Coração Interestelar.

Capítulo 17.

Estrelas.

— O que é isso? — Mew perguntou, olhando ao redor.

— O festival das estrelas — Gulf respondeu.

Diante da árvore da Vida, praticamente toda a população Waanjai estava reunida; haviam algumas mesas com comidas, mas todos estavam sentados no chão em cima de panos estendidos e almofadas. Haviam enfeites feitos de madeira pendurados e estatuetas, algumas figuras de papel e crianças pintadas.

Pela primeira vez a floresta parecia apagada desde que o "sol" de pôs, apenas algumas poucas plantas brilhavam. Tudo parecia preparado para aquele evento, estavam apenas aguardando.

— O que é o festival das estrelas? — Mew perguntou enquanto acompanhava Gulf até uma das mesas.

— É um evento que acontece apenas uma vez por ano — Gulf disse, parando diante de uma mesa com tintas — É quando nossos ancestrais enviam estrelas para iluminar o céus para nós.

Gulf explicou, abrindo um pote de tinta amarela e se aproximando de Mew.

— É o que dizem — Completou.

Com um toque delicado, Gulf começou a fazer desenhos no rosto de Mew com a tinta, passando por sua testa e queixo. Mew o encarou durante todo o processo.

— Devemos honrá-los com fartura e dança — Gulf disse, sorrindo.

Subtamente, Mew molhou o dedo no pote de tinta amarela e desenhou no rosto de Gulf também, fazendo espirais em suas bochechas e uma flor em sua testa. Um girassol.

— Vamos sentar juntos? — Perguntou, sorrindo.

Gulf sorriu levemente, desviando o olhar enquanto o guiava para que sentassem um pouco afastados do meio, onde a maioria se aglomerava. Mew viu seus irmãos sentados em algum ponto junto de Max. Viu War junto de um Waanjai de lábios grossos e olhar sério. Viu também Kran e Nuch sentados juntos com alguns amigos ao redor. Todos estavam apenas aguardando o início do festival.

— Já vai começar — Gulf falou, puxando o outro para sentar ao seu lado.

Mew riu com a animação do Grasol, mas imaginou que era plausível, bastou olhar para cima.

Um pequeno ponto de luz cortou o céu noturno, veloz como uma estrela cadente. Logo após ele foi seguido por outro, então outro, até que o céu fosse tomado por inúmeras estrelas incandescentes. Elas deslizavam pelo céu em um espetáculo de tirar o fôlego, eram hipnotizantes de uma forma que Mew quase não percebeu quando a mão de Gulf roçou na sua; ele olhou para o Grasol, então entrelaçou seus dedos, tomando cuidado para que os outros não vissem, embora, todos estivessem focados em assistir ao show.

Ele se curvou e sussurrou no ouvido de Gulf, no meio de todos os outros, diante daquela chuva de estrelas:

— Eu amo você.

Gulf virou para ele com choque estampado em sua face, surpreso, absorvendo aquelas palavras. Então, respirando fundo ele sussurrou de volta.

— Eu também amo você.

As luzes das estrelas refletiam no rosto deles como uma balada, escuro e claro em questão de segundos. O momento perfeito e, por mais que não pudessem se beijar ou deixar os outros verem o que sentiam, conseguiam demonstrar todo aquele amor que transbordava em suas almas através daquele único olhar.

Uma certeza, uma sintonia, um coração e uma única pessoa, mas incontáveis sentimentos. Era isso que transmitiam. Era o que sentiam.

Não poderiam dançar juntos durante a festa depois daquilo, mas aquele momento se mostrava o suficiente, a certeza de que estariam juntos independente do mundo vê-los ou não.