Com amor, para sempre - Spin-off da Série MBCD

03

Que a Força esteja com você.
 Star Wars

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— Corta! — O diretor grita e vejo as luzes da cena se apagarem.

Me afasto das câmeras que me cercam e vou rapidamente pegar minha garrafa de água. Logo a maquiadora se aproxima, colocando mais um pouco de base em meu rosto.

É a décima vez que gravo essa cena. Estou ficando irritado.

— Jaaziel. — O produtor do filme vem até mim, colocando a mão em meu ombro.

Prendo a respiração, torcendo pra ele não dizer que precisamos gravar de novo.

— Algum problema? — Pergunto, tampando a garrafa e entregando para o meu assistente.

— Temos três cenas pra gravar ainda hoje, descanse rápido e vamos começar. — Ele é direto.

Aceno em confirmação e pego o roteiro para ler enquanto caminho até o camarim, para trocar o figurino.

— Celare! Celare! — Alguém começa a me gritar, vindo correndo.

Vejo um dos figurantes com quem fiz amizade durante esses dias de gravação.

Ele corre até mim com uma caixa em mãos e um sorriso no rosto. Paro de andar apressado e espero para descobrir o que aconteceu.

— Mandaram entregar essa caixa para você. Veio um bilhete junto. O segurança conferiu e disse que pode abrir. — Noah informa, sem fôlego pela corrida que fez.

Ninguém manda encomendas ou presentes pra mim. Isso me deixa curioso.

Pego a pequena caixa da mão do meu novo amigo e vejo um bilhete assinado com uma única caligrafia curvada, escrita com tinta de caneta vermelha.

Vou criar uma receita ainda melhor do que aquela. Se prepare. — S.W.

Um sorriso imenso surge em meu rosto sem que eu consiga evitar. Quando abro a caixa, vejo uma porção de cinco brownies queimados ainda saindo fumaça.

— Por Deus, isso é uma ameaça, senhor Celare?! — Noah pergunta, colocando a mão na boca e sua expressão assustada.

Tenho certeza que ele começa a me acha doido quando solto uma gargalhada. Meus olhos se enchendo de lágrimas com a ameaça da minha ruivinha favorita. 

Ela reagiu como eu tanto esperava. Não demorou quase nada.

Limpo o rosto, provavelmente manchando a maquiagem. Respiro fundo várias vezes, tentando explicar para meu amigo que não estou em perigo.

Ou talvez esteja. 

— Está tudo bem, Noah. É apenas uma brincadeira que minha amiga fez. Não se preocupe. — Digo, ainda sem ar depois de tanto rir. Dou um tapinha no ombro dele, me despedindo. 

Levo os brownies para meu camarim, aonde minha maquiadora e o figurinista esperam por mim agitados pelos meus trinta segundos de atraso.

Deixo na mesa por perto quando troco todo o figurino e me sento para refazer a maquiagem. Um filme de fantasia com ação exige algo bem marcante, pois sou o protagonista.

Pego meu celular e vejo uma mensagem de Evelyn, irmã da Zoe. Ela mandou uma foto da sua viagem para Espanha há dois dias atrás, também gravando o seu novo filme.

Tiro uma foto minha pelo espelho do camarim, praticamente explicando o motivo do meu sumiço durante esses dias. Começo de gravações é uma bagunça e ela sabe disso.

Guardo o celular e aquela caixa entra no meu campo de visão. Começo a rir sem muito esforço. 

A maquiadora começa a ficar irritada comigo, mas é impossível não imaginar Shawn queimando de propósito esses brownies só para me enviar.

Afinal, como ela descobriu o endereço do meu estúdio de gravação?

Acho que um dos meus amigos deve ter contado. E como ela me bloqueou no aplicativo de mensagem, teremos que ficar mantendo contato dessa forma estranha.

Confesso que gosto bastante disso. É divertido, me faz rir e preciso me esforçar pra conseguir sua atenção, coisa que raramente acontece comigo durante minha rotina.

O relógio informa duas da manhã quando entro no carro de volta para minha casa. 

Meu motorista chega no exato momento em que as gravações encerram, e pelo meu cansaço, dou apenas um aceno de despedida para os outros atores do cenário.

Deito minha cabeça no encosto do banco e fecho os olhos por alguns segundos, ainda segurando a caixa que Shawn me enviou.

Ela pode não ter noção disso, mas tornou meu dia muito melhor.

Demora bastante até chegar na garagem da minha confortável mansão. Sei todo o caminho de olhos fechados. As paradas, as esquinas, os sinais vermelhos e as faixas de pedestres.

Saio do carro com a caixa e vou direto para cozinha, colocando os brownies no meu balcão. 

Pego meu celular e tiro uma foto da caixa fechada, postando no meu Instagram. É a única forma de ver que eu recebi. Ainda coloco uma música da Taylor Swift, a cantora favorita dela.

Abro minha agenda e vejo que amanhã tenho que ir até a cafeteria durante a tarde para conferir algumas receitas novas que enviei para confeiteira-chefe.

Confesso que iria preferir muito mais que Shawn fosse minha confeiteira-chefe, mas essa ruiva é resistente com sua loja. Não posso julgá-la de investir em seu sonho.

Jogo os brownies queimados no lixo, mesmo que esteja bastante interessado para saber como deve ser a receita sem se parecer pedaços de carvão.

Guardo a caixa em meu armário, querendo manter essa lembrança.

Vou tomar um banho e dormir. Quatro da manhã preciso estar acordado, mesmo que minha mente insista em querer de alguma forma falar com a ruivinha.

Sento na cama e mando uma mensagem no grupo aonde todos estão. Os meninos já descobriram quem enviou a caixa, é claro. Ignoro o que dizem e escrevo:

Ansioso para sua próxima receita, Shawn.

Meu coração estranhamente bate acelerado quando percebo que ela visualizou mais rápido do que eu imaginava. 

— Responda, docinho. Me escreva algo. — Peço baixinho, sem tirar os olhos do aparelho.

Três bolinhas flutuam na tela, no meio da conversa agitada dos meninos. Percebo que estou prendendo o fôlego.

Vai dormir, babaca.

Dou um sorriso aliviado, lendo aquela mensagem dez vezes antes de desligar o celular.

Que droga essa mulher fez comigo?

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