Capítulo 1 - Ventos do dragão

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Era dia dos espíritos na pequena cidade de Sinelan, as ruas, geralmente tão quietas e vazias, estavam com um alvoroço típico desta época do ano, todos os sorrisos e crianças correndo me deixavam feliz e por aquele motivo decidi ir empurrando a bicicleta até minha casa, era uma caminhada longa e com muita subida, o sol quente, que agora quase chegava ao limite visível do mar estava em seu auge, o mormaço quente daquela época do ano era peculiar, e eu ainda sentia meu corpo sofrer com isso, já que aonde moravamos antes sempre era frio e cheio de flocos de neve caindo do céu aberto, limpei uma gota de suor e logo a frente vi Hiroshi acenando pra mim.
- Oi! Chihiro-chan!!! - Acenei de volta feliz por reve-lo.
- Olá! Hiroshi-sama! Não devia estar ajudando nos preparativos do almoço comunitário??? - Ele inclinou a cabeça, sorriu e seus olhos quase se fecharam.
- Hehe, eu fui até lá, ajudei um pouco e resolvi voltar pra casa, meu pai anda com problemas para andar e fiquei com medo de deixa-lo sozinho. - Coçou a nuca, seu rosto ficando vermelho.
- Aliás! Chihiro-chan, como estão os preparativos da festa? - Perguntou andando ao meu lado.
- Eu e a yumi-chan trabalhamos o dia todo nas velas flutuantes e todas nós chegamos a uma conclusão de dar uma para cada pessoa que trouxer algum tipo de comida, o que você acha Hiroshi?
- Ah... Eu, bom... Acho isso nobre. - Seus olhos negros desceram para minhas mãos e segui seu olhar, minhas mãos estavam com algumas feridinhas, mais com a agitação toda do fim de ano eu mal tinha notado, sorri sem graça.
- Ora? Não se preocupe! Isso não é nada! Apenas alguns machucadinhos não são nada né?
- Acho que devia cobrar uma quantia em dinheiro por cada uma. - Suspirou Hiroshi, seu cabelo vermelho parecia quase cintilante com os raios do pôr do sol.
- Bom, de qualquer maneira todas nós já descidimos isso, não temos como mudar de ultima hora, e mesmo que pudéssemos fazer isso eu não iria querer que nosso ultimo ano na escola fosse concluído dessa forma. - Ele sorriu e colocou a mão na minha cabeça.
- Fazer o que... Se é isso que você quer, Chihiro-chan. Aliás já se decidiu sobre o que fazer ano que vem? Vai estar livre das correntes estudantis afinal.
- Hum... - Detilhei o dedo no guidão da bicicleta. - Talvez eu monte uma oficina de bicicletas como você. - Falei animada e ele arregalou os olhos.
- O qu... Nem pense nisso!
- Hã??? Porque?
- Sinelan só tem uma oficina de bicicletas, a da minha família, nós não gostariamos de ter um concorrente, e isso seria mais horrivel ainda se essa concorrência viesse da minha amiga.
Suspirei com suas palavras e concordei.
- Bom então... Ah! Talvez eu crie uma ong de limpeza marítima! Isso sim não atrapalharia nossa amizade, não é Hiroshi-sama? - Ele deu risada e concordou.
- Sim... Isso séria algo perfeito para você, mais conseguiria se manter com algo tão sem lucros assim? - Olhei para a orla, rua abaixo, o mar brilhava tão lindamente que senti meu peito se encher de confiança, já conseguia ver as pessoas nadando e brincando nas margens da praia, balancei a cabeça.
- Sim! Claro! E com o tempo irei não só limpar essa praia, mais todas as outras além dessa, yumi-chan disse que virá comigo. - Sorri.
- Oh, se é assim, considere meus serviços como seus.
- Ter vocês dois ao meu lado é tudo que eu preciso pra fazer isso dar certo. - Olhei para o pequeno sobrado no final da rua, já estava escurecendo e a casa parecia fria e sem vida.
