perfetto

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A conversa de duas noites atrás tinha sido esclarecedora. Eu não ia mais tocar no assunto do nosso passado porque tudo estava tão perfeito... e eu não faria nada para estragar.

Nós dormíamos juntos, depois de nos perdermos um no outro, e acordávamos ainda abraçados. Colin tinha oficialmente me liberado das madrugadas em claro, pedindo-me para deixá-lo cuidar dos gêmeos toda vez que eles acordassem. Por mim tudo bem, afinal, eu ficava com eles o dia inteiro, não me importava de eles terem seus momentos.

Eu achava linda a forma como ele se dedicava aos gêmeos.

Ele dava a mamadeira, trocava a fralda, tinha o dom de fazê-los parar de chorar como ninguém e nunca reclamava. Só não dava banho, porque dizia não se sentir preparado para segurar nossos filhos na água. Era algo que eu não entendia, mas ele já fazia tanto que nem mesmo pressionei. E o fato de ficar atrás de mim, observando-nos, já era o suficiente. Tinha certeza de que ele faria isso quando estivesse pronto e confiante.

Numa das noites EM que Agatha acordou, segui Colin para fora, até o jardim onde ele se sentava. Eu os vi lá; a pequena mão da bebê segurava a do pai, e, às vezes, via seus lábios se moverem, então, Agatha dormia aconchegada a Colin.

Naquele dia, com lágrimas nos olhos, voltei ao quarto, dando a privacidade que eles precisavam.

Desde que Colin me contou das torturas de David, eu soube que toda aquela máscara de maldade era apenas isso... uma máscara. Uma fachada para esconder o coração gigante que ele possuía.

Nossas famílias ainda eram um caso delicado. Nenhum deles havia testemunhado o novo Colin. Quando eles apareceram de surpresa para o jantar, e Colin foi de marido e pai atencioso para chefe medonho, eu entendi que aquela parte dele seria reservada apenas para Os gêmeos e para mim. Não me importava com isso. Enquanto tivesse a certeza de sentimentos verdadeiros, estaria feliz.

E também tinha todo o risco de David ver sua mudança, aquilo eu não queria.

— Você não parece bem — eu disse a Kate no telefone.

— Pois eu estou. Só com saudade dos gêmeos.

— Apenas pela sua voz eu sabia que era uma mentira.

Kate andava tão estranha ultimamente, e eu não podia fazer nada por ela.

— Eles também sentem a sua.

— Eles me amam. É impossível não sentirem a minha falta.

— Tão convencida. Espero que agatha não herde isso de você. — Ela riu.

— Vou fazer de tudo para que herde. — No mesmo momento, a campainha tocou.

— Olha só, tem alguém na porta. Vou desligar e ver como os gêmeos estão

— Tudo bem. Ouça, por que não almoçamos juntas no domingo? Nós três podemos preparar o almoço como antigamente.

— Vou falar com Colin, mas é uma ótima ideia. Domingo depois da missa está bom?

— Perffeto.

— Vou organizar isso. Fique bem, sim?

— Eu nunca estive melhor. Beijos, eu amo você.

Ela desligou antes que eu pudesse responder. A campainha tocou mais uma vez, e levantei-me para abrir.

Não fiquei surpresa quando vi Frederick, o fotógrafo, parado com um sorriso incerto nos lábios.

— O senhor DeRossi não participará, certo?

— Vamos começando. Logo ele chegará e vou ver isso.

Vendida ao Traficante (Polin)Onde histórias criam vida. Descubra agora