Mais uma vez eu estava lá sentado de frente pra mesa da Amélia.
–É a segunda vez que você tá aqui esse mês? Júnior Gregório? – ela me olhava desapontada –E você Alan? Você mal chegou na escola. Eu não sei se preciso lembrar vocês que depois da teceria ocorrência é expulsão, não é?
–Você reparou que desde que esse encosto chegou, eu venho aqui com mais frequência? – questionei ela
–Sim, eu reparei. A convivência de vocês é tão impossível assim? – Amélia nos perguntou
–É! – respondermos em uníssono
–Os pais de vocês não estão juntos, como pretendem participar da vida deles se odiando assim? – ela nos questionou
–O Bruno é meu tio. – Alan corrigiu a mulher
–Exato, você poderia tentar pelo menos. Vocês dois. – Amélia disse apontando
–Se você não tivesse tirado meu pai da minha mãe eu não teria que tá passando por isso. – murmurei
–Achei que tinha deixado isso tudo pra trás. Mas pelo visto você não consegue. – ela retrucou. –Os pais de vocês dois estão chegando aqui, vocês conseguiram uma suspensão até a quarta feira.
A minha mãe e o Bruno chegaram ali depois de alguns minutos.
–Vocês dois ...– Bruno disse, minha mãe entrou calada
A minha mãe ficou calada o caminho todo até em casa.
–Porque isso em? – ela me perguntou e começou a chorar. –Você me deu sua palavra, Júnior.
–Mãe. Foi ele ! – me defendi
–É sempre ele. – ela revirou os olhos. –Ele socou o rosto no seu punho?
–Não, mas ele derrubou minha mochila, ainda fez chacota comigo. – respondi
–Você disse que o velho Júnior tinha ficado pra trás, mas eu só consigo ver ele. – minha mãe parecia super desapontada.
–Eu juro que eu tento, eu já expliquei. O Alan tem algo contra mim, eu não sei o que é, ele tem um prazer em fazer da minha vida um inferno. – expliquei
–Engraçado que com o Bruno ele diz que é você. – ela respondeu
–Ele é dissimulado, pode perguntar qualquer pessoa. – falei
–Vamos subir. – minha mãe disse.
Subindo e depois de alguns minutos o Bruno chegou ali junto com o Alan.
–Pronto, agora eu quero sinceridade. – minha mãe disse
Eu e Alan estávamos sentados e nossos pais em pé.
–Você quer sinceridade, Clara? – Alan perguntou. –A real mesmo é que por mais que eu não goste do seu filho, eu gosto menos ainda da ideia de dividir o tio Bruno. Ele é minha única família.
–Alan? – Bruno olhou preocupado. –Eu não te deixaria de lado.
–Deixaria, porque o Júnior sempre roubou tudo que era meu. Tudo que eu queria. – ele falou
–Calma aí. Eu nunca peguei nada seu. Tá bom, que eu dei um beijo na sua namorada... – falei.
–Não tô falando disso. – ele retrucou. –Tô falando do fato de que, desde que você chegou na escola sempre foi o senhor perfeito em tudo, com o sorriso lindo e um cortezinho de cabelo parecido com o James Dean. Você conseguia as meninas mais bonitas, mesmo sendo gay. Começou a andar com o pessoal popular, sempre foi o melhor da turma. E fazia questão de esfregar isso tudo na cara de todos.
–E você? Alan, você era o melhor da turma também, e você namorava a garota mais bonita, você sempre foi autoconfiante. Eu era louco pra conversar com você, mas quando eu sorria pra você... você sempre fazia uma piada sobre mim ou você nem me dava bola. – falei pra ele
–Lembra quando tentamos ser amigos? Você ficou com a porra da minha namorada. – ele disse quase gritando
–Era uma namorada fake. – me defendi
–Não importa, você me traiu. Traiu minha amizade, foi aí que eu dicidi não ser tão bonzinho. – ele retrucou
–O que você quer de mim? – perguntei a ele
–Um pedido de desculpas sincero? – ele me olhou como se fosse óbvio
–Você também me deve desculpas. – joguei um olhar estranho
–Vocês dois são igualzinhos. – Bruno falou
–Não temos nada a ver. – dissemos em uníssono
–Alan, me desculpa por ter sido ruim com você. Me desculpa pela sua melhor amiga. Eu tenho tentando ser melhor, esse Júnior que você conheceu não existe mais. – falei
–Obrigado. Me desculpa também, por quase ter feito o Daniel terminar com você e por implicar com você o tempo todo. – ele disse
–Agora vocês vão se abraçar. – Bruno implicou
–Não vamos não. – falei
–Não força. – Alan disse
–Vocês não precisam ser os melhores irmãos do mundo. Só se tratem bem e parem com essa briguinha. – minha mãe disse
–A gente tem medo de acabar tendo que escolher vocês ao invés de nós de novo. – Bruno disse
–E vocês sabem que não pensaríamos duas vezes em escolher vocês. – a minha mãe completou.
Os dois saíram, deixando nós dois sozinhos no apartamento, minha mãe tinha mais uma consulta e o Bruno um trabalho pra entregar.
–É, mesmo que você não tenha sido sincero nas suas palavras as minhas foram. Espero que pelo menos pelo seu tio você tente fazer isso funcionar. – falei
–Eu vou tentar o meu melhor. E a gente não precisa ser melhores amigos, mesmo. – ele retrucou e começou a mexer no celular.
Eu revirei os olhos e fui tomar um banho.
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Aqui Pra Você | Romance Gay
RomanceAssim que se muda, Júnior, que nunca se aproximou de ninguém por medo de se apaixonar, conhece Daniel, sua nova paixão que ainda está se descobrindo.