- Bom. Nos vemos hoje a noite! Chihiro-chan!
- Claro! Até depois! - Acenei até vê-lo virar a esquina, deixei a bicicleta proxima a porta e entrei, o cheiro de ensopado de peixe era contagiante e fez meu estomago grunhir furiosamente, minha avó Yasu se virou, era uma senhora baixinha e curva, seus vestidos, sempre cheio de babados a davam um ar ainda mais redondinho.
E sua trança cinza que caia sob as costas era sua marca principal, e o que eu achava mais bonito nela.
- Hehe, estou em casa, vovó. - Senti meu rosto vermelho.
- Isso são horas de chegar Chihiro? - Mordi a lingua e sorri me aproximando em quanto lhe dava um abraço apertado.
- Eh? Não fique brava vovó, veja! Colhemos nabos e batatas no jardim do colégio, a diretora me pediu para mandar a senhora um gentil e imenso abraço e espera muito ver a senhora hoje no colégio. - Vovó analisou o conteúdo da sacola.
- Ora aquela velha... - sorriu guardando tudo em um cesto.
Então ela me olhou, fiz minha melhor cara de auto piedade que consegui, e juntei minhas mãos.
Ela suspirou olhando para o teto.
- Essa garota... O que ainda esta fazendo parada aqui mocinha? Vá se trocar, hoje eu vou mostrar para aquela velha como se bebe rhum de verdade. - Deu risada e animada, corri escadaria acima e entrei no meu quarto, desde o dia em que aconteceu o acidente de carro dos meus pais a temperatura daquele quarto, e o do quarto de casal onde os dois dormiam era extremamente baixa e me incomodavam de tal forma que eu evitava ao maximo ficar ali muito tempo, rapidamente peguei meu kimono e corri porta forá, todas as noites eu enrrolava para subir para o quarto, mechendo no jardim de casa ou cozinhando, esperava yasu-sama subir e então dormia no sofá, não queria preocupa-la, já que ela poderia achar que era trauma, então evitava ao maximo demonstrar anomalias desnecessárias, graças a isso fiquei 2 anos com grandes olheiras abaixo dos olhos, agora, com 18 anos eu simplesmente passava um pouco de base abaixo deles.
Terminei de tomar banho quando ouvi vozes no andar de baixo.
- Chihiro?? Está pronta??? - Vovó gritou lá debaixo e prendi meu cabelo castanho com meu laço vermelho favorito que combinava um pouco com o kimono branco.
Desci as escadas aos tropeços e sorri ao ver Yumi-chan.
- Yumi-chan! Você não ia ir com as suas irmãs...? - Ela sorriu, seu kimono azul escuro e seus cabelos negros e cacheados a davam uma áurea assustadora.
- Puf, elas não precisam de mim. - Cruzou os braços. - Estão ocupadas demais com a festa do colégio delas pra me notarem.
- Seu rosto estava raivoso e derrepente ela começou a fungar o ar.
O cheiro de ensopado invadiu meu nariz e minha barriga roncou novamente.
- Nossa! Que cheiro delicioso! Vamos logo, temos muita comida pra comer! - Falou animada.
Estavamos proximas a orla do mar quando um grupo de mulheres com um pouco mais de idade se jutaram a minha avó que conversava animadamente com todas elas.
- Vejamos o que a velha kin-sama tem a dizer sobre meus músculos! - Exclamou animadamente e as outras mulheres riram.
- Waaaaaaw... - Suspirou dramaticamente yumi.
- Fracamente... Não entendo a risha destas duas.
- Elas são inimigas desde o colégio, acho que rivalidade é como o ar pra elas. - Expliquei caminhando um pouco mais atrás com Yumi.
- Certo. É um modo bem inútil de se gastar energia, e já que estamos falando em inútilidade, não vi o hiroshi o dia todo.
