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Não costumo pensar demais sobre as coisas que faço. Acho que já deu para perceber isso.

Não é que eu realmente goste de ser otário, eu só sou impulsivo pra caralho. Devo ter puxado isso de minha mãe pois meu pai era... Bem, não comentamos sobre isso.

Mas, de qualquer forma, essa idiotice que eu chamo afetuosamente de sem noçãozice me trouxe a uma corrida. Ilegal. Com carros nela. E Sukuna dirigindo o maior deles.

É bem engraçado de se pensar, sendo sincero. Me sinto em um episódio perdido de Sk8 mas é uma sensação boa gritar palavrões enquanto Sukuna acelera um carro que, provavelmente, não é dele. Ou ao menos eu nunca o vi na garagem, o que fala bastante sobre sua origem.

De onde estou consigo ver a silhueta de Mahito sentado em uma cadeira alta, fumando algo que não tenho ideia do que seja e encarando a pista mal feita como se fosse seu rei. E talvez pudesse ser considerado já que foi ele quem a fez.

Tem pouca gente aqui. A pista é meio privada já que não comentamos sobre como a descobrimos e como ela foi feita. Sinceramente não sei exatamente como foi, mas sei que dedo do Mahito teve. Não me aprofundo em detalhes, tenho medo de saber demais.

De longe, enxergo pouco do que acontece nas sinuosas curvas. Apenas sei parcialmente o placar e nem me preocupo muito com isso, prestando mais atenção no copo preso em minhas mãos e nas pessoas por perto.

Mulheres usam roupas coladas enquanto servem bebidas de um jeito que faz parecer que o local é chique. Chique de chiqueiro, isso sim.

Meu frio na barriga aumenta ao olhar a longa pista e captar no telão a posição dos carros. Quase parece a corrida doce de Detona Ralph, coisa que não duvido que Mahito tenha se inspirado.

Um dos carros passa em alta velocidade por nós, completando a primeira volta, e sou obrigado a fechar os olhos com a poeira subindo.

Nosso espaço é só um pouco mais elevado que o nível da pista, então é bem fácil de se atingir com tudo que vem de baixo. Especialmente quando é areia e sujeira flutuando na nossa cara.

Dou uns passos para trás coçando os olhos e esbarro em alguém.

– Opa! Foi mal! – exclamo e sinto uma mão nas minhas costas enquanto tento abrir os olhos que doem.

– Relaxa, gatinho. Você é desacostumado, né? – ele diz e consigo me recompor o suficiente para o olhar.

Ele é alto, seu cabelo é bem escuro e ele tem um bigode fino, que reflete no seu olhar de malandro enquanto ele sorri de ladinho para mim.

Que estranho. Sua mão continua em minhas costas, me alisando. Meu copo se esvaziou com a trombada e há um pouco do líquido em minha blusa, então me desconforto com a proximidade de nossos corpos.

– Hm... Sou. Quem é você?

– Me chamam de Hakari, e você, rosinha?

– Yuuji.

Ele me olha com seus olhos ardendo ao encarar minha roupa - ou melhor, meu corpo - e tenta se aproximar para sussurrar algo em meu ouvido.

Nessa mesma hora outra mão me puxa por trás e sou obrigado a tropeçar e quase cair, se não fossem dois braços fortes e tatuados me segurando.

Olho para a pessoa que me agarra e identifico um cabelo longo e preto, preso pela metade em um coque no alto da cabeça.

– Ei, Hakari, cai fora. Esse não.

– Ahh... – ele estende, os lábios brilhando com a lambida que ele os dá – Eu nem comecei a brincadeira ainda...

– E já pode terminar, o show acabou – diz Suguru, seus olhos queimando de raiva.

Uncover • ItafushiOnde histórias criam vida. Descubra agora