Past

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Fazia cinco horas que eu estava sentado na porta do apartamento do Michael, mas ele não tinha saído de casa ainda. Estava frio e o chão era desconfortável, mas eu continuava ali na esperança de poder falar com ele. Pelo menos falar que eu o amava.

O tempo passou devagar e nada, eu estava começando a ficar preocupado. Levantei-me e quando eu ia bater na porta, ela se abriu revelando um Michael com olheiras, uma toca na cabeça e pele mais pálida que o normal. Quando ele me viu, seus olhos se encheram de lágrimas e os meus também.

Tentei falar com ele, só que ele passou por mim sem olhar para trás. Minhas esperanças morreram quando o vi entrar no elevador e abraçar um cara que não deu para ver o rosto. Ele não queria mesmo ficar comigo.

Saí do prédio e voltei para casa, tentando não chorar pelo caminho. Entrei em meu quarto e fiquei jogado lá. De repente meu celular toca. Atendi e a voz de Alex me mandou ir até o McDonald's mais próximo da minha casa. Fui sem animo, mas logo mudei quando vi que Mike estava lá, mas ainda estava com um cara. Sentei-me na cabine ao lado da deles e escutei a voz dele falando. Como eu senti falta daquela voz, mas ela estava triste e eu pude perceber que Michael estava chorando.

– Eu sou um idiota. Como eu não percebi que ele era menor? Como? Eu me sinto igual àquele verme. – quem era "aquele verme"?

– Michael, calma. – a voz do outro cara soou. – Você não fez nada demais. – houve uma pausa e o cara voltou a falar. – Certo, desculpa. Mas entende, você ama aquele garoto, e pelo que pude perceber ele também te ama. Ele deu a virgindade dele pra você, Mikey. – meu sangue ferveu com outra pessoa chamando o MEU Mikey de Mikey. Cerrei os punhos e continuei ouvindo. – Transar com um cara que você ama, mesmo que ele seja menor não te faz igual ao estuprador da sua mãe.

Senti meu corpo fraco, o gosto de bile encheu minha boca e eu pensei que iria vomitar ali mesmo. Como assim estuprador da mãe do Michael? Como assim? Só então eu percebi a burrada que eu havia feito. Eu queria morrer naquele instante. Eu devia ter esperado. Meu aniversario era apenas em um mês, eu devia ter esperado ter completado dezoito anos. Agora Michael estava se comparando com estuprador da mãe dele, por minha causa. O que eu poderia falar. Só percebi que estava chorando de novo quando senti uma gota cair na mesa.

– Eu me sinto desse jeito.

– Mikey, ir pra cama com quem você ama não é crime, nem pecado. É só amor. Eu não estou defendo o garoto, mas pelo amor de Deus, vocês se amam.

– Eu não sei como eu posso ser detetive de casos de violência sexual agora.

– Mike, é só você terminar o curso.

– Eu me sinto sujo. – saí do lugar em que estava e parei no meio da rua. A ancia de vomito me tomava e corri o mais rápido que pude até minha casa.

Quando cheguei em casa, corri para o banheiro mais próximo e deixei a ancia me tomar. Vomitei até não ter mais nada no meu estomago e ver a bile tomando conta do vaso. Consegui me controlar e fiquei escorado no box não sei quanto tempo. Olhei para a janela e já estava escuro. Saí do banheiro e passei por minha mãe e a abracei com toda força que eu tinha e ela me levou até meu quarto. Dormi com ela ao lado, sentindo nojo de mim mesmo. Eu esperava não acordar para o resto da minha vida.

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