- Ah, ele estava cuidando do pai dele, não soube que ele machucou a perna? - Perguntei e ela deu de ombros.
- Soube, provavelmente foi fugindo de algum marido furioso de alguma de suas aventuras.
- Yumi-chan! - Resmunguei surpresa com sua escolha de palavras.
- Não diga essas coisas, Hiroshi tem muita dedicação ao pai se algum desses boatos se espalhar e ele ouvir isso pode acabar com o relacionamento deles. - Yumi franziu o cenho.
- tsc. Toda a cidade sabe sobre o pai dele, uma hora ou outra ele vai ter que enfrentar a realidade, e finalmente parar de colocar o velho em um pedestal.
- Sim, sim... Mais, vamos deixar esse assunto de lado por hoje? Estamos aqui para se divertir, todos! inclusive o Hiroshi-sama.
A musica já era nítida quando chegamos a porta do evento, todos trajavam suas roupas típicas da época, havia barracas de comida em ambos os lados da rua, luzes estavam espalhadas por todos os lados e pessoas de outras regiões também andavam animadamente disfrutando de toda a comida e música ao vivo que tocava um pouco mais a esquerda no pátio de dança.
Vi Akira-chan com seu violino na banda, ele era um ano mais novo que eu e eramos vizinhos de sala nos dois ultimos anos de escola, apesar de seu tamanho e seu porto delicado que o davam uma aparencia angelical ele era muito inteligente e ágil e me ajudava sempre que eu pedia com as matérias, diferentemente de Hiroshi, que saiu da escola antes de conclui-lá para ajudar no negócio da familia, Akira já tinha duas faculdades garantidas para seu futuro.
Acenei para ele animada e ele sorriu gentilmente.
- Yumi e louca-chan. - Ouvi a voz debochada atrás de mim e me virei. Infelizmente graças as luzes da festa eu conseguia ver o olhar debochado da Firo-san.
- Tomou seus remédios hoje? Hum? Garotinha assustada. - Ela fez biquinho e sorriu, aparentemente feliz com seu comentário.
- Não entendo qual é o seu problema comigo, se eu te fiz algo, peço que me diga e não fique tentando me humilhar por causa do meu passado. - Pedi e ela grunhiu.
- Você não precisa fazer nada comigo, louca-chan. Só que simplesmente é divertido mexer com você, não é nada pessoal, tolinha, olhe para a sua avó e a kin-dono. - Olhei na direção que ela apontava, a uma mesa estavam as duas e algumas pessoas ao redor assistindo a disputa de queda de braço de ambas.
Firo-san pegou um fantoche do bolso:
- Viu, chorona? O que você vai fazer, uh? Correr pro túmulo da mamãe e do papai?
- Pare com isso! Eu não quero mais te ouvir, vá embora daqui! - Yumi arrancou o fantoche da mão dela e o jogou longe.
- Você ouviu a Chihiro-chan? Vá embora daqui antes que eu leve sua alma pro inferno. - Yumi emanava tal energia negativa que em segundos vimos os cachos ruivos da garota sumirem entre os integrantes da festa.
- Fiuf, garota irritante. - Suspirei aliviada.
- Oie! yumi-chan! Chihiro-chan! - Hiroshi se aproximo animadamente com dois copos de vinho na mão e os entregou.
- Vi vocês chegarem e como a fila estava grande resolvi pegar para vocês também.
- Ora, isso é muito gentil, obrigada! - Agradeci tomando um gole.
Ele coçou a nuca sorrindo.
- É um idiota mesmo. - Resmugou yumi bebendo.
- Aliás acabei de passar pelas velas que vocês prepararam, estão realmente maravilhosas.
- Ah é mesmo! Yumi-chan, Hiroshi-sama, nós vemos depois! - acenei correndo, tinha esquecido completamente da minha vela na sala de aula. Todos os anos eu reciclava coisas úteis da praia e as transformava em vela flutuante, e fazia as minhas com dragões. Lembro-me que quando era mais nova, era obcecada por dragões, minha avó sempre dizia: "A sabederia e força são representadas por ele, por isso são tão adorados".
