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Já era madrugada enquanto os dois viravam mais uma garrafa de cerveja, Jessie não era muito de beber ou ir em festas mas naquela noite decidiu abrir uma exceção, tentar algo novo e diferente, sair de sua zona de conforto e até que não estava sendo tão ruim assim. Eles ainda estavam sentados na areia da praia com várias garrafas de cerveja ao redor, Mark estava rindo tanto que sua barriga até doía enquanto contava uma história de como Joey teve dor de barriga na casa de Abby e não quis fazer cocô lá por vergonha.
— Chega desse assunto de cocô! — Jessie quase grita rindo tanto quanto ele — Assim quem vai ficar com dor de barriga sou eu.
— Tudo bem, tudo bem... — Mark e Jessie viram mais um gole de suas cervejas na garganta — então vamos falar de como você acabou em um relacionamento com um cara babaca.
— Não, não, vamos falar sobre o motivo que fez você largar a carreira. — Mark a olha como se estivesse a fuzilando, ele odiava essa frase.
— Eu não larguei. — É tudo o que ele diz e se vira para frente olhando as ondas agitadas da praia.
— Peter nem sempre foi um babaca, nós dois parecíamos um casal de conto de fadas no começo, a gente até terminava a frase um do outro... — ela deixa um suspiro exausto escapar pelos lábios avermelhados que Mark não conseguia manter os olhos longe. — Mas ele começou a mudar quando fez novas amizades, ele é uma pessoa boa só não está sendo agora.
— E você vai esperar ele voltar a ser bonzinho?
— Eu não sei o que devo fazer, não sou de desistir fácil, mas também não sei como consertar toda essa nossa situação, nem sei se ele quer conserta a nossa relação...
— Acho que você deveria cair fora. — Mark diz, como se fosse a coisa mais fácil do mundo de se fazer, mas não era, não para Jessie, ela conhecia cada parte de Peter, cada mania é cada gesto que fazia quando estava chateado ou em uma situação em público que não conseguia sair, tinham anos de história juntos, não era fácil, tudo mudaria. — Você pode dizer "ah, falar é fácil" sei que não é, mas você tem que se valorizar mais, não merece ser tratada da forma que eu vi ele lhe tratando na frente de casa.
— Você tem namorada? — Mark nega com os lábios apoiados no gargalo da garrafa de vidro.
— Antes de dar uma pausa na minha carreira namorei uma garota e ela era incrível, me fez escrever músicas que agora as pessoas escutam quando estão apaixonadas, mas quando ela terminou comigo eu simplesmente não sabia como escrever música... tudo o que saia de mim era melancólico demais e até lancei essas músicas, mas não me via nelas, aquilo não era eu, não me identificava com aquela dor, então...
— Você parou... por causa dela? — agora ele quem deixa um longo suspiro de exaustão escapar. Jessie não conseguia imaginar como isso estava sendo difícil para ele.
— Eu amava o meu trabalho Jessie, amava ver as pessoas comentando sobre, baixando e comprando minhas músicas, cantando nos shows, mas isso já não me deixava mais feliz, eu acho que meio que dependia dela. — Mark não consegue olhar para Jessie enquanto admite tudo aquilo, as ondas continuam a chamar a sua atenção, mas quando os dedos frios dela tocam os seus apoiados sobre a areia, ele olha para a mão dos dois pelo o que parecem ser longos segundos e logo em seguida olha para os lábios de Jessie, ela lhe lança um sorriso de compreensão e compaixão, seus dedos se apertam por cima dos dele e ele engole em seco sentindo o seu coração palpitando mais forte.
— Você vai superar isso, só precisa de um tempo para se encontrar novamente, você vai ver, eu vou estar na primeira fila do seu show cantando a música mais apaixonante que você já escreveu.
As palavras de Jessie o atingem como se fossem músicas, longas ondas suaves entrando pelos seus ouvidos e indo diretamente para o seu coração que palpitava ainda mais forte.
Jessie umedece os lábios com a língua dando em seguida um sorriso para ele que sorrir de volta recebendo todas as suas palavras reconfortante, ninguém entendeu Mark como Jessie havia entendido e todos eles sabiam sobre sua ex namorada... Agora um pouco mais sóbrios, carregaram todas as garrafas vazias e as jogaram no lixo, o sol estava prestes a nascer e Mark ao perceber, tocou os ombros de Jessie e a faz girar ficando de frente para o mar, ele apontou ao lado do corpo dela para o horizonte alaranjado e Jessie sorriu de orelha a orelha, as mãos dele ainda estavam em seus ombros e quando sentiu as frias mãos dela cobrirem as suas, novamente aquela palpitação estranha o atingiu.
— Isso é tão lindo e parece surreal.
Mark no fundo queria que aquele momento durasse um pouco mais, não queria ficar sozinho e a companhia de Jessie era boa para ele, mas a realidade os atingiu quando o celular dela começou a tocar e quando o tirou do bolso, ele leu o nome de Peter. Peter...
Ela se afasta para falar com ele e Mark avisa que vai comprar café para eles, um sensação estranha toma o seu corpo, se sentia completamente diferente agora.
Quando Jessie entra no carro, tudo o que ele faz é lhe oferecer um copo com café e ela agradece. Ele dirige em silêncio até a casa da garota e quando para o carro, ela se vira para ele tirando o cinto de segurança.
— Obrigada Mark, essa noite foi...
— Não foi nada. — ele diz a interrompendo completamente rude e seco vontade a ser o Mark que era atualmente.
Jessie sente todas as palavras sumirem, olhou para ele por algum tempo até perceber que já era hora de ir e que aquela noite havia durado muito mais do que deveria, ela pegou o seu copo com café do painel e pulou para fora do carro, Mark saiu cantando pneus.
Quando ele chegou em casa, abriu o bloco de notas do celular e anotou um verso.
