Capítulo 7.

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Aqui juntos.

Mew estava despencando de uma altura absurda, o pânico dominava suas entranhas, ele não sabia se olhava para cima, para o céu e as montanhas flutuantes, ou para baixo, onde a morte o aguardava. Mas seu choque mesmo foi quando, em pleno ar, alguma coisa bateu contra seu corpo, o agarrando com braços fortes.

— Segure-se em mim! — Gulf mandou, gritando por cima do vento que rugia ao redor deles.

Mew não questionou porquê o capitão estava ali junto a ele, não havia tempo para dúvidas no momento, então apenas fez o que lhe foi pedido, agarrando o tronco de Gulf com força. O Grasol estava com sua lança dourada em mãos, segurando-a firmemente.

Eles caíam à toda velocidade, se aproximando das árvores de uma floresta escura, mesmo estando de dia.

— Prepare-se para um impacto! — Gulf disse.

Mew fechou os olhos e o agarrou mais firmemente. Quando eles finalmente adentraram a floresta, Gulf enfiou a ponta da lança no tronco de uma árvore, o corpo deles parando de cair com um solavanco, os galhos estalando e arranhando-os. Mew quase caiu com a força da parada.

Eles estavam a 5 metros do chão, pendurados pela lança de Gulf enfiada na árvore, infinitamente distantes das montanhas flutuantes. Foram pelo menos 5 a 6 minutos de queda até ali. Mew soltou do tronco do Grasol e se apoiou em um galho que não parecia que ia se romper com seu peso.

Gulf retirou sua lança do tronco e se apoiou no mesmo galho que o humano, mas, assim que seus pés se encostaram na madeira, uma dor alucinante tomou toda sua perna, fazendo-o perder o equilíbrio e cair. Mew tentou segurá-lo, mas apenas acabou sendo puxado junto.

Eles estavam novamente caindo, dessa vez, de uma altura menor. Se chocaram com um arbusto que amorteceu levemente a queda, mas os arranhou. Gulf xingou alguma coisa na língua dos Waanjai que Mew não conseguiu compreender.

— Você está bem? — O humano perguntou.

Ignorando-o, Gulf se esticou até ficar de pé, quer dizer, ele tentou, pois assim que seu pé direito tocou o chão, ele chiou, precisando se apoiar na lança para não cair.

— O que aconteceu? — Mew também levantou do arbusto, preocupado.

— Não é nada — Gulf respondeu, tentando disfarçar sua expressão de dor.

Mew, sem acreditar, obviamente, se ajoelhou diante dele e tomou sua perna direita nas mãos, escutando mais um xingamento do outro.

— Você torceu o tornozelo na queda — Disse, soltando um suspiro triste.

— Não precisa se ocupar com isso — Gulf se apoiou em uma árvore para não cair, não tinha como puxar sua perna de volta sem sentir dor.

— Se você não puder andar, como vamos voltar? — Reclamou.

Mew tirou de seu bolso uma faixa que pegara mais cedo para aquela expedição, apenas por precaução.

— Preciso colocar o osso de volta no lugar — Disse — Pode doer.

— Eu aguento — Gulf respondeu, já estava ofegante.

Apenas para distraí-lo, Mew massageou sua batata, fazendo um carinho leve, o que atraiu os olhos de Gulf. Então, com apenas um puxão, ele colocou o osso de volta no lugar. Gulf urrou com a dor alucinante, fechando as mãos em punhos, sua outra perna ameaçando ceder com seu peso. Mew agarrou um galho que tinha no chão e enfaixou o tornozelo, usando o galho como um suporte improvisado; tudo isso rapidamente para não incomodar o outro por mais tempo.

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