De fato eram encantadores e lembro-me que sempre os fazia de diversas cores, o do ano passado forá vermelho, simbolizando as flores da viagem de verão que fiz com o colégio no verão.
Este ano era um dragão asiático que
consiste em um corpo de cobra, com chifres e bigodes longos, com escamas de prata e uma crina turquesa, entre todos os outros era o que eu mais me orgulhava e pretendia pega-lo de volta assim que o evento acabasse.
Cheguei na sala de aula e seus olhos com fino vidro brilhavam sob a luz da lua.
Corri até minha carteira e o peguei.
- Que bom que ainda esta aqui. - Sussurrei o carregando seguramente abaixo do braço.
Voltei ao evento parecia que este ano seria o mais lotado de todos, não consegui mais achar yumi nem o hiroshi-sama, nem mesmo akira-chan estava tocando mais, sendo substituido por outro colegial.
Fui até uma barraca de dóces e comi até estar satisfeita, desisti de procura-los quando notei que vovó não estava mais na mesa, provavelmente encontraria todos mais tarde.
O sino que sinalizava a hora das luzes flutuantes tocou e todos começaram uma calma subida até o penhasco, muitos estavam silenciosos, outros faziam pequenas preces.
Não me agradava o fato de jogarmos as luzes aos céus, já que conseqüentemente elas iriam ao chão ou ao mar, porém como não conseguia acabar com a tradição trabalhei duro para fazer todas com materiais recicláveis.
O que diminuiu quase pela metade as consequências mais graves que as outras causavam.
Quando todos estavam ali reunidos procurei pelos meus amigos com os olhos e por um triste infortúno ainda não conseguia encontra-los.
O sino tocou novamente, desta vez calmamente e logo a primeira luz foi ao céu, seguida das outras.
Voltei a olhar para o dragão, seus olhos tinha ficado tão reais que, mesmo quando as ultimas velas foram acessas, não consegui acender a minha.
- Você é só um bordado, porque estou tão relutante em te deixar ir? - Observei algumas pessoas suspirando felizes e voltando para o evento, acabei ficando para trás e me vi olhando as luzes, que agora eram apenas alguns pontinhos de luz, que se apagavam ao entrar nas nuvens densas de chuva a alguns quilômetros a frente.
- Acho que não conseguiria te ter novamente, mesmo que procura-se você após te deixar, não é? - respirei fundo desistindo da ideia.
- Chihiro-chan. - Ouvi meu nome e me virei, era akira, ele parecia meio confuso.
- Boa noite, Akira-chan. - Comprimentei feliz por, ao menos ter sido encontrada por ele.
- Chihiro... Eu, eu tenho algo a te dizer. - Ele se aproximou de mim, suas bochechas brancas estavam vermelhas.
- Sim? O que foi, akira-chan? - Perguntei abraçando minha vela delicadamente.
Ele tinha um odor leve de álcool.
- Eu gosto muito, muito de você. - Ele disse e o olhei sem entender, então sorri.
- Eu também Akira, você é um otimo amigo! - Ele segurou meu braço, seu rosto sério me encarando.
- Não chihiro! Não desta forma, eu estou apaixonado por você! - Meu sorriso se desmanchou dando lugar a incredulidade.
- O que...? Como pode gostar de mim? Você sempre está cheio de garotas incríveis aos seus pés. Com certeza está dizendo isso porque bebeu muito. - Resmunguei me afastando aos tropeços.
- Não eu realmente gosto de você, não vê o quanto você é incrivel? Se existisse mais pessoas como você, o mundo seria um lugar incrivelmente melhor. - Ele parecia em êxtase ao dizer aquelas palavras, então pegou minha mão.
