Capitulo 17

2 0 0
                                    

Heyden

A noite anterior havia sido, repleta de surpresas. Sam e eu agora estávamos mais juntos, conectados um ao outro, podia sentir que nossa relação estava caminhando mais ainda para frente.

Toda nossa relação, nosso momento a sós, onde possuímos e corpo um do outro, havia sido marcante para mim. E imaginar que ao acontecer tudo isso, iríamos acabar desse jeito, nos, amando.

Mas por enquanto, não temos tempo para falar sobre isso, há problema maior para resolver. Nossa noite havia sido interrompida pela ligação de Hory, pedindo ajuda. E agora, após uma grande confusão, estamos de volta no apartamento.

Samantha fica no quarto com Dryca, ajudando-a dormir, e consolando nesse momento. Hory estava no sofá, sentado de cabeça baixa, com suas mãos apoiadas em seu rosto, tampando seus olhos.

Estava nesse momento preparando uma compressa de gelo, para passar nas mãos dele. Era a primeira vez, após anos, que eu o via tão destruído dessa forma.

Ele havia acabado com aqueles caras sem nenhum problema, mas a perca de controle e sanidade dele com o último, o fez ficar em pedaços. A única vez em que o vi agir dessa forma, foi quando nos conhecemos. E mesmo assim, ele não estava tão fora de si como esteve ontem.

— Aqui — Dizia enquanto me aproximava dele — Me dê suas mãos.

— Não precisa — Ele retruca, sem olhar para mim.

— Preciso tratar disso, antes que fique com mais inchaço — Me esticava, tentando pegar uma de suas mãos.

— Já disse que não precisa porra!

Ele se levanta de imediato e me empurra para trás. Podia ver que ele estava fora de si ainda, mesmo que Dryca tivesse o ajudado antes.

Esse seu lado, ainda não havia visto, nem se quer um pouco que fosse. Me levanto e fico em sua frente, o olhando em seus olhos. Ele queria brigar, e eu sabia disso, mas eu não queria causar uma briga com ele.

— Acho que é melhor você se acalmar — Tento amenizar, mas ele vem com tudo novamente.

Sabia lidar com isso. Essa raiva descontrolada e imensa,  na maior parte poderia ser complicada, mas por conta do passado, sabia lida perfeitamente.

Seu punho vinha na direção do meu rosto, mas eu deslizava para o lado e agarro acima do seu cotovelo, prendendo ele a mim. Concentro toda a força pata minhas pernas, e me jogo para frente, puxando Hory comigo.

O arremessando no outro sofá, o deixo de cabeça para baixo. Ele rapidamente se ergue, mas eu coloco meu antebraço contra seu pescoço e o forço a ficar encostado nas almofadas.

— Você vai ficar calado e me ouvir! — Grito com ele, o suficiente para fazer Sam sair do quarto e olhar o que fazíamos na sala — Você tem e vai se acalmar e voltar a pensar novamente! Provavelmente você matou uma pessoa, tem noção do que fez? Não estou te julgando por isso, sabe o quanto detesto pessoas como eles.

Sam nos olhava com medo, e eu engolia seco. Não sabia exatamente o que falar para ele, nem como o fazer relaxar. Mas eu tinha que tentar de qualquer forma, ele já havia feito muito por mim, o mínimo seria ajudá-lo.

— Como acha que ela iria reagir se te visse dessa forma? Agindo como um animal sem controle, acha que teria chances com ela? Eu te digo a resposta — Tento respirar fundo, e puxar a voz do fundo do meu corpo — NÃO! ELA JAMAIS IRIA TE ACEITAR NOVAMENTE SE ENTRASSE EM COLAPSO NA FRENTE DELA. Se você quer o perdão dela, faça por merecer. E isso, é o oposto de merecer.

Posso ter sido muito duro com ele agora, mas Hory precisa entender que se quiser mudanças, precisa fazer por merecer. Entendo que tudo possa estar um caos em sua cabeça, por perceber que ama verdadeiramente ela, mesmo sabendo que a machucou muito.

Sendo sincero, não sei como ele pode melhorar tudo, ou que coisas pode fazer para se redimir, mas sei que tentarei sempre ajudá-lo, em todo momento necessário.

Vou até a cozinha e pego duas cervejas para nós. Voltando para o sofá, vejo no corredor que Sam ainda estava preocupada, digo a ela que tudo estava bem agora, e que ela podia voltar parar o quarto com Dryca.

Me sento ao seu lado, e estendo uma cerveja para ele. Nós dois ficamos ali por alguns minutos, apenas olhando para o teto e bebendo juntos. Posso ouvir e perceber que sua respiração estava começando a ficar mais calma, o que era um bom sinal.

Já fazia um tempo desde a última vez em que o vi sorrir. Desde a última vez em que ele me contou como as coisas estavam indo com a Nivix, fazia já um bom tempo mesmo.

Fico me questionando se as coisas entre eles estavam bem, mas ao mesmo tempo penso que não é da minha conta. Mas a curiosidade sempre é maior que a vontade de não saber né.

— Já faz um tempo, desde que você falou dela comigo — Começo, devagar e com calma — Como vocês dois estão?

Ele vira novamente a cerveja, e continua olhando para o teto. Seus olhos estavam fixos, e seu semblante baixo. Isso só podia indicar que não estavam bem.

— Sabe Heyden — Ouço ele falar, fechando seus olhos e os abrindo em sequência — Eu tentei muito, eu tento muito. Eu amo ela mais do que posso sequer tentar explicar. Mas, meus erros no passado, continuam sendo, maiores do que tudo o que faço atualmente — Ele fazia uma breve pausa, jogando seu corpo para frente, se apoiando em suas pernas — O amor não era para ser maior do que qualquer dificuldade? Digo, não dizem que o amor vence barreiras que seriam impossíveis? Que quando amamos verdadeiramente, podemos superar qualquer problema, independente do que seja.

— Em teoria sim, mas na realidade isso é bem diferente.

— Diferente? Então mesmo que eu tente, faça o possível e impossível, der minha vida, talvez não seja o bastante para mudar meus erros no passado?

— As vezes sim — Levo minha mão em seu ombro, tentando o confortar — Você sabe que o que você fez com ela, a machucou muito por dentro, talvez de uma maneira que nem se ela quisesse, não poderia ser possível de se reparar, muito menos por você. Estou dizendo que, as vezes, é melhor deixar ir.

— Deixar ir? — Ele se levantava, andando poucos passos para frente, ele olhava para o céu — Devo deixar a pessoa que mais amo, apenas ir? Devo parar de insistir? Você já perdeu alguém que amava? Já sentiu a dor por dentro, te rasgando, te dilacerando, por perder a pessoa que ama, e não conseguir fazer ela ficar de forma alguma? Essa dor, é pior do que qualquer outra física existente Heyden, e pelo meu amor, eu não vou desistir dela por nada nesse mundo. Nem que meu corpo se quebre por inteiro, não irei desistir de quem amo.

Foi ali, naquele momento, em que eu percebi o quão forte o sentimento de amor pode ser. Foi quando entendi o motivo pelo qual Hory sempre quis se mudar, transformar sua vida, e melhorar como pessoa.

O amor realmente pode fazer milagres acontecerem, assim como também pode levar alguém a ruínas. Mas, somos todos capazes de pagar o preço pela felicidade dada pelo amor? Ou apenas temos medo do mal que ele pode causar.

Acredito que Hory não tenha mais medo do que possa acontecer, ele só se importa em continuar tentando, pelo seu amor a Nivix. E no fim, espero que ele consiga ser feliz.

Nostroar Onde histórias criam vida. Descubra agora