54 - Deixa não, tio.

451 45 7
                                    


A corrida até seu apartamento, o deixara sem folego, mas não tanto quanto a conversa que ouviu logo assim que abriu a porta cautelosamente.

Afinal, assustar MingHao era o que Jun menos queria.

Tudo estava quieto e embora os dois estivessem no quarto, as falas podiam ser ouvidas nitidamente da sala. Local onde o mais alto ficara estagnado ao pegar fragmentos do diálogo.

- Por que você está fazendo as malas, tio?

A pergunta feita pelo garoto de seis anos arrepiou os pelos do corpo do Wen.

Ele tinha ido para fazer as pazes e enquanto isso o Xu estava prestes a se mudar.

Jun ficou gelado por dentro.

Ele se enganara?

MingHao havia desistido dele e do que sentiam?

Tinha desistido de esperá-lo ou de sequer ter esperanças de que pudessem reatar?

Ele não o queria mais, era isso?

- Porque eu vou me mudar.

Foi a resposta baixa e quase sem ânimo dita pelo outro chinês.

- E por quê?

- Porque o JunHui precisa da casa dele de volta.

- Por que o tio Jun precisaria da casa de volta? Vocês não moram juntos?

- Sim.

A resposta veio trêmula.

- Não.

A inconstância veio a seguir.

- Quer dizer, morávamos. Mas agora eu tenho um outro lugar e vou morar lá.

- Por quê? O tio Jun não quer mais você aqui?

- Não é isso.

MingHao se enrolava todo para poder explicar a criança sua situação.

Ele só queria arrumar suas coisas e sair o quanto antes. Quanto mais cedo fosse, menos doloroso seria o adeus. Contudo, ele não contava com a visita inesperada.

- Não é que ele não queira, mas...

Como ele poderia explicar ao pequeno garoto que seu relacionamento havia terminado?

- .... sim, que não podemos mais morar no mesmo lugar.

- Isso quer dizer que eu não vou mais te ver, tio? Eu amo você.

A fala inocente apertou o coração de ambos os chineses que ouviam a tudo atentos.

- É claro que vai.

Largando as roupas que terminava de dobrar, MingHao as deixou de lado para dar toda a sua atenção ao seu pequeno sobrinho e afilhado. Abaixando-se da altura dele, o Xu o abraçou apertado.

- E eu também amo você, pequeno. Só que vai demorar um pouco mais agora. Você precisará ir com seus pais até a minha nova casa ou eu terei que ir até a sua.

- Não, tio. Assim eu não quero.

O menino empurrou o peito magro para longe do seu.

- Quero ver você sempre que eu tiver vontade. Quero vir ver você e o tio Jun sempre. Juntos. A hora que eu quiser.

Ele cruzou os braços, numa postura irritada, forçando os lábios cheinhos a formar um beicinho fofo.

- Do contrário, eu não quero.

17 ↬ SeokSooOnde histórias criam vida. Descubra agora