Eu nunca estive sozinho

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'Todos... todos estavam... não... NÃO! Eu... Eu vou ficar sozinho de novo!... A Amorinha... Por favor que não seja verdade!'

–Oli!...

'Todo mundo morreu... foi o Barnabé... eu tô sozinho...'

–Olha 'pra mim!...

'Espera... Milo?...'

–Você não 'tá sozinho, eu 'tô aqui, a Bárbara 'tá aqui, a sua irmã 'tá aqui e o Wandebas também.

Tudo era apenas um borrão, não era possível discernir o som que os meus ouvidos interceptavam, até que eu o ouvi, sua voz estava tão preocupada quanto sua expressão, minha visão começa à ficar mais nítida, ele estava ali com suas mãos em meus rosto, apesar de que suas mãos não sejam as mais macias do mundo - expressamente por conta dos seus ferimentos de cortes e calombos - , ainda são as mais gentis.

–Cadê a minha irmã?...

Por poucos instantes tudo era muito confuso para mim, mas com o Milo aqui, essa confusão parece que nunca existiu.

–Ela e o Wanderley foram levar a Bárbara 'pra Návia, ela tá muito ferida, e se eu não me engano sua mãe foi com o Adrian 'pra mansão, 'pra buscar o seu pai.

–Milo... eu tô com medo... eu vou ficar sozinho de novo e-

–Não! Não vai!... Você nunca esteve sozinho, e se algum dia você esteve, nunca mais vai estar – Fico extremamente surpreso quando recebo um abraço.

Seu abraço era tão quente, me passava tanta paz, era um aconchego que eu não sentia a muito tempo. 'Obrigado Milo, obrigado', abraço-o em resposta, parece que o mundo havia parado só para que pudessem ver o encaixe perfeito que os nossos corpos tinham.

–Oli... temos que ir, já faz um tempo que a sua irmã saiu... vamos embora da ilha.

Apesar de ter me animado profundamente com a última frase, continuei no abraço por mais três longos segundos, até me afastar segurando a sua mão marcada com o polvo, no qual me segura de maneira firme, porém cuidadosa, para não me machucar.

Vamos indo em direção á casa da Návia, ao chegarmos a porta estava aberta, nos aproximamos do batente da porta para olharmos dentro da residência, não tinha ninguém lá.

–Oli, olha!

Milo aponta para o chão, haviam pegadas na lama, percebi só depois que o cacheado me chamou a atenção.

–Eles já devem estar indo 'pro barco, rápido antes que saiam sem a gente. – Digo isso correndo em direção ao cais.

–Oli me espera!

–Vem logo, eu 'tô loco 'pra te apresentar o Bluetooth!

Vamos conversando enquanto corremos na floresta, a chuva estava se cessando, haviam poças de lama em toda parte.

Até cinco minutos atrás, sentia que ficaria sozinho de novo, mas agora eu entendo, eu nunca estive sozinho.

Vamos emboraOnde histórias criam vida. Descubra agora