Capítulo XVII

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Na primeira semana, morar com Erwin era um sonho... Sempre acordar ao lado dele, vendo aqueles olhos azuis sorrirem para mim. Os beijos constantes, a sensação de que sempre que eu voltasse depois do trabalho eu estaria voltando para ele... O acontecimento da semana anterior não era nada comparado aquilo.

Eu só não sabia o quão corrida era sua vida, na verdade.

– Então mande Josi cuidar disso, qual a dificuldade?! É só um anúncio! — Sete da manhã de um sábado e ele estava resolvendo coisas da empresa. — Sim, eu sei que é muito importante, mas é só um anúncio na hora de fazer. Tá, escuta, vamos fazer assim...

– Terminou? — Perguntei depois de um tempo.

Só não briguei porque, segundo ele, aos sábados ele se fazia disponível para o pessoal da empresa das 06:00 às 10:00. Ele achava melhor assim do que mais tarde.

– Ah, sim, amor, me desculpe por te acordar. Bom dia. — Me deu um beijo.

– Hm, vamos comer... — Me segurou pela segurou pela cintura quando tentei ir para a cozinha.

– Hoje vamos comer fora. — Falou. — Faz tempo que não fazemos algo assim.

– Está bem... — Falei desconfiado ficando rápido cheio de ódio. — Cadê a sua aliança?

– Boa pergunta... — Respondeu cerrando os olhos como se procurasse na sala imensa.

– Como assim "boa pergunta" seu Idiota?! — Tentei me soltar mas ele me segurava forte.

– Ah amor... — Começou a rir. — É brincadeira, pô. Estava temperando a carne do almoço e tirei. — Pegou o pequeno objeto do bolso da moletom. — Pronto, pronto.

– Hm... — Mexi o nariz de um lado para o outro.

– E esse narizinho? Fofo. — Tocou a ponta do mesmo.

"Fofo", eu gosto quando ele me chama assim...

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– Boa tarde, Levi! — A terapeuta de cabelos escuros falou.

– Boa tarde! — Me sentei no divã.

– Como vão as coisas?

– Nossa... Nem pergunte! Eu descobri que Erwin tem uma ex maluca e ela tentou me matar! — Pela primeira vez em um bom tempo a vi fazendo alguma expressão.

– Poderia explicar melhor?

– Claro. Primeiro ela apareceu na minha loja, disse que era pra me afastar de Erwin e que ele era dela, mas nem liguei. Daí passou uma semana e ela apareceu na minha casa no meio da noite armada! Quando sai na sacada para ver quem era ela atirou mas errou e...

Contei tudo o que havia acontecido aquela noite.

– Mas pelo menos, agora vim morar com ele. — Falei depois de algum tempo. — E tem sido muito bom, ele é super atarefado por causa da empresa, mas sempre que tem tempo ele passa comigo. Também tenho dito para que ele pare de trabalhar tanto, sabe? As vezes fica até de madrugada olhando uma coisa aqui e outra ali. Ele me disse que não é sempre assim mas vai montar outra filial, por isso tem que trabalhar duas vezes mais mas que normalmente é tranquilo.

– Sim, e isso te incomoda muito?

– Não, por incrível que pareça, me incomodava antes mas quando ele disse que vai passar no próximo mês eu me tranquilizei. —  Me lembrei de algo. — Ah, e acho que Hanji não vai mais ser solteiro, fico pensando se esse é um cara legal...

Ao final da terapia uma coisa diferente aconteceu, não havia tarefas.

Eu estava na reta final, agora seria apenas um acompanhamento normal, recomendado para qualquer um com ou sem ansiedade.

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– Sério?? Que orgulho de você! — Erwin sorriu grande e me beijou intensamente abrindo a porta do carro.

– Sim! Eu estou tão feliz... — Descansei em seu peito.

– Vamos comemorar isso! — Falou. — Vou fazer um jantar especial hoje, qual seu prato favorito?

– Hm... Tenho paladar de pobre, não espere algo diferente de mim. — Riu um pouco. — Bem, eu gosto de lasanha e de sushi. — Ri da careta que ele fez. — Mas eu prefiro lasanha.

– Hm, vou fingir que acredito só para não comer peixe. — Falou.

– Mas sério, você não gosta de nada da culinária oriental?? — Perguntei.

– Não, não gosto nem dos pratos que não levam frutos do mar. Muito sal, muito tempero e quando não tem parece não ter gosto de nada.

– Falou o fã de comida árabe.

– Olha, é bom, ok?! — Deu partida.

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Antes de ir para casa, passamos num mercado para comprar os ingredientes que ele precisaria.

Chegamos, tomamos banho e depois ele foi cozinhar.

– Lasanha demora assim para ficar pronto? — Perguntei pois iríamos comer isso no jantar e ainda era cinco da tarde.

– Não, mas não tem molho de tomate pronto e ele tem que esfriar sozinho além de demorar bastante para cozinhar.

– Entendi... — Estava observando cada momento daquele avental preto.

– O que foi? — Parou o que fazia e me olhou.

– Nada, tô só olhando... — É, realmente.

– E eu estou te expulsando, sai de mi cozinha! — Imitou um chefe conhecido no final.

– Por quê?? — Perguntei sendo empurrado.

– Você fica encarando as pessoas...

No final fui deixado no quarto com um "descansa um pouco enquanto isso".

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Acabei adormecendo e quando acordei fui direto para o banheiro da suíte, escovando os dentes e lavando o rosto com uma água gelada.

Olhei no relógio e eram 20:00, uma hora antes do horário que nós comemos normalmente.

Erwin entrou no quarto me mandando se arrumar, disse que era especial apesar de ser em casa.

"Em casa", corei um pouco ao pensar nisso no chuveiro...

Senti uma repentina vontade de me fazer bonito para ele, então escolhi uma roupa confortável mas não tão simples.

Uma blusa preta de gola alta, com listras verticais formadas apenas pela textura; uma calça de mesma cor e legging, mas uma legging mais... Grossa. Um brinco prateado pouco maior que o costumeiro e um colar fino de mesma cor.

Passei um perfume amadeirado — o de sempre — por cima da roupa, mas não hidratante na pele, pois este tinha um gosto ruim.

Erwin também merece algo de especial para comer hoje, não?

Quando sai para a sala já eram 20:40, e então vi algo que me fez sorrir grande.

A sala de jantar estava numa iluminação diferente.

O abajur de chão era a única iluminação elétrica ligada.

Ele acendeu uma vela em meio a mesa muito bem organizada.

As louças todas combinando, o copo de água, a taça aguardando pelo vinho além dos talheres perfeitamente alinhados.

A comida também estava organizada, tudo empratado em travessas bonitas.

Mas a melhor visão com certeza foi a de Erwin.

Eu sempre pensei nele naquela camisa social preta e ele está tão gostoso quanto em meus pensamentos.

Ele estava vestido nela, uma gravata de mesma cor, uma calça jeans de mesma cor e de acessório um relógio prata.

– Nossa... Eu não sei nem o que dizer... — Falei observei tudo aquilo então me aproximei e o beijei profundamente. — Você é simplesmente o melhor namorado.

Isso é sentir? - EruriOnde histórias criam vida. Descubra agora