Um Aprazível

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𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐍𝐎𝐕𝐄

𝗮𝗽𝗿𝗮𝘇𝗶́𝘃𝗲𝗹𝗮𝗱𝗷𝗲𝘁𝗶𝘃𝗼 𝗱𝗲 𝗱𝗼𝗶𝘀 𝗴𝗲̂𝗻𝗲𝗿𝗼𝘀𝗾𝘂𝗲 𝗮𝗽𝗿𝗮𝘇, 𝗾𝘂𝗲 𝗰𝗮𝘂𝘀𝗮 𝗽𝗿𝗮𝘇𝗲𝗿; 𝗮𝗴𝗿𝗮𝗱𝗮́𝘃𝗲𝗹

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𝗮𝗽𝗿𝗮𝘇𝗶́𝘃𝗲𝗹
𝗮𝗱𝗷𝗲𝘁𝗶𝘃𝗼 𝗱𝗲 𝗱𝗼𝗶𝘀 𝗴𝗲̂𝗻𝗲𝗿𝗼𝘀
𝗾𝘂𝗲 𝗮𝗽𝗿𝗮𝘇, 𝗾𝘂𝗲 𝗰𝗮𝘂𝘀𝗮 𝗽𝗿𝗮𝘇𝗲𝗿; 𝗮𝗴𝗿𝗮𝗱𝗮́𝘃𝗲𝗹.

𝖭𝗂𝗄𝗂 𝖯.𝖮.𝖵

      191.

      Respirei fundo e pensei bem antes de bater na porta da Srta. Kobayashi. As luzes estavam acessas; logo percebi pelos feixes que passavam por debaixo da porta.
       Um completo silêncio lá dentro...

       Bati duas vezes e, esperei. Alguns segundos sem resposta logo bati outras duas vezes.
       “Tá aberta, cabeça de pica” foi o que eu ouvi antes de bater uma terceira vez, e apesar de ofendido, adentrei.

— Precisava me xingar? — indaguei tirando os tênis

— No seu caso, sim. — ela dizia em tom alto a frente de uma panela quente no fogão da cozinha. — Quer me dizer alguma coisa?

      Ela dizia como se já soubesse do que se tratava, e eu sei que sabia, mas meu orgulho é maior quando se trata da Srta. Kobayashi nessas situações.

— Não. — enrolei ao dizer — Mas o cheiro da sua comida aparenta estar muito boa.

      Ela fez uma careta.

— Veio aqui para comer minha comida? — dei de ombros e ela, suspirou e fez um sinal para que eu pegasse os talheres

       O cheiro da comida era realmente bom. Por um longo momento na minha vida acreditava que ela era do tipo de pessoa que não sabia fazer o básico, mas ela conseguia provar o contrário.
        Éramos separados por uma mesa e uma porção de Poutine, prato do qual eu nem ao menos fazia ideia da existência até cinco minutos atrás.

— Obrigado. — disse com os ombros encolhidos — Por que aceitou que eu comesse com você, mesmo depois de antes?

— Não sabe o que significa quando uma mulher convida você para comer com ela? — ela disse com um olhar frio

      Preciso pensar direito. Preciso usar o lado direito do cérebro. Preciso ser racional.
       Estreitei os olhos com desconfiança.

— Saberia se eu te visse como uma mulher. — meu peito se aliviou com a minha boa resposta — Você ainda parece uma criança, daquelas bem irritantes.

— Ah, eu achei que eu conseguiria te enganar. — ela disse se servindo da porção — Coma, e não fale muito.

— Vou conseguir sair vivo daqui? Colocou alguma droga nisso? — indaguei me servindo do veneno

— Coma um pouco e descubra. Se quiser, pode escrever suas últimas palavras.

— Não diga isso. — determinei enquanto ria anasalado — Você me assusta.

       A observando comer, me fazia questionar sobre tudo o que fizemos para chegar até aqui.
       Sei que meu único objetivo era pedir perdão, mas isso foi para um caminho completamente diferente.

— Aishitemasu — quebrei o silêncio entre nós

— O quê?

— Aishitemasu — repeti

— Você sabe como estou cansada de aprender japonês, coma em silêncio por favor! — ela esbravejou deixando os talheres sob a mesa e me encarando com olhar ardente que me fazia rir

— Só queria ver o quanto você consegue me entender.

— Diga em quaisquer idiomas Nishimura, eu nunca vou conseguir entender você.

         Passamos o resto da refeição nos irritando, e as vezes, brincando como dois amigos próximos. Essas conversas banais me fazem me sentir acolhido por alguém, mesmo que esse alguém seja a vizinha que eu sempre prometi odiar.
        Essa mulher, pode ter uma péssima memória, mas enquanto ela continuar a se lembrar de mim, vou conseguir ser feliz comigo mesmo.

       Ela se levantou com o prato em mãos, logo o levando para a pia e me deixando sozinho. Ela parecia tranquila, serena, e dentro de mim sentia que já houvesse pedido perdão.
       Me levantei em seguida, deixando os pratos e talheres na pia também.

      Hikaru me olhou ladino, e um sorriso satisfeito.

— O quê foi? — indaguei a razão de seu sorriso

— Aishitemasu, Riki.

       Um calor de vergonha subiu pelo meu pescoço.
       Essa desgraça fingiu que não me entendia? Mas que porra...

— Você deveria ter dito que conseguia me entender.

— E perder a chance de te zoar por isso? — dizia rindo de mim

       Mesmo tendendo me conter, não conseguia segurar meu sorriso ao ver ela sorrir. Me fazia abrir um sorriso satisfeito que só ela me fazia ter.

— Por que me olha? — indagou quando seu riso diminuiu

— Eu me apaixonei por você sem ter que te beijar.

— Nunca me beijou por que nunca tentou, Riki.

𝗖𝗮𝗻 𝗪𝗲 𝗧𝗮𝗹𝗸 𝗔𝗴𝗮𝗶𝗻 - 𝘯𝘪𝘬𝘪Onde histórias criam vida. Descubra agora