequena espada, Davi desejou que não fosse a que estava a sua frente!
Outro barulho... Uma pequena rachadura foi aberta no metal do tamanho de um olho. Todos balançaram o corpo como se fossem atacar e depois os três que estavam na frente tentaram recuar.
Davi deu um passo a frente e encheu os pulmões.
– Não recuem!
Um silêncio se fez na sala a frente e eles puderam ouvir a respiração da coisa, pesada e tremendo... Ela estava com raiva?
Sem tempo de poderem se mexer a porta arrebentou causando dores nos ouvidos de Davi que cobriu as orelhas e deu um pequeno passo para trás para se equilibrar. A coisa imediatamente começou a se mover e a se chocar contra as paredes do quarto, ela parecia uma bola quicando e ricocheteando frenética.
Os dois lanceiro começaram a tentar cercar o bicho ou pelo menos o atrapalhar a se mexer tão rápido, mas aquilo parecia não adiantar muito porque os reflexos eram bons de mais. Merda! Porque Tiago tinha que estar sempre certo? Davi se lembraria de soca-lo sem explicação mais tarde.
Davi avançou na direção daquilo tentando visualizar as diferentes partes do corpo. Apesar de parecer um único raio descontrolado era possível ouvir seus pés batendo com força nas paredes. Ele conseguiu ver a cabeça se mexendo e um fio azulado a seguindo.
Cabelos? Pelos? Tanto faz! Mas estava lá... Um sinal, uma direção. O rapaz se jogou com convicção e golpeou, mas apenas acertou o vento. Faltava alguma coisa... Um barulho ensurdecedor fez seu ouvido esquerdo doer e a terceira sala já estava aberta! O maldito não parou, apenas continuou a se debater. Se continuasse assim ele logo conseguiria sair da armadilha.
– Sigam! Não deixem que escape! – Gritou Ulisses, segurando uma lança quebrada e com a testa sangrando. Davi não fazia ideia de quando aquilo tinha acontecido!
Que merda! Davi ficara tão desnorteado que se esqueceu de coordenar seus ataques com os colegas. Não podia deixar de olhar para eles agora, prever seus ataques e complementa-los.
Ele fez menção de correr quando olhou pra trás e viu Tiago. O garoto apontava com o indicador magro as paredes que tinham finas linhas de sangue. Davi olhou para aquilo e depois nos olhos do amigo...
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Tiago correu para a terceira sala logo atrás de Davi. Talvez ele tivesse uma chance agora, ela estava ferida! E talvez não fosse tão difícil prever os movimentos dela.
Assim que entrou na sala Tiago parou e observou, ela batia com mais força na parede que ficava entre as salas... Claro! As outras eram mais grossas!
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Bastardos
FantasyDurante a tentativa de matar a grande fera assassina que assola sua pequena vila, Tiago e seu melhor amigo Davi terão de ultrapassar seus limites e se aliarem a uma completa desconhecida que os guiará na descoberta de um novo e sangrento mundo fora...