Kim Cerca

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“É preciso enxergar, mesmo que essa seja a coisa mais dolorosa que irá fazer.”

Um ano e alguns meses antes

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Um ano e alguns meses antes

Na calçada, quando parei para ver se tinha alguma coisa na caixa de correio, a vizinha me olhava com... pena. E eu não entendi o porquê ela o fazia.

Eu estava maluca?

— Isso, Jae, fode com força! Ah meu Deus! — Ouvi uma voz feminina logo que abri a porta de casa.

Olhei para o andar de cima, sem saber se queria confirmar tudo. Não que eu não desconfiasse das suas infidelidades, mas meu Deus, eu iria querer
vê-las em primeira mão? Quão incapaz eu me sentia, a ponto de não saber o que fazer?

— Delícia! Você ah...

Ouvi uns gemidos, que foram direto para as várias rachaduras no meu coração.

Decidi que se fosse para terminar de me afundar, que eu o fizesse rápido. Porque apenas então criaria coragem para me libertar de vez. Não era
idiota, sabia o quanto nosso relacionamento não era saudável pra mim, mas como eu explicaria algo que nem eu entendia? Na minha cabeça, eu sem ele, não era ninguém.

Subi os degraus da escada, olhando para os porta-retratos na parede ao meu lado, de tempos em que eu pensei que o casamento fosse durar para sempre. De tempos em que eu pensei que tudo na minha vida seria ainda mais feliz.

Tinha acabado de voltar de uma viagem à trabalho, exausta pelas cobranças. Jaebeom ainda não entendia o motivo para eu ter escolhido me tornar assistente, ao invés de seguir adiante e usar meu diploma em Literatura. A
verdade era que eu gostava de ajudar as pessoas e por ser extremamente capacitada, ganhava muito bem. Não desmerecia meu trabalho, ele era um trabalho como qualquer outro e me orgulhava de ter feito tantas pessoas quanto possíveis, se levarem mais a sério.

Principalmente atores.

Pugilistas.

Minhas recomendações eram extensas e tudo porque eu mantinha o lado profissional, me dedicando totalmente.

Irene costumava me chamar de Mary Poppins dos adultos.

Eu achava graça na sua referência. Mas se parasse para pensar, era exatamente isso que eu fazia, não era?

Cheguei no corredor e vi a porta do meu quarto aberta.

Meu coração batia descompassado, como se premeditasse o baque que sofreria.

Caminhei devagar, ouvindo os gemidos aumentarem e quando parei na porta. As lágrimas nem ao menos saíram. Não era capaz de chorar, não agora, diante da cena que presenciei. Não seria capaz de chorar por nada depois disso, eu desconfiava.

Como eu era antes de você! (Taennie)Onde histórias criam vida. Descubra agora