Capítulo 15.

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Conversas.

— O que aconteceu na lagoa foi... incrível e eu nunca me senti assim antes — Mew disse, não conseguindo sustentar o olhar com o outro — Você é tudo que eu nunca sequer cheguei a sonhar, vai além de qualquer capricho e... o que eu sinto por você é tão grande que meu peito fica pesado.

Mew sentia seus olhos quererem marejar com apenas aquelas palavras, sua língua parecia a ponto de queimar por falar daquela forma.

— Eu assumo culpa por isso — Continuou — Se apaixonar é inevitável, pois não controlamos o coração, mas se permitir continuar algo que você sabe que é errado é controlável. E mesmo percebendo o que sentia, que algo estava mudando em mim em relação a você, eu não me afastei... não evitei.

Gulf ouvia tudo atentamente e em silêncio, apenas imerso nos próprios pensamento enquanto absorvia o que o outro falava.

— Me dói tanto falar isso... mas nós dois sabemos o quanto seria... errado se ficássemos juntos.

Ele respirou fundo para controlar as lágrimas, mas tinha dito tudo o que precisava.

— Não deveria ser errado — Gulf disse, atraindo os olhos de Mew — Não deveria ser errado — Repetiu com um pouco mais de convicção — Não deveria, pois eu não me sinto errado. O que eu também sinto por você nunca pareceu tão certo. Você me fez questionar meu juramento, e não por culpa sua, mas porque eu me sinto errado.

Mew o encarava abismado, não conseguiu desviar dos olhos de Gulf, sentia todo o seu corpo se iluminar por aquele olhar dourado.

— Meu povo me considera o Guerreiro mais forte que já existiu, pois eu venci mais batalhas do que se pode contar — Gulf continuou — E eu sinto que está é mais uma batalha que eu preciso enfrentar, pois eu quero lutar por nós.

Gulf sempre falava o que sentia, sempre foi assim. Xingava Mew quando fazia algo errado, o elogiava quando conseguia acertar, pois, acima de tudo, era sincero. E, naquele momento, ele quis ser verdadeiro. Sabia o que estava sentindo e sabia que Mew também sentia, não havia razões para esconder isso. Já havia um tempo que pensava o quanto o juramento de Guerreiro parecia excessivo.

— E quando eu tiver que ir embora? E se eu nunca mais voltar a ver você? Então o que será de nós? — Mew questionou.

— Então eu esperarei você, mesmo que nunca volte, olharei para a floresta e lembrarei de nosso tempo lá. Me banharei no Hydrozoa e recordarei de seu beijo — Gulf falou, sua voz falhando por um instante — Não é como se eu pudesse amar outro alguém, não é mesmo?

Mew não conseguiu rir.

— Isso não será doloroso? — Perguntou.

Gulf respirou fundo, puxando a cadeira mais para perto e segurando a mão de Mew.

— Já é doloroso agora não poder ficar com você, sendo que está bem diante de mim, mas seu eu tiver a oportunidade de criar mais memórias com você assim, eu as terei de companhia — Disse, as lágrimas começando a brilhar em seus olhos — Terá valido a pena.

Mew o encarou por mais um longo instante, as lágrimas pesadas em seus olhos começavam a rolar. Todo este tempo vinha evitando se envolver, pois sabia o quão doeria quando tivesse de partir, mas não valeria a pena viver aquele momento? Aproveitar do sentimento que só crescia em seu peito? Além do mais, não havia o que fazer, já estava perdidamente apaixonado.

— Foda-se a estrada larga — Ele sussurrou, lembrando-se das palavras do irmão.

Gulf o encarou confuso por apenas um segundo antes de Mew puxá-lo para um beijo. Ali estava sua resposta, tudo o que queria estava ao alcance de seus braços e ele nunca se sentiu tão genuíno, uma felicidade que não sentia havia tanto tempo. Era como se Mew fosse a luz em um dia de chuva e ele o agarrou com afinco, fazendo jus ao nome Grasol, que nada mais queria dizer que "seguidor da luz".

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