- Quero que seja minha garota, não me importo se você é mais velha. - Sussurrou se aproximando. - Eu posso te ajudar com seus projetos marítimos, poderiamos virar um otimo casal. - Exclamou animado.
Eu sentia minha mente trabalhando incansavelmente a procura de uma resposta, nem em mil anos eu esperava algo assim de Akira e sabia que, dependendo da minha resposta nossa amizade acabaria.
E justamente seria a que eu teria que dar.
- Akira, Chihiro-chan! O que fazem aqui? - Perguntou Hiroshi-sama me assustando, ambos estavam parados a alguns passos da gente, nos olhando sem entender.
- Oh, pessoal. - Akira sorriu. - Eu e a chihiro, nós...
- Não. - Falei o interrompendo, senti meus olhos marejarem quando ele me olhou confuso.
- Me desculpe, Akira-san. Não podemos ser o que você quer. - Expliquei e ele pareceu confuso por alguns instantes.
- O que???
- Então era sobre isso que ele estava compondo ontem na escola. - Refletiu Yumi, de braços cruzados.
Akira cerrou o punho, seus olhos foram para a luz apagada em minhas mãos.
- Akira...
- Depois de tudo... - Ele suspirou, sua mão relaxando repentinamente.
- Posso ver? - Perguntou olhando para a vela.
- Sinto muito, acho que deviamos voltar. - Dei alguns passos me afastando.
- Porque não acende? Vamos, acenda! - Sua voz soou alta, me fazendo parar.
- Oh, Akira, se acalma. - Mandou Hiroshi se aproximando.
- Estou calmo. - Fechou os olhos e derrepente ele tomou a luz de minhas mãos com força e em segundos a acendeu soltando ela aos céus, pulei tentando alcançar, senti meu coração doer e com raiva o dei um tapa.
- Como pode fazer isso?! Eu trabalhei dias nela! - Acho que era a primeira vez que ele me via com raiva.
Senti a cicatriz que anos atrás eu tinha conseguido arder em meu peito, me curvei apertando a região com a mão.
- Chihiro! - Yumi me amparou preocupada.
- O que você fez?? Você tocou nela??? - Gritou Hiroshi o empurrando.
- Está louco? Ela que me bateu!
Ardia tanto que mal conseguia respirar.
- yumi...
- Precisamos levá-la ao médico! - então algo surreal aconteceu, a cicatriz começou a emitir uma leve luz branca que assustada demais para preocupar os outros tampei com ambas as mãos.
Senti meus cabelos soltarem do laço que por pouco perco, o amarrei com força no pulso.
Uma ventania forte começou a nos castigar, forçando todos nos em direção ao penhasco.
- Mais o que...? - Olhei para as árvores que tampavam nossa visão do festival, tudo parecia normal, nenhuma árvore balançava.
- O que raios ta acontecendo? - ouvi Hiroshi gritar, o vento estava cada vez mais e mais forte e quase não conseguiamos mais manter os pés sobre o chão.
Conseguia ouvir os gritos dos meus amigos a minha volta e em pânico gritei quando meus pés sairam do chão, me senti voando por alguns segundos, os mais angustiantes da minha vida em muito tempo até cair na água congelante do mar.
Ouvi alguem cair proximo a mim, e logo depois outro.
Entretanto estava tão escuro graças as nuvens espessas de chuva que mal conseguia ver a superfície acima de mim.
Tentei nadar para cima, mais algo prendia minhas pernas, abri a boca sentindo meus pulmões arderem, se fosse para morrer, que fosse de modo mais rápido.
Tentei mover meus braços, mais estes também estavam presos, ou eu estava paralisada de medo.
Ambas as opções era irrelevantes para mim naquele momento.
"Eu lembro de você caindo no meu rio e eu lembro do seu sapatinho rosa."
Então com aquelas súbitas palavras tão familiares simplesmente deixei a escuridão do mar me engolir.

A maldição de ChihiroOnde histórias criam vida. Descubra agora