Por que ela não me ama?

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     Desde o pedido de namoro de Yeonjun, ele e Soobin não se desgrudaram mais. Passaram a semana toda se encontrando, mesmo que fosse na faculdade e tiravam um tempo apenas para eles. Beomgyu já estava achando que estava perdendo o irmão.

— Não estou gostando, você nem conversa mais comigo, era mais divertido quando você passava a noite xingando ele para mim.- Falou se deitando na cama de Soobin, que estava fazendo coisas da faculdade.

— Estou ocupado, será que dá para fazer o seu drama mais tarde? 

— Não, não dá. Eu estou falando com você, seu chato.- Jogou a caneta que tinha em mãos no irmão.

— Você queria que eu namorasse com ele, por que agora está reclamando? 

— É que você se tornou um chato depois disso. E sem você aqui a mãe nem fica comigo no mesmo lugar, ela me odeia.

— Ela não te odeia. Só que ela teve dificuldade para ter vínculo com você. Se você me deixar terminar essa atividade, eu passo um tempo com você.

— Promete? — perguntou e Soobin assentiu — Então vou tomar banho e já volto.- Saiu do quarto animado. Soobin olhou para o celular e havia recebido uma mensagem do Yeonjun.

         Junnie

Yeonjun: Está fazendo o que agora?

Soobin: Uma atividade da faculdade, depois vou passar um tempo com o pentelho do Beomgyu.

Yeonjun: Que pena, eu ia te convidar para vir aqui em casa.

Soobin: Eu já disse que eu não durmo na sua casa.

Yeonjun: Sim, eu já entendi. Você sempre repete a mesma coisa.

Soobin: É pra ver se você entende.

Yeonjun: Está bem, está bem. Vou deixar você terminar sua atividade.

      Ele desligou a tela, voltando a atenção para o computador sua frente. Quando terminou Beomgyu invadiu seu quarto novamente, se jogando ao seu lado.

— Eu me pergunto o que aconteceu entre você e o Taehyun.- Falou consigo mesmo.  

— Ele está sendo birrento. Ciumento do caralho. Eu estou morrendo de raiva dele, ele consegue ser irritante quando quer.

— Então é por isso que você está tão carente. Falta de…

— Não continua!

— Certo. Eu não vou ser irritante como você é comigo. — Falou e virou a cadeira, ficando de frente para Beomgyu. — Sobre o que quer conversar? Não entendo.

— Eu só… queria saber como ficar mais perto da mãe, sabe? Ela toda vez parece me negar, me odiar. Por que ela não me ama, como ama você?- Falou e Soobin balançou a cabeça afirmando. — Talvez porque eu seja o pior filho do mundo, provavelmente.- — Como eu já lhe falei, a mamãe apenas não consegue ter uma relação com você por bem… você não ter sido tão esperado. Você meio que nasceu do nada. A mamãe não estava pronta para você. — Falou e assim chegou perto do irmão, se jogando na cama também. — Ela gosta de você, só não sabe como se aproximar ainda. Mas isso não quer dizer que ela não te ama. Tenta entender, vai.

— Mas ela sempre fica longe de mim quando eu chego, ela gosta mais de você do que de mim. Você é o filho perfeito, eu sou apenas uma aberração inútil.- Falou com seus olhos meio marejados. — Do mesmo jeito que você diz que é para eu entendê-la, ela deveria me entender, mas ela só não liga. É tão difícil assim ser Choi Beomgyu? É tão difícil ela me amar? Lembrar do meu aniversário? Toda demonstração de afeto dela eu sinto que é forçada, eu só não entendo porquê tudo isso. - Ele falou e assim começou a chorar feito um bebê. Soobin apenas abraçou o irmão, sabia o que ele sentia, afinal, acabou presenciando tudo na gravidez da mãe, a perda do pai e o sofrimento da mãe.

Os garotos poderiam apostar tudo, menos que a mais velha havia chegado do trabalho e escutado tudo atrás da porta, como ela sempre teve o costume. Nenhum de seus filhos eram próximos de si direito, mas eles eram tudo que ela tinha. Ela até acabou se formando em medicina para poder cuidar deles direito; caso tivessem um machucado ela saberia como cuidar… saber como Beomgyu se sentia era um alívio para ela, já que ela já sabia por onde começar.

A mais velha saiu de perto da porta, indo em direção à cozinha. Naquele dia ela iria fazer um belo jantar para seus dois e únicos filhos. Ela nunca havia feito isso antes, por causa do trabalho e cansaço. Porém, por mais que ela estivesse deveras cansada por causa dele hoje, essa exaustão era menos do que as de antes. Ela amava cozinhar e antes de se formar em medicina, até pensou em fazer gastronomia, mas não deu certo. Não pelo fato dela não saber cozinhar, mas sim porque ela acabou engravidando de Soobin, e por causa disso, ela decidiu se formar em tal área. Ela amava Beomgyu, era o certo de se falar, mas a questão era que ela nunca soube demonstrar isso, e esse bloqueio emocional com ele lhe machucava profundamente. Dona Choi queria, mas não conseguia. O garoto não foi uma gravidez esperada, por isso que ela não estava pronta; até hoje não está para isso. Ela nunca negou seu filho, mas uma das coisas que ela pensou foi sim em abortá-lo, que de certa forma é uma negação. Porque não estava pronta psicologicamente ou mentalmente para mais um filho. Soobin dava um pouco de trabalho, mas ela conseguia dar conta dele. Mas a gravidez do segundo garoto foi muito conturbada.

O barulho da porta do quarto dos garotos se fez presente quando Beomgyu saiu de lá, com Soobin atrás dele. O garoto de cabelos longos e com algumas mechas acinzentadas estava coçando os olhos, que estavam meio vermelhos por causa do choro.

— Mãe? — falou o mesmo. — Por que está na cozinha? Você não deveria estar descansando? — Perguntou e até mesmo Soobin achou estranho. Desde que ele havia nascido, nunca havia visto sua mãe na cozinha direito. 

— Verdade, a senhora nunca cozinhou para nós dois. — Falou e olhou para Beomgyu e para a mais velha, que soltou um sorriso.

— Percebi que eu devo ser um pouco mais mãe, porém não se acostumem com isso, está bem? — Falou e os dois acabaram rindo. — Agora lavem as mãos e venham comer, porque eu acabei de terminar.- Ela falou e assim ambos fizeram o que ela mandou.

O jantar foi rápido, os garotos comeram bastante e realmente aproveitaram a comida da mais velha.

— Eu não sabia que a senhora cozinhava tão bem…

— Existem várias coisas que você não sabe ainda sobre a sua mãe querido, Beomgyu. — Ela soltou e Soobin riu. Talvez ela estivesse forçando um pouco a barra, mas ela pelo menos estava tentando. O garoto apenas deu levemente de ombros e acabou saindo, e indo diretamente para o quarto. Claro que ele havia levado o prato para a pia e o lavado antes.

— Acha que eu estou indo bem, Soo? — Perguntou ela para Soobin, que era o único que estava com ela agora no momento.

— Acho que a senhora deveria continuar tentando, em algum momento, querendo ou não, vocês vão ser próximos, acredite em mim. — A fala dele fez com que a mais velha sorrisse, e o sorriso dela era idêntico ao de Beomgyu. Ela se levantou pegando os pratos consigo e indo para a pia, os lavar.

Naquela noite havia sido a primeira de várias tentativas para se aproximar de seu filho mais novo e mais rebelde: Choi Beomgyu.















Can You Love Me? ( Yeonbin )Onde histórias criam vida. Descubra agora