Uncover • Itafushi

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– Ele tem um ponto, sabe? – Nobara diz no dia seguinte quando vou à sua casa e a ajudo a pintar as unhas do pé.

Quase consigo não borrar quando ela solta essa bomba.

Fiquei a noite inteira pensando sobre como ele se afastou depois de me falar aquilo. Não tive resposta no momento mas me revoltou um pouquinho.

Não valho a pena? Que porra de desculpa é essa? Eu valho a pena pra caralho! Ele é um idiota.

Mas agora vem a minha melhor amiga me dizer que ele estava certo.

– Porra Nobara – digo e paro de pintar sua unha – Ajudou pra caralho hein.

– Não, bebê, me escuta, – ela diz e limpa as bordas de suas unhas da mão – imagina passar ensaios e mais ensaios sozinho com ele. Com sua personalidade provocadora. Com a pouca paciência dele. Com suas brigas rotineiras e com vocês não se entendendo nem por um segundo. Porra, isso não vale a pena Yuuji! Você precisa entender que você não é fácil de lidar! E esse showzinho de talentos nem é tão importante ao ponto de alguém querer ganhar. Quer dizer, tem o prêmio mas...

– Peraí, tem um prêmio? – a corto.

– Sim, você não sabia? – ela diz e levanta os olhos de sua tarefa – Está pela escola toda. A dupla ganhadora leva mil reais cada e vai poder ter uma audição para um daqueles caça talentos. Se você tocasse tenho certeza que alguma gravadora famosa ia querer te assinar.

Levanto as sobrancelhas.

– Então valeria a pena sim! Ele é só um babaca com ego alto.

Bufo e reviro os olhos, pintando agressivamente suas unhas.

– Ei, cuidado ai para não borrar! Enfim, eu não acho. Mas é algo para pensar. De qualquer jeito, já era. Vamos falar de algo feliz, se lembra da gatinha da pizzaria? Ela estava na cidade de novo e me chamou para sair e...

Ela começa a comentar mil e uma coisa sobre o querido "encontro dos sonhos" dela e como ela pretendia ignorar o primeiro date falho e tentar curtir mais o novo.

Prometo que parcialmente ouvi, mas é meio chato tentar prestar atenção em tudo que Nobara fala quando já ouvi toda essa história umas quinze vezes.

Dou alguns comentários a ela de vez em quando e desejo boa sorte.

Já tentei conversar sobre ela sobre sua compulsão em achar uma namorada, mas a menina gosta disso. E a conheço bem o suficiente para saber que mesmo sem procurar as pessoas ainda caem aos seus pés e, se ela gosta da atenção, não vejo mal em paquerar uma gatinha de vez em quando. Especialmente se ela souber escolher quem aceitar e quem negar.

Enfim, ela acaba todo seu monólogo com um bocejo e assopra suas unhas para secá-las mais rápido.

– Chamei Junpei para ver um filme aqui hoje – ela comenta.

Meus olhos focam nela e levanto as sobrancelhas.

– E não me contou? Saco, Nobara, você nunca se lembra de me avisar essas coisas!

– Para quê? Vocês se veem toda hora, né?

– Não exatamente... De qualquer maneira, vai ser bom ver uns filmes de terror pra variar. Com você é sempre crepúsculo.

– Ei! Não me julgue por amar a Bella Swan!

Limpo as bordas de suas unhas agressivamente e ouço um "ai!" seguido de um puxão. Bufo.

– Tudo bem, tudo bem... Vamos ver algo legal, ok?

– Ok...