Eu estava cansada, parecia que cada respiração era mais difícil do que a anterior e eu já não tinha ideia de quanto tempo aquela maldita batalha estava durando, na minha cabeça pareciam três ou talvez quatro dias. As guerras são muito comuns neste mundo ainda mais para uma soldada como eu que já estava habituada a sangrentas batalhas, mas algo estava muito diferente dessa vez.
Os inimigos estavam diferentes! Lidar com tropas de demoníacos ou de mumus era difícil, mas não era comum que eles aparecessem no mesmo dia ou até mês. Os demoníacos usavam e controlavam os mumus, mas eles eram irracionais demais até para o exército demônio lidar, então eles simplesmente soltavam as feras em nós e deixavam que nos matássemos e quando queriam uma investida mais estratégica eles mesmo apareciam sozinhos e nos atacavam.
Mas agora era diferente, eles vieram juntos! De alguma forma sinistra eles conseguiram ligar a alma dos soldados a coisa disforme que eram aquelas aberrações da natureza chamadas de mumus.
Não dava para saber exatamente quando eles chegaram no meu acampamento, o dia estava querendo amanhecer e eu estava descansando atrás da guarita dos vigias esperando a hora de render uns amigos. Tudo estava calmo e até os guardas pareciam relaxados naquele dia, é incrível como os inimigos sempre aparecem nos momentos mais tranquilos e frágeis.
Meus olhos estavam fechados mas eu podia ouvir claramente as piada que um dos guardas fez, era tão idiota que eu me peguei rindo um pouco, mas em seguida tudo explodiu a guarita foi despedaçada e eu fui jogada para bem longe da onde estava. Meu corpo doeu e tudo girou, depois de alguns segundos percebi que minha testa estava quente por causa de um filete de sangue que escorria sem parar.
Eu olhei desesperada para a guarita e não havia nada além de destroços e uma estranha e maligna névoa acinzentada que cobria cada vez mais o acampamento. Sem pensar duas vezes eu me levantei e comecei a correr, nada havia entrado ainda e os alojamentos estavam a uns cinquenta metros de distância do portão, olhando agora era obvio que todo mundo já sabia que estávamos sendo atacados, mas... Eu não pude evitar, na minha cabeça a única coisa que eu podia fazer era correr e tocar o sino de aviso que agora estava semienterrado entre os destroços.
Eu corri e cheguei a onde estavam os destroços, eu comecei a cavar o sino e quando ele estava praticamente todo descoberto eu puxei, alguma coisa estava presa nele, dei mais um puxão e ele se soltou em um tranco e eu cai sentada. Mas quando eu olhei para baixo uma mão humana segurava a corda de aviso, meu corpo formigou e minha garganta ardeu.
- Ah meus irmãos! Vocês viram eles chegando não é? - Balbuciei enquanto lutava com minhas próprias lágrimas.
Eu tentei respirar fundo, mas um vento quente e fétido atingiu minhas narinas fazendo com que eu prendesse o fôlego e então me dei conta da criatura horrenda de olhos esbugalhados e esbranquiçados que me encarava a menos de um metro de distância. A criatura tinha uma pele marrom escura e viscosa e suas presas superiores e inferiores aram tão grande que saiam a um palmo para fora da boca. Ela abriu a boca e rosnou com força para mim que estava completamente paralisada.
- Olha Penélope! - Riu uma voz rouca e grossa que puxava o ar com muita dificuldade. - Parece que encontramos uma ratinha suja! Que tal brincarmos com ela ?
Por mais estranho que possa parecer a tal Penélope pareceu rir com uma voz quase humana. Meu corpo gelou e meus olhos subiram de Penélope até o seu cavaleiro. O Homem tinha uma pele pálida como se estivesse morto e também tinha um líquido escuro que saia pelos cantos dos olhos e por uma de suas narinas. Eu nunca tinha visto algo tão maligno e absurdo como aquilo, pela primeira vez um medo absurdo tomou conta de todo o meu corpo e eu soube que se não saísse dali com certeza morreria.
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Bastardos
FantasyDurante a tentativa de matar a grande fera assassina que assola sua pequena vila, Tiago e seu melhor amigo Davi terão de ultrapassar seus limites e se aliarem a uma completa desconhecida que os guiará na descoberta de um novo e sangrento mundo fora...