O sentimento da solidão

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Safira-on

Eu estava no meu quarto deitada depois de ler todos os livros que eu tinha a minha disposição, já fazia um tempo que Odin não trazia novidades para mim, na verdade ele não aparece aqui faz um bom tempo, estou começando a ficar um pouco impaciente, ele disse que não ter liberdade viria com uma vida tranquila e feliz, obviamente ele não estava falando a verdade mas acho que é tarde demais para mim, eu fiz a escolha que eu fiz e não dá pra voltar atrás. A minha escolha foi feita, um contrato com Odin não tem volta a minha liberdade não vai voltar sem custos altos demais para eu me dar o luxo de ter. Mas será mesmo? Eu não acho que tenho muito a perder, apenas a vida, uma vida sem liberdade ou pessoas para se importar, Odin apenas quer uma arma em mim, não se importa, ele sabe que se quiser ele pode me dar um fim e ninguém descobriria, ele para sempre seria o rei perfeito e bondoso de Asgard, com um passado sangrento e desonesto. E ele vai fazer de tudo para manter assim.

Aqui é tudo quieto, um silêncio que me ensurdece, minha caixinha de som com uma bailarina que dança sempre que eu dou corda na caixa me faz pensar sobre a situação que me encontro, uma boneca na mão de Odin feita e refeita para servir a cidade dourada, para o servir a ele sem questionar pelo simples fato que ele me deu um lugar para ficar ao invés de me dar um fim por ser um perigo aos outros e a mim mesma, uma bomba relógio, na sua visão. Sou muito mais estável que ele se põe acreditar, seu medo irracional e escondido para simplesmente parecer intocável, incapaz de sentir medo, ambos sabemos que isso é mentira, ele sente muito medo, não necessariamente de mim, não necessariamente de algo, mas ele tem medo. Ele não admite.

Aagardianos são curiosos, observo suas vidas da minha janela, eu tenho o desejo de pular e voar para nunca mais ter que ficar presa, a janela tem barras de ferro, elas me prendem, me impedem de ser livre, mas eu sei que minha liberdade não está sendo impedida por essas barras mas por mim mesma que se prende a essa realidade de prisioneira, mesmo tendo a capacidade de sair quando eu quiser eu não saio, não quero sair para o mundo sem um lugar para encontrar alguém, eu não tenho nada, e Odin sabe disso, sabe que eu não tenho nada, sabe que eu não vou embora.

As minhas noites e dias passam devagar e iguais, meu sono se passa em lugares frios apesar das cobertas de alta qualidade, minhas lembranças assombram os poucos sonhos que eu tenho e o futuro me faz acordar dos pesadelos mais perdida do que eu estava quando fui dormir, eu escuto as festas do castelo, os risos e cantorias, eu escuto as pessoas chorarem por aqueles que não retornaram da batalha, seus choros e lamentos, gritos de agonia, xingamentos sem sentidos direcionados para aqueles que não são capazes de entender a dor da perda. Egoístas por acidente, por dor e tristeza.

Eu não sou melhor que nenhum desses asgardianos desgovernados por dor, eu mesma sendo uma órfã senti a perda, fui egoísta e abri mão da minha liberdade por uma falsa segurança e uma falsa casa. Solidão é complicada, as vezes pode ser apenas o que precisamos e as vezes pode ser
sufocante ao ponto de dar vontade de gritar. Eu sentia falta da liberdade mais do que eu pensei que iria, acho que é verdade que as pessoas só sentem falta daquilo que amam quando perdem, eu só quero ter a capacidade de ter a coragem que me falta para sumir mas eu acho que é tarde demais para eu conseguir minha liberdade e sair dessa solidão. Isso é o que eu penso.

Uma nova vingadora surpreendente.Onde histórias criam vida. Descubra agora