Bastardos

A Guerreira Veloz.

Estava chovendo e água  gelada escorria por toda a roupa encharcada e pesada de Davi que tremia de frio, agora os rastros estavam mais apagados  a chuva levara a maioria das provas de que eles haviam passado por ali, mas ele não pensava em desistir a sua intuição estava lhe dizendo para continuar e ela não costumava falhar. 

Quando ele descobriu seu dom achou aquilo tudo muito maluco. Davi sentia esse sentimento estranho sobre alguns acontecimentos, ele sabia se uma situação seria boa ou ruim ou se daria certo ou não a partir de como ele se sentia sobre aquilo, se o sentimento fosse bom a coisa daria certo, mas se fosse ruim todo tipo de problema poderia acontecer o único inconveniente era que isso não acontecia sempre que ele queria era meio aleatório. Já quando se tratava de pessoas ele podia dizer como elas se sentiam a respeito de alguma coisa só de olhar atentamente para os seus olhos e isso ele podia fazer com qualquer um a qualquer hora, essa parte era divertida na verdade, poder saber como as pessoas realmente se sentiam sempre que quisesse ficava mais fácil de saber que garota convidar para sair ou algo assim. 

Davi riu de seus próprios pensamentos e respirou fundo, não podia mais continuar andando mesmo que soubesse que estava no caminho certo, a chuva era muito forte e ele não aguentaria caminhar com sua perna ruim muito mais tempo sem descanso. Ele avistou de longe  uma árvore grande com um buraco no formato de um V invertido e correu para lá, era espaçoso o suficiente para se sentar e esticar as pernas cansadas o que já era muito bom para sua perna magoada. 

 Davi respirou fundo e abriu sua sacola encharcada, as coisas não estavam tão molhadas por causa do couro que revestia o tecido por dentro então pode aproveitar seus biscoitos até que bem, eles não eram tão gostosos mas dava para matar a fome. Ele percorreu novamente a mala com os olhos e viu faixas, talas e outros aparatos médicos que havia pego caso tivesse de remendar seu amigo um pouco.  Talvez ele tivesse exagerado mas serviria para si também. 

Ele pegou umas faixas e uma garrafa de unguento para torções e luxações fez um rápido e improvisado curativo e depois relaxou, apesar de estar todo ensopado o abrigo caia bem. Do lado de fora da árvore ele via a chuva torrencial cair e molhar as folhas das árvores, se não fosse o motivo por estar ali e suas roupas encharcadas e sujas ele poderia até apreciar essa situação. A natureza de fato o encantava muito. 

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O braço e abarriga já estavam costurados e agora Tiago estava macerando algumas ervas para fazer uma pomada anti inflamatória, a garota ficou alguns minutos em silêncio e parecia que ela estava tentando achar as palavras certas para responder sua última pergunta. Ela respirou fundo e olhou para ele. 

- Depois da batalha eu acordei aqui, neste vale, na verdade eu acordei em uma cama  num quarto iluminado por velas.  Era o quarto do filho morto de Anna.  Ela cuidou de mim junto da curandeira da época, Petúnia. 

- Eu me lembro vagamente dela. Na verdade eu aprendi tudo o que sei com a discípula dela. 

- Acho que nessa época ela já não trabalhava mais, deixou os negócios com a aprendiz.  Mas ela cuidou de mim, e acredite eu dei muito trabalho para ela. Na época era proibido se receber forasteiros e as duas tiveram que me esconder.  Perdi as contas de contas vezes elas enfiaram bolas de tecido na minha boca para que eu não gritasse enquanto elas cuidavam do que havia sobrado das minhas pernas. 

- Você disse que perdeu até que pedaço mesmo? - Ela havia dito que perdeu os dois pés mas suas pernas pareciam terminar um palmo abaixo dos joelhos. 

- A criatura arrancou meus dois pés, mas por causa da água e sujeira a que as feridas foram expostas as duas pernas infeccionaram e tiveram de amputar mais um pedaço antes que piorasse.  Minha nossa foi a pior dor que já senti!  Elas usaram algumas ervas mas eu meio que senti mesmo assim.  - Disse ela olhando para as ervas que Tiago preparava.