Penelope Anne Featherigton
Lá estava eu novamente.
Um vestido elegante, cabelo longo avermelhado em ondas e o sapato perfeito. O que poderia dizer?
Minha família gostava de festas.
Eu tinha retornado de uma viagem para Paris há exatamente quatro horas e, durante todo o voo de volta para a Itália, formei uma linda imagem de que chegaria em casa e simplesmente dormiria por horas.
Doce ilusão.
Mal passei pela porta quando uma de minhas irmãs mais velhas, Prudente, jogou-se em mim, gritando a respeito de um baile. Sendo como eu era, segui-a para seu quarto e esperei que me arrumasse como sua bonequinha, como sempre fazia.
Minha segunda irmã, Phillipa, gêmea de Prudence, esperava-nos na sala e, como sempre, não compartilhava do nosso entusiasmo.
Agora mesmo, olhando em volta do salão e vendo algumas pessoas que eu conhecia por toda minha vida, ou das quais, pelo menos, já tinha ouvido falar, não entendia o tédio da minha irmã.
Crescer na máfia não era um mar de rosas, mas foi o que o destino nos reservou, então, eu era grata e sorria por isso.Na maioria das vezes era até legal enxergar nosso modo de vida nos filmes e documentários. As pessoas glamorizavam nossa cultura sem nem saber o que realmente existia por trás das belas tomadas de Hollywood.
Na primeira vez em que assisti a um filme sobre a máfia italiana, perguntei-me quem poderia ter passado aquelas informações para os roteiristas e produtores. Na internet, todos ficavam em êxtase, animados e desejando fazer parte da nossa sociedade. Foi quando perecebi que alguns enfeites e a maquiagem que a indústria passou mostraram uma ficção absurdamente diferente da nossa realidade, principalmente o que concertnia a tudo ao que nós, mulheres, tínhamos que nos submeter.
Era uma cultura muito diferente, e, nela, cada um tinha seu papel definido; ou você lutava para fazer dar certo, ou sua vida seria um inferno total. O direito do “sim” e “não” nos era tirado assim que o médico dizia aos nossos pais se seríamos meninos ou meninas.
Não existia glamour nos meus dias. Existiam regras, punições, leis que não podiam ser quebradas e instruções de como ser uma dama perfeita.
Com toda a certeza, “O Poderoso Chefão” não nos representava. Nem “Os Bons Companheiros”.— Pen? Você está dormindo aí? — Olhei para frente, para os belos olhos verdes de Prudence , percebendo que estava divagando até ela me sacudir.
— Desculpe, eu me distraí. — Sorri.
— Já estão anunciando o ponto alto da noite. — Ela sorriu, batendo palmas levemente, fazendo Kate bufar ao seu lado.
— Sim, vamos lá, estamos ansiosas para sermos vendidas como vacas. — Revirou olhos verdes, idênticos aos da irmã.
— Bois — retrucou Kate, fazendo Philipa franzir a testa.
— O quê?
— Você quis dizer, vendidas como bois.
— Não, eu quis dizer exatamente o que eu disse.
— O ditado está errado, você não pode mudar só porque somos mulheres.
— Kate, quem se importa? É só um ditado — Sophie sussurrou, claramente perdendo a paciência.
Um sorriso brincava em meus lábios, enquanto observava minhas duas belas irmãs fazendo o que elas mais adoravam fazer: discutir.
Fosse por muito ou por pouca coisa, às vezes sequer precisavam de um motivo. As duas se pareciam tanto fisicamente, principalmente os olhos verdes e os cabelos escuros, mas tinham personalidades completamente diferentes uma da outra.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vendida ao Traficante (Polin)
FanfictionSempre apontada como uma perfeita menina da máfia italiana, Penelope Featherigton era adepta aos costumes, tanto que foi criada para ser uma boa filha, e consequentemente, a esposa perfeita. Ela ainda insiste sonhar com um conto de fadas, mesmo que...