Capítulo 11

30 3 0
                                    

FLASHBACK   OFF

— Isso é brincadeira, não é? – Olhei para Sehun que estava com sua cabeça baixa, e minha Avó fechou os olhos. Me levantei, fui procurar em cada canto da casa, mas não achava minha mãe. Último lugar, o quarto dos meus pais, nunca tinha entrado lá por medo. Abri a porta e estava tudo ajeitado, meus olhos se encheram de lágrimas. Mexi nas gavetas, o que tinha dentro delas joguei para fora. Até que encontrei algo, documentos da funerária, e duas certidão de óbito. Meu corpo enfraqueceu, caí no chão, não contive minhas lágrimas. Chorei e gritei. Meu peito dói, já não sei o que pensar, por que eu vivi sem saber de nada? Por que logo isso? Só quero viver uma vida normal... Mãe, não era para você ter feito isso! Que droga! Que droga! Que droga!

— S/n... Precisamos voltar... – Cessei meu choro, passei as mãos no meus olhos, limpando-os. Senti algo me envolver, Sehun me abraçou, meu choro voltou com todas as forças. Seguro seu braço para não me soltar.

— Sehun, todo esse tempo eu... Eu odiei minha mãe, por nada! Por que?... – Chorei mais ainda, apertei meus olhos, me sentindo o pior ser humano do mundo.

— Shh, você não sabia... Estar tudo bem. – Seu rosto pousou em meu ombro.

— Eu me odeio tanto... Eu quero minha mãe, Sehun. Minha mãe, ela só queria me proteger de um monstro, ela só queria... Por favor...


[. . .]


Acordei em casa, procuro por Sehun na cama. Mas nenhum sinal dele. Meus olhos estão ardendo ainda, e sinto que estão inchados. Crio coragem para me levantar, e saio do quarto, vejo que ele está na cozinha. Vou até a mesa e me sento em uma das cadeiras vagas. Fixo meu olhar na mesa. Não estou pensando em nada, mas meus pensamentos estão cheios e bagunçados, não consigo organizar-los.

— Você dormiu bem? – Escuto ele perguntar, mas meu corpo e meu pensamento não responde. — Hum? – Sehun coloca pratos na mesa, me fazendo sair do meu transe. Ele se senta à mesa. — Eu tenho que te contar algo.

— Não, não... Não quero saber de nada, não hoje... – Respiro fundo.

— Tudo bem, porém não fuja. Irei ficar ao seu lado, até você ficar bem. – Ele olha nos meus olhos.  Confirmo com um "mmh". — Vamos comer agora. E por favor, coma.

— Sua comida está deliciosa... Mas eu ainda não consigo comer, não desce... Desculpa.

— Hummp, não se preocupe. Você quer ir deitar? Irá se sentir melhor se estiver descansando. – Pegou na minha mão, retirando o talher e colocando na mesa.

— Tá bom... – Me levantei, meio sem forças caminhei até o quarto e me jogando na cama, me embrulho e me encolhi. Sehun me seguiu e fez as mesmas coisas que eu. — Sehun, conta uma história feliz para mim, por favor... – Senti sua mão acariciar meu cabelo.

— Hum... Uma história feliz? Era uma vez um garoto que se acostumou com a tristeza. Ela vinha incontáveis vezes, mas ele sempre repetia para si:
     "Tenho que suportar,
       Irá passar, irá passar
       Irá durar apenas um momento
       Irá passar, irá passar"

Em um dia sem luz, com um céu cinzento, escondendo a luzes do sol. Ele conheceu uma garota, uma garota atípica. Que fez a cabeça dele virar, rodar e girar. Ele queria ir acima desse céu cinzento, só para encontrar sua luz, uma luz mais brilhante... – Ele respirou fundo. — Você dormiu?

— Não... Continua com a história, gostei dela... – Respondo fraco.

— Não sei o final dela, nunca soube. Outra dia descubro e te conto. – Ele afagou mais meus cabelos.

— Tudo bem... O que você queria me falar mais cedo? – Olhei para ele.

— Ah, amanhã eu te conto. Agora durma, está tarde. – Por que não estou curiosa?



[. . .]



Acordei cedo, preciso me reconectar com um mundo, estou muito fora de mim. Assim não vou conseguir estudar. Não posso deixar de fazer o Enem e muito menos tirar uma nota abaixa. Preciso conseguir minha vaga. Aposto que minha mãe ficaria feliz por mim.
Saio do banho dando de cara com Sehun sentado na cama com os cabelos bagunçados. Sorrio de sua aparência. Ele me olhou com fúria nos olhos.

