Coração Interestelar.

Capítulo 11.

Noite de Turanc.

No instante em que Mew se entregou, foi imobilizado e levado de volta para a árvore da Vida, mas ainda foi capaz de ver a expressão surpresa e indignação de Mild enquanto passava por ele.

Não haviam prisões ou presídios ali, então simplesmente amarraram Mew em um quarto vazio, onde as grades foram feitas pelo próprio Mild. Embora a situação não fosse das melhores, Mew não pôde deixar de ficar impressionado quando a madeira se transformou nas grades magicamente.

Ele passou todo o dia naquela cela improvisada, sem poder falar com os irmãos ou saber o que aconteceu com Xiao e Singto; se haviam sido capturados ou se conseguiram sair sem ninguém ver. Simplesmente não sabia. Por essas horas, imaginava que Gulf já deveria ter conhecimento do que tinha acontecido... do que havia feito.

Acabou lembrando do jantar que tinha marcado com os pais dele e se sentiu ainda pior. Com certeza eles também já deveriam saber de seu comportamento nada agradável.

— Todos devem me odiar agora... — Sussurrou para as paredes.

Gulf era o responsável pela segurança dos Waanjais e era sempre suspeito de todos. Mew sabia que tinha agido de forma errada, mas a pior e mais pesada parte era imaginar que Gulf o detestava. Passara o dia inteiro pensando naquilo, em tudo que envolvia Gulf e... no que sentia.

Quando a noite chegou, as grades foram abertas e dois Guerreiros – junto de Mild – o tiraram de lá. Mew foi levado para o salão do trono, onde todo o conselho e outros inúmeros Waanjais estavam reunidos para aquela assembleia.

Haviam comentários e um burburinho entre a multidão, mas todos se calaram quando Mild sentou diante de seu trono. Mew percebeu que Gulf não estava lá, mas viu seus irmãos reunidos no canto. Singto e Xiao entre eles, indicando que não haviam sido capturados.

— Estamos aqui reunidos para falar de uma grave traição cometida pelo humano Mew Suppasit — Mild falou em alto e bom som — Sem permissão alguma, ele violou o solo sagrado das raízes da Árvore da Vida.

A população exclamou em choque e ultraje. Mew se perguntou se os pais de Gulf estariam ali.

— Como um forasteiro sem o mínimo de respeito por nossa cultura, eu proponho expulsá-lo, junto de seus companheiros — Um dos membros do conselho propôs.

Mew olhou para os irmãos com pesar, mal fazia um mês que estavam ali, mas já haviam bagunçado tudo.

— Uma proposta interessante... — Mild disse — Mas vamos ouvir o acusado.

— Meu senhor, eu juro que não tive a intenção de ofendê-lo, ou a ninguém aqui — Mew disse — Admito meu erro, fui movido pela curiosidade de saber mais sobre esta árvore, sobre vocês que eu...

— Você deveria saber, Mew, que algumas coisas não foram feitas para serem estudadas — Max disse, decepção em seu tom — Principalmente de uma forma tão grosseira.

Tul olhou com pesar para ele, não tirava sua razão, mas era desconfortável vê-lo falando daquela forma com seu irmão.

— Eu realmente, profundamente, sinto muito — Mew falou com tristeza.

— Suas desculpas não remediarão seu desrespeito — Um dos membros do conselho disse.

— Então está decidido? — Mild olhou para a população, em seguida para seu conselho — Eles deverão ser expulsos.

— Expulsá-lo? Ele violou não somente o solo das raízes, como também a seiva sagrada! — Um dos membros do conselho que encontrou Mew declarou — Ele merecer ser executado!