Capítulo X

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– Você precisa mesmo ir...? — Erwin perguntou baixinho, acariciando meus cabelos.

– Infelizmente. — Me levantei, sentando na cama e o olhando por cima do ombro.

– Eu poderia fazer um quadro dessa visão... — Disse me olhando com ternura. — Bom, agora sim vou fazer alguma coisa, já que esquecemos de comer.

– Ah, mas eu já tomei meu lei- — Fui interrompido por uma mão na minha boca.

– Não vamos fazer isso de novo, seu pervertidinho. — Disse se levantando, indo vestir alguma coisa.

– Põe um daqueles shorts que estão no varal! — Gritei para ele que já estava no closet.

– Ãhn? Por quê? — Perguntou confuso.

– É... Só põe.

– Tá bom. — Decidiu fazer o que pedi.

Comemos em silêncio e percebi que ele sempre come com a educação de um restaurante cinco estrelas. Bonito.

Fui lavar a louça mesmo com seus protestos e ele foi fazer algo aleatório no escritório.

– Erwin? Vou tomar banho, quer vir? — Perguntei, não tinha a mínima condição de passar mais um segundo suado daquele jeito.

– Ah, claro, amor, eu já vou. — Respondeu.

Levou alguns minutos para sair de lá — a força —, aparentemente fica vidrado no trabalho. Em quanto tempo de namoro posso proibir alguém de trazer trabalho para casa? Na nossa casa ele não vai fazer isso. Trabalho é no trabalho!!

– Quer tomar na banheira? — Perguntou.

– Não precisa e "Não vamos fazer isso de novo, pervertidinho". — O imitei.

– Besta. — Me pegou no colo.

– Ei!! Me põe no chão! — Mandei se debatendo o máximo possível.

– Não. — Me deu um beijo, me levando para o banheiro.

Tomamos banho normalmente e me lamentei pelo dia estar acabando e eu precisar ir embora, como sempre faço nas nossas despedidas.

– Estava pensando... Meus pais vêm para a minha casa semana que vem. — Erwin começou, estávamos abraçados, mas com os olhos afastados. — O que você acha de conhecê-los?

– Eu adoraria! — Sorri.

– Que bom mas... Não sabia que você gostava tanto da minha bunda. — Disse porque estive com as minhas mãos ali por mais tempo que o normal, o apalpando.

– Agora sabe. — Dei-lhe um tapa naquela região, voltando a mexer com vontade.

– Amo- — Disse meio fraco mas foi cortado por um outro tapa, após isso me afastei.

– Não vamos fazer isso com a porta aberta, não? — Juntei mais os nossos corpos no abraço. — Até amanhã, Erwin. — O abaixei para sussurrar em seu ouvido.

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Voltei para casa pensando naquilo.

Primeiro: Eu iria conhecer os pais dele!! Ele realmente deseja me assumir??

E segundo: Ele não se sentiu mal ao me ver mexer lá atrás, será que me deixaria ficar por cima?

Bem, mais tarde penso nisso. O importante agora é conhecer os meus sogros.

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Erwin vai vir me buscar, os pais dele já chegaram e não posso dizer que não estou nervoso.

– Bom dia, amor. — Me abraçou por trás, depositando um beijo no meu pescoço.

– Bom dia! — Me virei para o olhar e ele se surpreendeu com a visão.

Eu estava vestindo numa blusa de gola alta preta de manga longa, uma calça bege de cintura média, um tênis preto, um colar de prata que sempre estou usando, um relógio da mesma cor que o colar e meu brinco também combinava com eles.

Parou para admirar, me olhando de cima abaixo e sorrindo.

– Você parece estar cada dia mais lindo. — Disse com uma voz grave que refletia sua expressão derretida em amor.

–  Podemos dizer o mesmo de você, está simplesmente maravilhoso hoje.

Erwin vestia uma camisa social preta de manga curta, uma calça jeans clara, tênis claro assim como a calça. Vestia também, o relógio que costuma usar para todas as ocasiões. Certa vez reparei nele e percebi que há gravado o próprio nome, me pergunto quem lhe deu.

Fomos de carro, sempre me acalmando pois eu estava a ponto de explodir.

E se eles não gostassem de mim? Fossem homofóbicos? Religiosos demais?

– Erwin... Seus pais, como vão reagir ao meu gênero? Tipo, para eles tudo bem? — Perguntei nervoso.

– Sim, minha mãe também é bissexual então não é algo novo para eles. — Senti meus ombros relaxarem. — E os seus?

– Também são viados. — Erwin riu um pouco. — Meu pai é casado com um homem e minha mãe é lésbica, não sei como funcionou a minha gravidez.

– O seu pai adotivo é gay e sua mãe lésbica?

– Meu tio é bi, no fim tenho uns três aqui e um perdido pelo mundo. — Ri um pouco. — Você só não pode conhecer o perdido pelo mundo, eu quero ser o primeiro.

– Eu posso rir disso?

– Não, babaca. — Empurrei seu ombro. O olhando mais atentamente dentro desse carro... Nova fantasia desbloqueada.

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– Olá, querido! — Linda, mãe de Erwin me abraçou. — Como você é lindo! Do jeito que Erwin falou.

Me senti realmente analisado pelos dois, dos pés a cabeça.

Conrad, seu pai, é realmente educado, lembra bastante Erwin, apesar de, em aparência, ser mais puxado para a mãe.

– Gente, vamos almoçar? — Erwin chamou.


Estávamos comendo quando ele chamou a atenção de todos.

– Bom, acho que vocês já sabem que tenho algo para contar... — Segurou minha mão.

– Imagino. — Seu pai respondeu, parando de comer o arroz soltinho para prestar atenção, a mãe só assentiu.

– Eu e Levi estamos namorando. — Disse de uma vez.

– Own, filho! Fico tão feliz que você finalmente desencalhou! — Sua mãe parecia emocionada.

– Mãe! — Ri um pouco da chacota da mais velha.

– Mas então Levi... O que faz da vida? — O interrogatório veio primeiro por parte do pai.

– Bem, eu trabalhava a pouco numa creche porém decidi me dedicar apenas a minha loja. — Respondi.

– Oh, que bom! É de que?

– Vendo chás e artigos ligados a isso em geral, como uma cafeteira que não vende café pronto. — Expliquei.

– Que maravilha! — A mulher disse. — Em casa temos o costume de tomar chá, os que você vende são de caixinha ou frescos?

– Vendo os dois, tanto por peso quanto de mercado.

– Entendi. E o que faz nas horas vagas? Fuma? Bebe? — Continuou, parecendo atenta a cada mínima expressão.

– Nenhum dos dois, na verdade.

– Ah, tem algum hobby?

– Eu gosto de dormir, serve? — Rimos. — Bem, eu leio de vez em quando mas sou do tipo de pessoa que caça sujeira em casa sempre que está sem o que fazer. — Ela concordou com a cabeça.

E assim fui interrogado sobre tudo por um bom tempo.


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Foi de propósito o "vamos almoçar" não aguentei KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Isso é sentir? - EruriOnde histórias criam vida. Descubra agora