— Logo pela amanhã tá desse jeito, Sehun? Eu hein, vai tomar um banho. – Ele se levantou e foi direto para o banheiro, não falou uma palavra se quer. Tenho que fazer meu café, e me manter saudável, não posso deixar nada mais me abalar.

— Bom dia. – Sehun sai do quarto com os cabelos molhados, caindo sobre o rosto. Misericórdia, que coisa mais linda. — Estou com fome.

— Ah... Ah! Fiz algo para comer, fica a vontade. – Sorri. — Quer passar essa semana comigo? Irei me ausentar do trabalho, não irei voltar até eu fazer o Enem. Então, até lá você poderia me fazer companhia... Se quiser.

— Você quer minha companhia? – Ele sorriu debochado.

— Não quer? Beleza então. Não precisa, fico sozinha mesmo, babaca. Rum! – Mordi uma fatia de pão.

— Quando eu disse que não queria? Pare de interpretar algo que não foi respondido. – Tomou um pouco do seu café.

Ficamos em silêncio. Meu rosto está queimando de vergonha, devo estar igual a um pimentão. Isso foi muito estranho, principalmente ele falando disso. Sehun não é de ser "romântico". Mas... Isso foi legal, tenho que admitir. Terminamos de tomar nosso café da manhã, ele se ofereceu para lavar as louças, não neguei, assim não tenho que me molhar. Fui para a sala, assistir algo. Me sentei no sofá, peguei o controle e liguei a TV. Logo Sehun terminou de lavar as louças e se sentou também no sofá.

— Desliga a TV por um momento, por favor. – Fiquei sem entender, porém desliguei por ele estar falando com educação, coisa que ele não faz. — Precisamos conversar sério.

— O que é dessa vez? É algo triste? Porque se for, não me conte, prefiro ficar sem saber e continuar s fingir demência.

— Apenas escute. Finalmente posso te falar a verdade sobre tudo. Não sou seu amigo. Nem namorado. Nem amigo colorido. Tampouco abusador. Sou um médico psiquiátrico que está responsável por seu caso, que é esquizofrenia desenvolvida através de um trauma. Não pude te contar no início, pois você provavelmente não acreditaria, e também você faz parte de um experimento medicinal, que basicamente você é drogada e tem várias alucinações, porém suas alucinações são meio que reais.
Então, para resumir tudo, nós nunca transamos, eu nunca toquei em você sem que permitisse, tudo foi obra da sua mente. Ela estava te libertando de uma forma bem incomum.

— Espera, espera... O que você disse? – Caralho, como ele conseguiu falar isso de uma forma tão... Simplista?

— Sobre eu ser um médico? – Neguei. — Você ter esquizofrenia? – Neguei novamente. — Nós nunca fizemos sexo? – Confirmei. — Bom, não tenho nada além de te dizer que apenas rolou alguns beijos entre nós dois.

— Mas... Tudo parecia tão real... Mesmo que eu não lembre bem, eu sinto que foi real, até demais... Como assim não foi real? Você só pode tá de brincadeira comigo, Sehun! – Sorri de desespero.

— S/n, você é minha paciente. Eu não posso ter relações sexuais com pacientes. Não se engane, sua mente tem mais poder sobre ti do que você imagina. – Olhou diretamente nos meus olhos. — Você viu sua mãe mais alguma vez? – Neguei, eu não estava só vendo o espírito dela? Tudo isso foi apenas obra da minha cabeça? Ah, que confusão! — Ótimo! Agora posso confirmar que seu tratamento está completo! O remédio realmente ajudou? – Confirmei meio incerta.

— E agora? O que vai acontecer...? Você vai embora? Meu tratamento acabou, e eu fico sozinha de novo? – Meus olhos ficaram embargados, não gosto de ficar sozinha.

— Agora, deixe-me apresentar para você. – Ele se pôs de pé, segurando minha mão, fazendo com que eu me levante também. — Me chamo Oh Sehun, sou médico psiquiatra, tenho 26 anos. E estou apaixonado por uma garota boba e medrosa que gosta de comer muito. E estou feliz por ela me querer do seu lado, um garoto rico e mimado. – Ele sorriu. — S/n, você quer sair comigo?

Em teus olhos - Oh Sehun EXOOnde histórias criam vida. Descubra agora