Capítulo 01

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Heyden

Quantas vezes você já pensou em largar tudo e tentar mudar de vida? Quantas vezes você se irritou com seus pais, por eles não te entenderem ou só te julgarem? Bastante né? Eu também, muitas vezes e muitas vezes. Por 17 anos eu vivi sendo julgado e forçado a ser quem eu não queria, ser uma pessoa falsa.

Meu pai era um gênio criador de carros, minha mãe dona de casas e apartamentos de luxo, e por conta disso, deles serem assim, eu vivi sendo julgado e forçado a ser igual a um deles. Nesse mesmo ano eu completaria meus dezoito, e caso eu não tivesse me decidido, meu pai me forçaria a ser militar.

Minha mãe era mais tranquila quando comparada a ele, mesmo assim, nunca me apoiou da maneira que eu precisava. Desde novo eu quis me tornar advogado, por conta de uma série de advogados eu criei paixão por essa profissão e me decidi ser um também.

Claro que, meu pai não apoiava essa ideia, e minha mãe também. Diariamente ela estava andando de cidade em cidade, estado em estado, e país em país, então assim só ficava eu e meu pai em casa. Por conta disso, ele sempre dizia o que talvez grande parte dos pais dizem quando querem forçar seus filhos a serem algo que eles não querem.

"Enquanto você viver embaixo do meu teto, comer da minha comida, e ter tudo que vem de mim. Você se tornará o que eu quiser que se torne". Sim, eu ouvi isso dele por basicamente dezessete anos, até que eu não aguentei mais.

— Hory? Sou eu cara — Digo ao telefone, após meu melhor amigo atender.

— Heyden? Que horas são mano? — Respondia ele, bocejando e com a voz de sono.

— Quase 03:50AM — Respondo, andando pelo quintal e olhando as estrelas enquanto fecho meus olhos.

— Tá fazendo o que acordado essa hora mano?

— Aquele plano — Digo, fazendo uma pequena pausa antes de voltar — Você ainda quer?

Por um momento tudo fica em silêncio, tudo o que eu ouvia era a brisa do vento batendo em meu rosto e fazendo a grama balançar. A três meses atrás, Hory apareceu com um plano que até então parecia louco demais.

Sua ideia era pegar uma certa quantia de seu pai, e levar nós dois para Nova Iorque, para fugirmos e deixarmos para trás a vida que vivemos e correr atrás de nossos sonhos. Naquele dia eu achei isso uma tremenda idiotice dele, eu só pensei nos contras, mas agora, eu só penso em ir e conseguir.

— Você tem certeza? — Ele me perguntava, com sua voz mudada, como se tivesse perdido o sono total.

— Tenho mano, 200% de certeza.

— Então tá, agora, vá dormir. Hoje às 18:00PM passarei na sua casa para te buscar.

— Para onde vamos? — Eu perguntava realmente sem entender, achei que ainda iríamos decidir algumas coisas.

— Para a cidade dos sonhos irmão, a cidade dos sonhos.

Nesse momento um sorriso enorme tomou conta do meu rosto. Nunca me senti tão feliz na vida como estava agora, finalmente eu e Hory iríamos correr atrás de nossos sonhos, e deixar de lado o julgamento e a obrigatoriedade de nossos pais.

— Hory? — Chamava por ele, antes que a chamada fosse desligada.

— Oi?

— Se o que faz te deixa feliz...

— Então não deixe de fazer por conta do que os outros dizem — Respondia rindo bem leve, e ali eu soube que ele era mesmo um irmão para mim.

— Até mais irmão — Me despedia dele, desligando o celular logo de imediato e o guardando no bolso da calça.

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