Again

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Fazia quatro semanas que eu havia descoberto sobre o passado de Michael. Quatro semanas em que eu me sentia mais sujo a cada segundo que passava. Quatro semanas que eu queria morrer por ser tão apressado, tão idiota, por não ter dito a verdade, por ter sido egoísta o suficiente para ter feito tudo sem, pelo menos, pensar nas consequências que aquilo teria na vida de cada um de nós.

Levantei-me da cama como nos últimos dias, como se eu estivesse no inferno e Lúcifer estava me torturando pessoalmente. Não havia tido um dia em que eu não me crucificava por fazer Michael se sentir como um monstro. De repente meu celular tocou me tirando das minhas lamentações. Olhei o visor e uma foto de Ashton fazendo uma careta apareceu. Atendi sem interesse nenhum.

– Oi?

– Oi, Lukey. Hoje vamos comemorar o seu aniversário!

– Ashton...

– Nem pense nisso, mocinho. Você não pode viver a sua vida sofrendo desse jeito.

– E quem disse que eu tô vivendo?

– Luke, por favor.

– Onde você quer me levar?

– Em algum lugar só nós dois. Vamos nos divertir que nem antes.

– Você tá namorando. Ashton.

– Isso não me impede de sair com meu melhor amigo. E outra, Calum disse que vai fazer companhia pro...

– Michael...

– É...

– Me busca às sete?

– Fechado.

Não sei como passei o dia, não sei o que os professores falaram, não prestei atenção em nada. Aquele dia estava sendo pior do que os outros, simplesmente pelo fato de ter ouvido que Calum estaria fazendo companhia a Michael, e eu tinha certeza que, como bom amigo que ele é, iria levar Mike para sair. As piores cenas passaram por minha cabeça. Michael com algum cara, Michael bêbado na cama com outro cara e assim iam meus pensamentos, sempre Michael com algum outro cara.

Quando finalmente eu pus meus pés nos chão, eu já estava no carro com Ashton cantando alguma coisa. Olhei para baixo e percebi que estava arrumado, mas eu não me lembrava de nada.

– Como eu...?

– Eu escolhi as roupas, pus você embaixo do chuveiro e você fez o resto sozinho. Bem, até a parte de vestir a roupa. Eu ainda tive que arrumar seu cabelo, passar perfume em você e pegar sua carteira e seu celular. Ah é, hoje você não precisa da identidade falsa já que meia-noite você var ter dezoito anos.

Chegamos à um barzinho lotado de pessoas, a maioria já passando da hora de parar de beber, outras alegres demais e algumas poucas sóbrias. Entramos e fomos direto para o bar e Ashton fez nossos pedidos.

– Identidades. – entregamos para o barman e ele sorriu para mim. – Parabéns, aniversariante! Primeira rodada por conta da casa.

Bebemos algumas rodadas, Ashton pagando todas que não eram por conta da casa, que foram muitas. O barman piscava para mim toda vez que eu pedia alguma coisa. Eu estava gostando daquela atenção, mas quando uma cabeça azul passou pela porta do bar meu coração saiu pela boca e eu só queria cavar um buraco, me enterrar nele e ficar lá para sempre.

Tentei ignorar, mas eu não consegui tirar os olhos de Michael nem por um segundo. Nesse ponto eu já tinha parado de beber e Mike já estava bêbado demais para ficar de pé. Ele esbarrou em um cara que o agarrou pela cintura e começou a dançar com ele. Fechei meus punhos e fiquei longe, mas quando o babaca colocou sua boca suja na boca do MEU Mikey, eu fui até lá e tirei Michael do bar.

– Onde tá a chave do carro? – perguntei sério.

– Lukeyyyyyyyyy!

– Michael, cadê a chave?

– Por que você tá tão sério? – procurei por todos os bolsos que ele tinha e finalmente achei a chave no bolso de trás da sua calça. – Não seria melhor esperar até chegarmos em minha casa? – rolei os olhos e o pus no banco do carona do carro e dei partida. O levei até seu apartamento e o coloquei no sofá. Comecei a andar para ir embora, mas ele segurou meu braço. Ele murmurou alguma coisa que eu não entendi.

– O que?

– Não vai embora.

– Michael...

– Luke, você não sabe o quanto eu te quero. Eu não aguento mais.

– Michael, eu não posso.

– Por quê? – ele olhou para mim com os olhos cansados e cheios de lágrimas.

– Porque eu já fiz você me odiar uma vez. Eu não quero que me odeie mais.

– Eu nunca te odiei. – ficamos em silencio por um tempo e ele me puxou para que eu ficasse da sua altura. Seus olhos se fecharam e ele roçou seus lábios nos meus. Meu corpo todo se arrepiou e ficou em alerta. – Por favor. – ele repetiu essas duas palavras até que eu finalmente o beijei.

Eu sabia que era um erro, mas eu também sabia que seria minha última oportunidade de ficar com a pessoa que eu mais amo no mundo todo.

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