Oi! Eu sou seu monstro...

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O sol bateu no rosto de Tiago e ele levou uma das mãos até os olhos. O clima estava muito  úmido e quente parecia que qualquer coisa que encostava nele era incomoda e a única boa sensação era a terra fria e molhada que se acumulava em seus dedos. Suas roupas provavelmente estavam todas sujas e seu pai com certeza ia brigar com o garoto por causa disso, mas ele não se importava muito com isso agora, o calor era mais forte do que a vontade de não querer ouvir o sermão. 

Uma sombra apareceu e tampou o calor e a luminosidade de seus olhos, ela se espalhou e Tiago abriu lentamente os olhos. 

- O que você está fazendo aí bobão? Era para estar me ajudando a caçar e não relaxando! - Disse Davi chutando a perna de Tiago que se levantou rapidamente.  - Vamos! Eu peguei um pato bem gordinho, se você me ajudar a limpar deixo você levar metade para sua casa também. 

- Tá bom, Vamos até o lago?- Tiago não gostava muito de limpar patos, não por causa do sangue, mas por causa das penas era muito chato ficar arrancando elas. 

- Pode ser! podemos fazer uma fogueira e nadar um pouco depois! - Disse Davi com animação. 

***

A mente de Tiago estava nebulosa memórias e o momento atual iam se misturando como se fossem uma coisa só, hora estava em um campo hora o cheiro de ceira de velas invadia suas narinas.  Tiago tentou se focar no que estava acontecendo, mas seu corpo e sentidos estavam estranhos, a única coisa do que tinha certeza era do calor que irradiava por todo o seu corpo. 

Ele sentiu um solavanco e seus ouvidos captaram um som que lembrava um gemido, Tiago estava com sono e cansado, mal se aguentava em pé, parecia que seu corpo se arrastava, será que ele tinha feito aquele som? Será que estava andando sozinho? Ele não tinha mais certeza de nada naquele ponto. 

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Todos os rapazes saíram da caixa de metal desnorteados com o que tinha acabado de acontecer, foi tudo tão rápido que era difícil entender porque ela havia sequer lutado com os rapazes durante aquele tempo.

Davi andou atrás dos colegas contornando a caixa de metal. As pessoas agora se aglomeravam ao redor dos rapazes com curiosidade parecendo que não haviam notado que um deles não estava mais ali. Entre a multidão Dário o pai de Tiago se aproximou e olhou para os meninos procurando por alguma coisa...

- E então pegaram ela? Onde ela está?! 

Davi serrou os dentes e apertou os punhos. 

- Ela escapou... - Disse Jorge devagar como se estivesse escolhendo as palavras. - E levou o Tiago com ela.  

Todas as pessoas fizeram cara de espanto e a grande maioria se voltou para o líder de meia idade que acabara de perder seu filho adotivo. Dário ficou parado durante alguns segundos sem qualquer reação aparente. Davi olhou para o homem e ele sabia que um grande sentimento de pânico e tristeza se instalaram no homem que olhou ao redor e fechou o rosto em uma fria e raivosa expressão. 

- O que estão olhando? - Disse ele se mexendo de um lado para o outro. - Desmontem esse monte de lixo e reforcem as janelas e portas! Temos que estar preparados para uma retaliação! Eu sei que dessa vez nós machucamos a criatura  e isso não vai ficar barato! Vamos! Todos trabalhando! 

Disse Dário enquanto andava e ordenava tarefas a todos que passavam perto de si. Davi saiu andando atrás do homem empurrando as várias pessoas que passavam andando na direção contrária dele e do pai de seu amigo, não era possível que ele não mandaria nem uma equipe de busca.

- Dário! Dário! O que nós vamos fazer? 

- Já estamos fazendo! Se estiver se sentindo bem, vá ajudar as pessoas da cidade a desarmarem aquela geringonça! Precisamos do ferro para as portas e janelas...

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